quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Ptvalentine ganha outra e provoca Light of Loose


Olha eu aqui, atrasada, mais presente! Que joguinho pífio o do meu Flamengo na Bahia, fazer o quê? O importante é que em fevereiro eu estarei em Salvador para curtir o carnaval. Portanto, os cavalos terão uma trégua das minhas entrevistas (será?). Bem, mas vamos ao que interessa (hoje tô que tô).

Leitores, Ptvalentine me cedeu uma entrevista após a corrida de domingo que me deixou assustada. O cavalo do Stud Palura garantiu que Light of Loose não ganha mais dele.

“Karol, é um prazer estar no CERCA MÓVEL, estava na hora do meu nome ser lembrado (me provoca). Mas, o importante é ser o destaque dessa semana tão especial, quando a tua coluna completa 1 ano de sucesso. Saiba que sempre leio, desde que descobri”, começou o filho de P.T.Indy e Devil’s Sweetheart (Devil’s Bag), criado pelo Haras Ponta Porã.

Agradeci a lembrança e solicitei que o mesmo falasse sobre a conquista na Prova Especial Heitor de Lima e Silva (1200mA), realizada no 8º páreo da reunião do último domingo, no Hipódromo da Gávea.

“Foi mais uma corrida tranqüila, onde pude comprovar minha força nas provas de velocidade na areia carioca. Larguei e permiti que Ranger Girl corresse na minha frente, pois a danada tem um traseiro maravilhoso e eu sou um ‘gentleman’, tenho de deixar as fêmeas passarem na frente no começo. Mas quando saímos da variante e entramos na reta final, não podia brincar né.

Parei de me deliciar com a vista e tratei de entrar em corrida. Bruno Reis, que muito me conhece, apenas me deixou a vontade, não me contrariou hora alguma, e eu fugi para o disco sem ser importunado por ninguém. Por isso, quem achou que veria um tira-teima com Light of Loose, favor esqueçam, o cavalo do Stud Amigos da Barra não ganha mais de mim. Eu garanto!”,
falou com desdenha.

Quis saber o que lhe trazia tanta certeza, pois, querendo ou não, Light of Loose soma 20 conquistas na campanha e merece ser respeitado. Ele, inclusive, já conversou conosco aqui no CERCA MÓVEL há algum tempo.

Ptvalentine explicou. “A fase do Light of Loose já passou. Ele tem 7 anos, enquanto eu tenho 4. Estou no auge da minha forma e o tenho como exemplo. Pretendo também chegar às 20 conquistas da campanha e, para isso, não vou permitir que ele passe na minha frente novamente. Afinal de contas, estou com sete conquistas, portanto ainda tenho 13 a vencer”, encerrou, sem querer ser ofensivo com o filho de Dodge e La Heaven (Piece of Heaven).

Sem dúvidas, Ptvalentine terá que ser mantido a pão de ló na cocheira de Manoel Renato Lopes para cumprir o que aqui garantiu. Veremos!

Cara nova e método antigo

Hoje é dia de festa para mim, Karol Loureiro, jornalista-fotógrafa-editora que vos escreve e que sempre está disposta a escutar o que os nossos cavalos de corrida estão a divulgar. O motivo da alegria é simples, completamos no último dia 27 exatamente um ano de nossa coluna e mais de cinco mil acessos nesse período.

Por isso, a cara nova, mas o método antigo que inicia esta nova etapa.

Para mim, o fato de saber que temos ao menos 100 pessoas que se dispõem a ler e entender o que os nossos corredores falam e pensam é de extrema importância. Nos dá alegria e motivação para continuar com nosso projeto.

Obrigada!


quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Giruá arruma passaporte

Olá leitores, depois do pega que ocorreu na semana passada, ainda bem que a coluna desta ficou mais tranqüila, pois conversei com um CRAQUE (em letras garrafais sim) que esteve de passagem pelo Rio de Janeiro no último domingo. Lógico que só posso estar falando de Giruá, que pela terceira vez, só este ano, tem sido nosso convidado no CERCA MÓVEL por puro merecimento.

Adianto aos leitores que não é apenas Eládio Mavignier Benevides, proprietário do tordilho, que está decidido em leva-lo para fora do país. Giruá nem consegue dormir direito pensando no harém que poderá fazer nos Emirados Árabes, como conta na entrevista a seguir.

