
Alucard, vencedor do Grande Prêmio Paraná (G1-2400mA) em dezembro último, foi um dos primeiros a se despedir do filho de Ski Champ e Voice of Love (Minstrel Glory). “Ele era um grande cavalo. Experiente, brigador, mas amigo dos amigos. Não lembro de nada ofensivo em relação a ele. Quando cheguei na frente dele, por pequena diferença, no Clássico Inverno – Taça Carlos e Manoel Mendes Campos (L.-1900mA), lembro que Feito Craque falou para mim. ‘Agora é contigo rapaz. Parabéns pela conquista, você mereceu e merece muito mais’. Ele tinha acabado de perder e mostrou o que é competir. Deixará saudades, sem dúvidas”, declarou o alazão.
Cerutti, aos 8 anos, também foi ao velório de Feito Craque. “Como o tempo passa rápido. Mas foi uma grande lástima essa partida do castanho. Realmente era um gentleman na raia. Fora dela, muito brincalhão. Tinha nome e pose de craque. Nos deixar com 7 anos é uma grande pena”, disse o cavalo, que venceu Feito Craque em janeiro de 2007, no GP Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (G3-2000mA).
Ovo Frito relembra com carinho as vezes que esteve com o pensionista de Reizinho. “Feito Craque era um piadista. Tinha um nome de campeão e me gozava muito, por conta de meu nome. Tinha dias de corrida que ele chegava perto de mim, logo após o cânter, e soltava. ‘E ai, tem como fazer ovo mexido ou só sai frito’, e saia relinchando, brincalhão como era. Porém, quando era ele quem brincava, não me chateava, pois tinha um jeito especial de brincar. Vai com Deus amigo.”
O vencedor do GP Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (G3-2000mA) deste ano, Amor Surpresa, também lastimou a morte de Feito Craque. “A minha maior vontade de participar da prova era para poder competir com Feito Craque, pois todos me diziam que era o cavalo mais gente boa do Rio de Janeiro. Nunca nos conhecemos pessoalmente, pois resido na Gávea e ele ficava no CT Vale do Marmelo, mas só escutava coisas legais sobre ele. Uma pena essa morte prematura e o pior, o fato dele nem ter podido correr a carreira. Como sei que a prova era um sonho dele, dedico a ele minha conquista”, disse emocionado o 4 anos.
Hello Greed, égua que morava na mesma cocheira de Feito Craque, era a mais triste do recinto. Chorava muito e não saiu um minuto do lado do caixão. Na hora do enterro, foi necessário segurarem ela, caso contrário a também defensora do Haras LLC teria entrado com o cavalo.
Mais calma, ela conversou comigo. “Ele não podia ter me deixado. Nosso plano era irmos para o haras, no Paraná, e termos filhos. Era um mulherengo, sei disso, mas me amava. Quando o vi sendo retirado da cocheira para a primeira cirurgia, ele olhou pra mim e disse ‘Calma minha vermelhinha, logo estarei de volta’, mas eu sabia que estava sofrendo muito. Não corri nem metade do que sabia durante o clássico de domingo. Fechei a raia porque não tinha forças para correr. Queria estar ao lado dele. Quando voltei para o Vale do Marmelo, reencontrei Feito Craque. Conversamos pouco, pois ele ainda sentia dores, eu sabia que era uma despedida, mas não queria aceitar. O sonho dele era viajar logo para o haras, mas sempre teve diversos problemas físicos. Até viajando para a Gávea, ele chegava e logo colocavam gelo em seus boletos. Mas era um cavalo lindo, amigo dos amigos e muito bem cuidado pelos proprietários, treinador e equipe. Nunca irei amar ninguém como a ele”, declarou Hello Greed.
Feito Craque nasceu em 11 de setembro de 2001, tinha 7 anos e oito vitórias na campanha, em 16 apresentações. Era filho de Ski Champ e Voice of Love (Minstrel Glory), de criação e propriedade do Haras LLC. Não deixou filhos, porém uma legião de fãs, amigos e um grande amor.
PARABÉNS
Apesar da nota triste de falecimento de Feito Craque, não posso encerrar a coluna dessa semana sem antes parabenizar a grande participação brasileira na abertura do Carnival e também ao Bain Douche, pela cobertura exclusiva.
Parabéns Happy Boy e Happy Runner, vocês comprovaram que o sangue brasileiro tem muita fibra e categoria.
ATRASO
Gostaria de informar aos leitores que o atraso da coluna desta semana (que geralmente entra nas primeiras horas de quinta-feira), foi ocasionada devido à investigação do caso “Cavalo Preso na Gávea”. Fomos ao local e realmente é verdade, tem cavalos lá dentro e apenas uma pessoa vai pela manhã colocar comida, depois não aparece mais durante o dia. Ainda não consegui entrar para fazer fotos, mas não irei desistir de conversar com o prisioneiro e saber das reais condições do mesmo.