A CERCA MÓVEL estava fora de uso há algum tempo e estava disposta a retornar com alguma notícia fantástica sobre o turfe brasileiro. Inclusive, estive tentando entrar em contato com a invicta Old Tune para saber sobre o seu futuro nos Estados Unidos, mas ainda não obtive resposta. Acabou que recebi uma denúncia muito triste e não tive como não colocar a CERCA na rede.
Indignada e pedindo para não ter seu nome divulgado, com receio de represália, uma égua de 5 anos que reside na Vila Lagoa vivenciou uma situação muito triste na tarde de segunda-feira (25) e resolveu desabafar de forma que tal acontecimento se torne público. Eis o relato.
"Obrigada por me escutar! Precisava muito desabafar sobre uma situação triste em que infelizmente vivi no final da tarde de hoje (segunda-feira). Como todos que vivenciam a vida turfística nas Vilas Hípicas do Jockey Club Brasileiro sabem, nós, cavalos e éguas, potros e potrancas, caminhamos à tarde normalmente das 15h às 17h, mas na época do verão, por conta do forte calor carioca e também do horário de verão, o horário muda para das 16h às 18h.
O horário de verão acabou, mas como o clima aqui no Rio de Janeiro continuava muito quente, acertadamente mantiveram o horário das 16h às 18h, só devendo ser modificado a partir do dia 1 de abril. Enfim, estava fazendo a minha caminhada normalmente, no horário da tarde, com o meu cavalariço.
De repente, escuto uma voz alterada vinda do portão da Vila Lagoa. Caminhei um pouco mais para ouvir melhor e fiquei espantada com a cena.
Um homem de meia idade, de cabelos brancos, com carro importado, 'arrotava' ao funcionário da segurança que era um diretor do Jockey e que precisava entrar. O guarda da segurança perguntava com calma se o tal senhor gostaria de estacionar o carro. Explicou que naquele horário não podia circular carro pelas Vilas, porque os cavalos estavam caminhando, e como resposta, ouviu 'eu sou diretor do Jockey e tenho de entrar'.
O guarda disse que ligaria para o seu superior para saber o que fazer, visto que o tal diretor do Jockey não dizia nem o seu nome, nem de qual setor era diretor. Enquanto o guarda ligava, o 'diretor do Jockey' falava: 'um absurdo, eu sendo diretor do Jockey tendo que esperar um funcionário me autorizar a entrar no clube no qual sou diretor'.
O coitado do segurança desligou o telefone, abriu o portão, tirou a cerca e permitiu a entrada do 'diretor do Jockey', que apesar de ter seu pedido atendido, sequer respeitou as regras do clube na qual é diretor, pois passou cantando pneu e eu tive de subir na calçada junto com o meu cavalariço para ambos não sermos atropelados.
É por causa de atitudes como deste diretor que passei a entender o quanto que as Vilas do clube incomodam, pois atrapalham tais diretores do Jockey de cortarem caminho, de fugirem do trânsito da Lagoa, de chegarem logo no Restaurante de outros diretores do Jockey, enfim, de não terem o desprazer de sentir o nosso cheiro e nem a nossa presença.
Quando ele passou por mim, cantando pneu, ainda tentei relinchar alguma coisa, mas se ele não me via, como teria sensibilidade para me ouvir?
Meu cavalariço ainda fez uma foto, mas como o celular dele não é um Iphone de 'diretor do Jockey' e sim um simples xingling, a qualidade não ficou boa. Mas de uma coisa eu tive certeza, pois quando comentei na cocheira o que tinha ocorrido, um cavalo mais velho, acima dos 7 anos, informou que o tal 'diretor do Jockey' já participou de diretorias anteriores. Foi ai que entendi o motivo pelo qual o nosso esporte não é mais dos Reis e sim dos diretores", encerrou a égua.
Eu, leitores, acredito que não precise dar nenhuma opinião, pois tal relato me deixou indignada!