CERCA MÓVEL: O Grande Prêmio Salgado Filho (G2-1600mG) foi a sua última corrida no Brasil?

GIRUÁ: Sem sombra de dúvidas, sim! Se depender de mim, não corro mais no Brasil. Foi um prazer vir à Gávea e conhecer os turfistas cariocas de perto, pena que nem deu para curtir uma praia, pois só peguei chuva, mas valeu a corrida.

CM: Por quê essa vontade de ir para fora do país? Não gostas do Brasil?

G: Eu amo o Brasil. Nasci em Santa Catarina, no Sul do país. Comecei a atuar na região Nordeste, vencendo a Tríplice Coroa no Hipódromo do Pici, em Fortaleza. Depois vim para o Sudeste, no Hipódromo de Cidade Jardim, onde fiz a maior parte da minha campanha. E agora, vim ao Rio, conhecer a raia de areia carioca e estou feliz com isso. Sou um dos poucos cavalos que têm o privilégio de conhecer tantos lugares belos do Brasil.

CM: Então qual o motivo de querer ir para o exterior?

G: Muito simples. Basta pegar minha campanha. Por mais que eu tenha sido imbatível nas distâncias entre 1.400 e 1.600 metros; encarado potros mais novos, que levaram vantagem de peso; além de ter enfrentado cavalos de grande categoria, não tenho nenhuma conquista em Grupo 1. Na distância que prefiro e na raia de areia, não existe Grupo 1 no Brasil. Então sou obrigado a colecionar, em 14 saídas, 13 vitórias, oito clássicas, sendo a de maior importância as de Grupo 2. Não achas errado? (me indaga)

CM: Tenho de concordar com você. Se ao menos gostasses de provas de fundo, terias como participar do GP Paraná (G1-2400mA), no Tarumã, ou do GP Bento Gonçalves (G1-2400mA), no Cristal?

G: Iria gostar muito, pois conheceria mais dois lugares especiais desse nosso Brasil do turfe. Mas conheço a minha capacidade e sei que sou bom até a milha. Ainda tentei, graças ao meu treinador Mario Gosik, tentar chegar às provas de fundo. Participei em março deste ano do GP Piratininga (G2-2200mA). Cheguei na 5ª colocação, mas sem fôlego. Ou seja, não é mesmo a minha praia.

CM: Acreditas que o trânsito dos cavalos brasileiros será liberado para os Emirados Árabes e para a Europa em tempo?

G: Bem, tenho muita esperança que os dirigentes do turfe brasileiro consigam impor suas idéias junto ao Ministério da Agricultura e aprovem a nossa liberação. Nunca tive nem uma gripe, quanto mais uma doença tão séria como o mormo. Não posso pagar um preço de atrapalhar a minha campanha, por conta de barreiras sanitárias mal feitas. Olha que estive pelo Nordeste, local onde mais se encontra casos dessa doença, mas nunca sequer cheguei próximo de um eqüino com o mormo. Quero ir para Dubai e mostrar, na areia árabe, minhas qualidades. Quem sabe, ainda arrumo umas éguinhas para montar meu harém (sonha em voz alta).

CM: Mas e na hipótese de não conseguir a liberação. Quais seriam os planos do milheiro Giruá? Ficar no Brasil?

G: (Começou sorrindo, antes de responder) Esqueça a possibilidade de me ver atuando ainda no Brasil. O Salgado Filho (G2-1600mA) foi a minha última corrida e necessitava ser na Gávea. Caso o trânsito para os Emirados Árabes não seja liberado, é bom pararem de me chamar de milheiro, pois meu destino será os Estados Unidos, e por lá vou querer correr em distâncias mais curtas (as preferidas dos cavalos que lá estão). A grande vantagem é que as corridas na areia da América do Norte são o destaque, então estarei no lugar correto. Infelizmente, diferente do Brasil.

CM: Por quê a ênfase no “necessitava ser na Gávea” na resposta anterior?

G: Simples, porquê muito antes de pensar em ser embarcado para fora do país, cheguei a ouvir comentários maldosos de alguns cavalos cariocas que estiveram por São Paulo. Eles diziam que eu havia ganho o Troféu Mossoró de melhor arenático do país sem antes ter encarado a turma do Rio de Janeiro, em pleno Hipódromo da Gávea. Então nada mais justo que me despedir do Brasil em plena pista carioca, com uma vitória fácil.

