sexta-feira, 11 de maio de 2012

Merecidas férias para uma tríplice coroada


Aposto que a ansiedade dos leitores estava para lá de grande por conta que o nosso blog não foi atualizado na semana anterior. O problema é que não havia conseguido marcar entrevista exclusiva com a tríplice coroada carioca Old Tune.


Para alegria dos que visitam o blog CERCA MÓVEL, segue o meu bate-papo com a filha de Wild Event e Chanson Pour Julia (Irish Fighter), de criação e propriedade do Haras Internacional.
Marcelo Cardoso leva OLD TUNE à Coroa final

CERCA MÓVEL: Como é ser uma tríplice coroada?
OLD TUNE: Se eu contar que a ficha começou a cair há poucos dias você acredita (relincha)? Falando sério, é maravilhoso. Não foi nada fácil, as três etapas foram complicadas e precisei competir com potrancas de qualidade. Sem dúvida, este título fará diferença na minha vida daqui para frente.


CM: Foram três etapas com cerca de 30 dias de diferença de uma para outra. Acredito que o trabalho tenha sido desgastante?
OT: Coloca desgastante nisso. Venâncio Nahid, meu treinador, foi extremamente paciente. Soube o momento certo para alongar ou não os meus exercícios e por sorte meu estado atlético estava perfeito. Consegui entender todos os exercícios exigidos e na hora da prova, tudo deu certo.


CM: Conte um pouco da sua experiência em São Paulo?
OT: No Jockey Club de São Paulo fiquei sob os cuidados de Paulo Henrique Lobo, mas já estava definida a minha ida para lá. Viajei logo após minha terceira atuação na Gávea, quando venci o Clássico Luiz Alves de Almeida (L.-1300mG), em fevereiro de 2011. Em abril, estreei com um 3° lugar no Hipódromo de Cidade Jardim no GP João Cecílio Ferraz (G1-1500mG). Dois meses depois, venci a Taça de Prata: o GP Margarida Polak Lara (G1-1600mG).


CM: Com a vitória na Taça de Prata, você e Alta Vista eram as potrancas que levavam certo favoritismo na fase inicial da Tríplice Coroa de potrancas de São Paulo?
OT: De certa forma, sim. Alta Vista é uma potranca muito boa. Perdi para ela na minha estreia paulista e em seguida a venci na Taça de Prata. Nosso reencontro foi na Tríplice Coroa de São Paulo e ela levou a melhor no GP Barão de Piracicaba (G1-1600mG), enquanto eu ocupava a 4ª posição.


CM: Então, pelo que você acaba de me responder, virou uma disputa pessoal na raia entre você e Alta Vista?
OT: Não chega a tanto, porque além de mim, Alta Vista também se preocupava com In The Stars, tanto que na etapa seguinte da Coroa paulista, o GP Henrique de Toledo Lara (G1-1800mG), elas saíram se pegando na frente. Corri um pouco mais contida, esperando que as duas cansassem. Quando ambas diminuíram o ritmo e me pus a correr, eis que não esperava a ação final de Desejo Infinito, por isso acabei ficando no 5° lugar, longe menos de 5 corpos da campeã.


CM: Então Alta Vista e In The Stars não são amigas?
OT: Você esta querendo me comprometer (relincha)? Não posso repetir aqui as ofensas que as duas trocaram durante o GP Henrique de Toledo Lara (G1-1800mG), mas ficou feia a situação.


CM: O que aconteceu com você no GP Diana (G1-2000mG), a última fase da Coroa paulista?
OT: Nem eu sei. Tudo bem que era a primeira vez que iria atuar nos dois quilômetros, mas aquela corrida eu prefiro esquecer. Nada deu certo, por isso cheguei na 12ª colocação.


CM: Há males que vêm para o bem, tanto que o Diana marcou o seu retorno para o Rio de Janeiro?
OT: Apesar das potrancas ‘paulistas’ se sentirem, não posso me queixar da forma que fui tratada em São Paulo, mas voltar para o Centro de Treinamento Vale do Itajara e para a cocheira de Venâncio Nahid foi maravilhoso. De cara, ganhei dois meses de descanso. Curti muito o Natal e o Réveillon. Fiz promessa ao cavalo de São Jorge para que 2012 fosse repleto de coisas boas e, pelo que todo mundo pode perceber, fui atendida!
Gonçalinho faz carinho na sua campeã tríplice coroada


CM: Esse cavalo de São Jorge tem mesmo poder, pois Old Tune não saiu do vencedor este ano?
OT: (Relinchando muito) Com certeza. Reestreei vencendo o teste para a abertura da Coroa carioca e depois ganhei as três provas de Grupo 1 do certame: GP’s Henrique Possolo (1600mG), Diana (2000mG) e Zélia Gonzaga Peixoto de Castro (2400mG).

CM: Vamos falar sério, das três provas a que aparentava que seria mais difícil você arrebentou, que era a última fase. Conta para o CERCA MÓVEL como Old Tune voou na raia da Gávea?
OT: Sabia que existia uma dúvida com relação ao meu desempenho em provas de fundo, principalmente por meu avô materno ser Irish Fighter. Sendo que nos treinamentos senti que evoluía muito rápido e graças ao meu avô materno, ainda tinha um final avassalador. Trabalhei duro, suei muito nos treinos e pude fazer uma bela apresentação na etapa final. Foi tudo um merecido prêmio.
Nos últimos 200 metros, Old Tune deixa para trás as adversárias,
para delírio da torcida de todas as idades


CM: Quais são seus planos para o futuro?
OT: Nesse exato momento, estou curtindo merecidas férias. Sei que os meus proprietários e a equipe de Venâncio Nahid querem o melhor para mim. Eles também sabem que tenho uma responsabilidade muito grande, pois sou apenas a quarta tríplice coroada carioca, então a minha campanha será muito bem planejada. Não sei se fico no Brasil ou se irei para o exterior. Se por um lado, tenho vontade de correr fora do país, por outro sei que após este título meu ventre valorizou muito e por isso tenho de ser mais cautelosa com as minhas decisões. O importante é que estou vivendo um momento único e agradeço a todos que foram responsáveis por tal conquista, desde meus proprietários (Haras Internacional), passando pelos meus treinadores (V. Nahid e P. H. Lobo), o jóquei Marcelo Cardoso e os turfistas que torceram por mim em todas as fases da Tríplice Coroa. Muito obrigada!


Com tal depoimento, Old Tune encerrou o nosso bate-papo, lembrando que ela está invicta na pista de grama do Hipódromo da Gávea. A torcida é que ela volte a desfilar sua beleza, desenvoltura e qualidade nas pistas brasileiras.