CM: Giruá, no Rio de Janeiro, pelos próximos quatro meses, as provas clássicas serão na raia de areia. Não seria bom você ficar aqui na Gávea nesse tempo?

G: Isso seria uma terceira possibilidade, porém muito vaga. Apesar dos boatos maldosos, fui muito bem recebido no Hipódromo da Gávea. Estou até dando entrevista (sorri). Mas, na minha cabeça, e acredito que também na mente do meu responsável, mesmo sem poder falar com ele, existe as seguintes opções: 1º Dubai; 2º Estados Unidos; 3º Rio de Janeiro. Vale destacar que o trânsito para os Estados Unidos está liberado (aproveita para frisar).

CM: Quer falar um pouco da vitória no GP Salgado Filho (G2-1600mA), realizado no último domingo, no Jockey Club Brasileiro?

G: Com o maior prazer. Quando deu a largada, vi o cavalo Robber Danz, que estava ao meu lado no partidor, sair desembestado para assumir a ponta. A raia estava escorregadia, pois havia chovido muito naqueles dias no Rio de Janeiro. Segui em 6º, mas antes de encerrar a reta oposta, já estava posicionado em 3º, sempre dando vantagem aos rivais. Ao entrar na reta final, João Moreira me deu rédeas e, pelo meio de raia, comecei a diminuir a vantagem para os ponteiros. Quando emparelhei com Robber Danz, acharam que eu iria duelar, mas o Moreira só precisou me mostrar o chicote, alertando que estava na hora do show. Nem quis saber de mais nada, olhei para a frente e só fui parar quando meu jóquei começou a me sofrear, bem depois de ter ultrapassado o disco de chegada.

CM: O que passa na cabeça de um craque como Giruá quando se está em carreira?

G: Sinceridade, em nada! Fico em transe. Meu jóquei só precisa me mostrar o chicote, nada de me bater. Nesse momento, sei que é a hora do show, então meu corpo fala por mim, pois só desejo correr, correr, e cada vez correr mais e mais. Juro que se não me freiam, dou outra volta, lógico que com um ritmo mais baixo, pois rendo melhor até a milha.

CM: Assim como tens planos de ir embora do país, futuramente existe algum outro de retorno ao Brasil?

G: Bem, é uma pergunta difícil. Não sei o que está me esperando lá fora. Só pretendo ir e fazer o melhor de mim. Mas quem sabe não volto ao Brasil para me aposentar ou para virar garanhão. Não seria nada mal ter uma éguinhas ao meu dispor.

Após a última resposta, o cavalo filho de Bonapartiste e Ellefrance (Fast Gold), criado por Eloi José Quege foi embora, na busca pelo seu sonho, que é correr no festival dos Emirados Árabes, em março de 2009. Torcida, no Brasil todo, é que não vai faltar para o tordilho mais nacional que pintou pelas pistas brasileiras de corrida.

Até a próxima pessoal!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Rixa na cocheira

Leitores, desculpem pela demora em atualizar o nosso CERCA MÓVEL, mas depois de mais uma pífia partida de futebol da Seleção Brasileira, ao lado da minha casa (pois o jogo foi no Maracanã e resido em Vila Isabel), fui dormir tarde e na manhã seguinte viajei até Pedro do Rio, na região serrana do Rio de Janeiro, para conversar com o vencedor da prova de Grupo 1 realizada no último domingo, no Hipódromo da Gávea. Apesar da conquista, os ânimos não estavam nada bem por lá!

O clima esquentou na cocheira do treinador Venâncio Nahid, localizada no Centro de Treinamento Vale do Itajara, por causa dos metros decisivos do Grande Prêmio Linneo de Paula Machado (G1-2000mG). Vou contar aos leitores o que aconteceu.

O profissional Nahid tinha dois animais anotados para o Grande Criterium de potros, do domingo, eram eles: Flymetothemoon e Rutini. O primeiro levou a prova, sendo que o outro foi prejudicado nos metros decisivos e não quis saber de conversa com o vizinho de cocheira. A briga foi feia!

“Ele é louco. Só porque já havia vencido na distância, não tinha para quê me prejudicar na reta final. Todo mundo viu quando comecei a avançar pela cerca interna e o Flymetothemoon saiu da linha 4 para cruzar na minha frente. Quase derrubei meu jóquei TJ (Tiago Josué Pereira) por causa daquele tolo”, bradava Rutini, querendo ir para cima do defensor do Haras Doce Vale.

Flymetothemoon não perdeu tempo e se defendeu. “Rutini é quem está agindo como um tolo. Não sabe perder e fica inventando estórias. Eu estava com muita ação e meu movimento em nada o atrapalharia. Na dúvida, basta ver que livrei vários corpos para o 2º colocado (3 ¾ corpos).”

Ao terminar de falar, Flymetothemoon precisou abaixar a cabeça, pois Rutini jogou uma cenoura em direção ao rival e continuou a reclamar.

“Você é um sem-vergonha! Basta assistir o vídeo e verás quando me imprensastes na cerca. Se tiver dúvida, aguarde os 250 metros finais. Vergonhosa a sua atitude. Agora vem dizer que tinha muita ação e tal. Conversa! Papo para cavalo dormir. Sabe o que acontece, vou esclarecer aos leitores do CERCA MÓVEL, ele estava com muito medo da minha corrida.

Era a primeira vez que eu atuava nos dois quilômetros, porém nos treinos Flymetothemoon viu o quanto eu melhorei e tinha sim chances de lhe tomar a vitória. Sendo que o filho de Roi Normand e Onefortheroad (Ghadeer) foi cruel. Não soube fazer uma luta justa. Não nego que ele ganhou bem, mas apesar dos prejuízos, causados por ele, cheguei na 6ª posição, distante 4 ¾ corpos dele. Ou seja, numa corrida limpa, poderia ter brigado sim pela conquista”,
entrega Rutini, que é um filho de Know Heights e Hurry Regina (Woodman), de criação e propriedade do Stud TNT.

Flymetothemoon rebateu as críticas do, agora, ‘inimigo’. “Só pode ser brincadeira eu estar ouvindo uma coisa dessas. Menino, vê se cresce! Você ganhou um páreo na milha, na raia de areia. Quando nos encontramos numa disputa na milha de grama, no começo do mês de agosto, você chegou quase 7 corpos depois de mim. No último domingo, completei minha terceira vitória consecutiva e logo em Grupo 1. Isso é inveja. Trabalhe que, quem sabe um dia, você conseguirá me encarar”, provocou.

Leitores, juro que não sabia que tinha tanta força, pois precisei conter Rutini, que partiu como um louco para cima de Flymetothemoon. Eu e mais dois cavalariços precisamos nos esforçar para segurar o potro de 488kg (pouca coisa maior que o rival, que tem 472kg). E ameacei não falar com nenhum dos dois e ainda interferir junto aos responsáveis de ambos se continuassem agindo como dois moleques.

Foi quando Rutini baixou a cabeça, me olhou nos olhos e disse em tom de mágoa. “Não faça isso, por favor. Os humanos precisam saber o que realmente aconteceu naquele domingo. Fui vítima de uma corrida injusta de Flymetothemoon. Nas outras conquistas dele, sempre fui o primeiro a parabeniza-lo. Torcia por ele. Sendo que amadureci e vi que podia ganhar. Custava ele ter sido justo comigo?”, indagou.

Flymetothemoon ouviu as palavras de Rutini e se desculpou. “Juro que se o prejudiquei, não foi por mal. Desculpa mesmo, não sou desse tipo de cavalo que faz de tudo para ficar com a vitória. Assim como você, ainda sou potro. Pode ser, realmente, que eu tenha me afobado demais no lance, porque sentia que tinha muita ação e queria cruzar logo o disco de chegada.

Mas juro que não queria te prejudicar. Vamos fazer o seguinte, no Grande Prêmio Derby Paulista (G1-2400mG), que será realizado no próximo mês no Jockey Club de São Paulo, topas correr em parceria comigo para apagarmos esse mal-entendido de domingo passado?”,
sugeriu.

Rutini abriu um sorriso e quando pensei que tudo estava se resolvendo, o defensor do TNT falou. “Você só pode está brincando Flymetothemoon. Queres minha ajuda para ganhar do Sorrentino, o candidato à Tríplice Coroa paulista, isso sim. Pois saiba que pretendo estar alinhado e pronto para a milha e meia, sendo que eu não vou te ajudar em nada. Quero a vitória, mas se depender de mim, e caso tenha chance, vou te caçar a carreira toda. Estás avisado!”, e encerrou a conversa.

Flymetothemoon e eu ficamos boquiabertos com o que acabávamos de ouvir. Mas com certeza, só quem terá a ganhar com essa rixa dentro da cocheira de Venâncio Nahid é o Sorrentino, que terá dois rivais a menos com quê se preocupar no dia do Derby Paulista. Eu estarei lá, conferindo tudo para contar a vocês leitores. Tomara que Venâncio Nahid aplique algumas doses de maracujina nos dois potros, para acalmar os ânimos.

Abraços e até a próxima semana (que prometo publicar na quinta-feira)!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

“Tenho o selo Interlagos com orgulho”, avisa Bubbly Jane

Curtindo um merecido descanso na cocheira de Felipe Nickel, em Campinas, Bubbly Jane ainda curte os comentários e parabéns que recebe pelas duas conquistas obtidas durante a realização da Tríplice Coroa de potrancas do Jockey Club de São Paulo e aproveita para se despedir dos amigos, pois seguirá em breve para os Estados Unidos.

Durante seu passeio diário pela vila hípica, a filha de Yagli e Built to Last (Knifebox), de criação e propriedade do Haras Interlagos, recebeu a equipe do CERCA MÓVEL para um bate-papo descontraído.

Como sei que os leitores apreciam saber o que passa pela cabeça dos cavalos (no caso dessa semana, potranca) antes, durante e depois de um páreo, com Bubbly Jane não seria diferente e a mesma foi logo nos relatando.

“Participei da segunda etapa da Coroa, o GP Henrique de Toledo Lara (G1-1800mG), no dia 6 de setembro e venci por 2 ¼ corpos. Naquela ocasião, não me sentia 100% preparada, mas o que importava era ter vencido. No último sábado (4 de outubro), a história foi bem diferente.

Sabia que estava no melhor da forma física e apesar de alguns cronistas não terem me escolhido favorita, bastou assistirem meu cânter com João Moreira para mudarem rapidinho de opinião. Resultado, fechei a pedra de apostas do GP Diana (G1-2000mG) como favorita.

Ao ser dada a largada, não me preocupei com o desespero de Ecoute Moi em ir para a ponta. Sabia que a ‘carioca-gaúcha’ correria dessa forma. Fiquei com o Moreira revesando entre as 6ª e 7ª posições, sempre na frente de Tanta Honra, que na minha opinião, seria a verdadeira rival. Não nego que cheguei a ter pena de Ecoute Moi, que foi perseguida em um momento por Never Say Noway, depois por Lucky Shot e por fim por Square Dance, então se entregou.

Nesse instante, já entrava na reta final e me preocupei quando vi Square Dance tentar fugir para o disco. João Moreira, que não me chicoteia, mas me mostra o chicote, na hora mostrou o braço. Me deu rédeas e permitiu que eu corresse a vontade, então atropelei sem susto e passei uma a uma para vencer com 1 ¼ corpos de vantagem sobre Square Dance, que conseguiu manter a dupla sobre Tanta Honra na troca de galão (pelo menos, foi o que as duas me contaram depois do páreo)”
, relembrou Bubbly Jane.

Quis saber se ela ficou preocupada com as competidoras cariocas, pois seria a primeira vez que enfrentava elas, e a potranca me respondeu na lata.

“Claro que não! Se não confiar em mim mesma, em quem vou confiar?”, me desafiou, para depois continuar. “Respeito as adversárias, mas quem sabe de mim sou eu e a equipe. Trabalhei duro nos matinais, ganhei peso, amadureci mais e o principal de tudo isso: queria ganhar. Então, não tinha jeito, era o meu dia, o meu Diana.”

Quando comentei sobre a presença da família Perlman no Jockey Club de São Paulo, Bubbly Jane se emocionou.

“Puxa, agora você me pegou! (falou com a voz emocionada) Eu venci uma das seletivas da Taça de Prata e recebi o carinho da família Perlman, depois formei a dupla no GP Margarida Polak Lara (G1-1600mG). Quando ocorreu a primeira etapa da Coroa, não me sentia pronta o suficiente para encarar o desafio.

No mês seguinte (setembro), mesmo me sentindo 88% em forma, tinha dúvidas sobre a minha atuação em 1.800 metros. Mas quando venci, recebi um afago carinhoso do Marco Perlman, que representou toda a família Perlman na ocasião, mas que assim como eu, se sentiu órfão naquele dia.

Já no último sábado não. Me senti em casa, sendo recebida pelo casal Michael e Alina, com os filhos Katia, Marco e Dan, além dos netos Mirella e Max, todos Perlman. Afinal de contas, levo o verdadeiro selo Interlagos, pois meu pai (Yagli) eles importaram; minha mãe (Built to Last) eles criaram; meu avô materno (Knifebox) eles importaram; e por aí vai. Não tenho palavras para falar o quanto amo cada um deles”
, derrete-se e posso jurar leitores que vi uma lágrima cair do olho da potranca.

Após uma pequena pausa para Bubbly Jane recompor-se, quis saber se a corredora estava empolgada em ir para os Estados Unidos brevemente. Vejam vocês o que ela me disse.

“Empolgada é pouco, estou amando a idéia! Quando eu era uma potranca ao pé, ouvia da minha mãe Built to Last. ‘Você é a minha primeira filha e será uma corredora e tanto. Me prometa que seguirá meus passos, sendo que ganhará muito mais corridas que eu?’. Eu prometia sem entender nada ainda, então ela já começava a falar das vitórias dela no Brasil e de como viveu bem nos Estados Unidos até voltar para o Brasil, para o Haras Interlagos, e ficar grávida de mim.

Foram dias e mais dias escutando belas histórias da minha mãe e antes de iniciar a campanha, deixei muito bem gravado na memória tudo o que ela me ensinou. Sei que por enquanto, mamãe está bem satisfeita, pois em seis corridas, ganhei quatro, sendo duas em Grupo 1. Portanto, que venha logo as pistas americanas”
, sorri.

Quando dava por encerrada a entrevista, Bubbly Jane fez questão de solicitar um espaço para agradecimentos, no que permiti imediatamente.

“Queria dizer para a ‘Mimi’ que adorei quando ela acariciou meu rosto depois da minha vitória e disse que eu era muito macia. Saiba que você é muito fofa e linda, ok? E para o Max, vou fazer de tudo para continuar correndo mais que uma Ferrari”, e se despediu aos relinchos.

SURGE NOVO BLOG

Amigos, está coluna é a de número 50 e no próximo dia 27 completaremos um ano no ar. Algumas mudanças tenho em vista, bem como a parceria de alguns amigos para manter viva as “vozes” e “pensamentos” dos nossos cavalos queridos. Aguardem!

Mas enquanto a data não chega, alguns cavalos me pediram para não deixar de informar que pintou um novo blog no mundo virtual. A Picada do Aranha, cujo link vocês encontram aqui mesmo nessa página, tem vídeos onde os PSI ficam ainda mais bonitos. Vale a pena conferir!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Dúvida cruel: Porto Alegre ou Recife?

Como vão leitores! Desculpem o atraso na atualização do CERCA MÓVEL desta semana, mas outros compromissos, também importantes, ocasionaram este pequeno problema. Mas vamos ao que interessa, que é saber o que se passa na cabeça dos nossos corredores.

Esta semana, estive conversando com o potro Jujuy, que decidiu nos ajudar com a pronúncia exata do seu nome.

“Escreve-se Jujuy, mas pronuncia-se Rurrúi. O i sai mais suave, o u tem som agudo (ú) e em nenhum momento tem som de J em meu nome”, diverte-se o filho de First American e Endagada (Right Off), criado pelo Haras Santa Amélia, cujo nome refere-se a uma pequena província argentina, perto da fronteira com a Bolívia (informação de um Matungo que também conversa comigo).

Quis saber do Rurrúi, ou melhor, Jujuy, sobre a sua vitória na Prova Especial Itajara (1900mA), realizada no 7º páreo da programação do último sábado, no Hipódromo da Gávea, aqui no Rio de Janeiro. O defensor do Stud São José dos Bastiões não perdeu tempo em responder.

“Homi (ele tem sotaque, acreditem. Talvez seja a convivência com seus proprietários do Recife) foi melhor do que esperava. Meu ‘chefe’ Serginho Paiva só pode ser leitor do CERCA MÓVEL, pois no padoque, chegou no meu ouvido e disse ‘corra bem que terás uma surpresa boa’. Ele só sabe que eu o entendo porque ler sua coluna.

Não quis decepcionar o ‘chefe’, afinal de contas, tinha vindo do calor do Recife, a capital Pernambucana, para tomar banho de chuva no Rio de Janeiro, que ultimamente tem deixado de ser 40º graus, e assistir a minha corrida ao vivo.

Dada a largada, sai da linha 6 e vi quando os três que largaram mais próximos à cerca interna, Strong Hero, Lignon’s Hero e Casagrande, na ordem, foram para a ponta. Como sou ligeiro, logo era 4º e antes de fazer a primeira curva, 3º, atrás apenas de Strong Hero e Lignon’s Hero.

Durante a reta oposta, fiquei mais próximo dos ponteiros, que eram irmãos paternos, filhos do Crimson Tide e nascidos no Stud São Francisco da Serra. Eles papeavam tranqüilos e nem se deram conta da minha presença.

Um dizia para o outro, ‘cuidado que logo o Roberto Alberto se aproxima’, e o outro respondia, ‘tudo bem, estou prestando atenção’, enquanto isso, eu continuava ignorado. Deixei os dois continuarem na ponta até a entrada da reta final.

Dando vantagem, pois sempre corri pela linha 3, senti o Marcelo Cardoso, que voltava ao meu dorso após vencermos no final de setembro, se mexer. Obedeci de prontidão e passei fácil pelos dois ponteiros. Cheguei a escutar o locutor Marco Aurélio Ribeiro dizer que Roberto Alberto iniciava uma atropelada.

Sendo que eu estava galopando tão tranqüilo na frente, que pouco me importei com o que acontecia. Pensei, ‘isso é problema para quem está atrás de mim’, e cruzei o disco com 3 ½ corpos, levando um baita tapa do Cardoso (essa mania dele é de doer, mas fica bonito na foto), marcando 2’01”53 numa pista totalmente desfavorável.

Quando voltei ao padoque, fui recebido por diversos torcedores, além do meu treinador Victor Paim e do ‘chefe’ Serginho, que representava a família. Fiquei muito P da vida com ele, inclusive, porque saiu todo apressado para receber o troféu da minha conquista e não me contou a tal ‘surpresa’”
, reclama o campeão Jujuy.

Assim como o nosso entrevistado, também fiquei chateada por não saber o que era a surpresa e pensei que essa matéria sairia sem essa resposta, desde que o Jujuy não decepcionou e me contou, com exclusividade.

“Antes de voltar para Recife, o ‘chefe’ Serginho foi até o caminhão que me levaria de volta ao Centro de Treinamento Vale do Marmelo. Momentos antes de eu embarcar, mais uma vez ele chegou perto do meu ouvido e perguntou: ‘você prefere Porto Alegre ou Recife?’

Nem respondi na hora, porquê fiquei tão atônito com a pergunta. E também nem saberia dizer se ele entenderia a minha resposta. Só o vi rindo e pegando o seu caminho para o aeroporto, enquanto eu viajava para a serra fluminense.

Já em casa, ouvi quando o treinador Paim comentou com os funcionários da cocheira. ‘É pessoal. Será que o Jujuy prefere correr no GP Bento Gonçalves (G1-2400mA), em Porto Alegre, ou o GP Bento Magalhães (2400mA), no Recife?’, foi então que entendi o que o Serginho Paiva queria me dizer.

Mas te juro, estou na dúvida. Tenho saudades do frio gaúcho, pois nasci no Rio Grande do Sul, mas também queria muito pegar um bronze no calor nordestino. Eita dúvida da peste! Vou deixar essa decisão nas mãos dos meus responsáveis, é o jeito”
, encerrou o nosso papo Jujuy.

Então leitores, iria propor de fazermos uma enquete para ajudar o Jujuy a definir onde ele correrá. A vantagem de correr no Hipódromo do Cristal é porque a corrida será transmitida ao vivo e quem não estiver em Porto Alegre, poderá ver mais uma atuação do alazão. Por outro lado, atuar no Hipódromo da Madalena fará com que os proprietários do potro façam uma baita festa em casa, animando ainda mais os nordestinos.

Sinceridade, a dúvida do Jujuy também chegou até a mim.

Abraços e até a próxima!

Foto: Gerson Martins (divulgação JCB)