O cavalo Starman e o Cerca Móvel têm uma história interessante, pois o primeiro quem fez com que o segundo existisse. Quem não recorda, basta ler o “Galope de Apresentação” para entender do que estou falando.
O filho de Trempolino e Sweet Mind saiu das cocheiras de Dulcino Guignoni, no Centro de Treinamento do Vale do Itajara, e viajou para o Rio Grande do Sul para encarar a principal prova do turfe gaúcho. Sobre o dorso, o neto de Baligh teria, nada mais, nada menos que Jorge Ricardo, o jóquei com maior número de vitórias do mundo, sendo que com um tabu: nunca havia ganhado a carreira.
Demonstrando uma qualidade muito superior ao dos concorrentes, ao ponto de vencer por 14 corpos de vantagem, Starman concedeu uma exclusiva para o Cerca Móvel.
CERCA MÓVEL: Conte-nos como é vencer um Bento Gonçalves?
STARMAN: Minha amiga Karol Loureiro, ganhar uma prova de Grupo 1 é o desejo de qualquer cavalo e comigo não poderia ser diferente. Faz muito bem a auto-estima.
STARMAN: Minha amiga Karol Loureiro, ganhar uma prova de Grupo 1 é o desejo de qualquer cavalo e comigo não poderia ser diferente. Faz muito bem a auto-estima.
CM: Como é ser conduzido por um jóquei predestinado a vencer?
Starman: Era a primeira vez que Jorge Ricardo estava sobre meu dorso e não nego que fiquei um pouco ansioso, até a hora do páreo. Mas, durante o cânter, eu relaxei.
Starman: Era a primeira vez que Jorge Ricardo estava sobre meu dorso e não nego que fiquei um pouco ansioso, até a hora do páreo. Mas, durante o cânter, eu relaxei.
CM: Por quê o “relaxamento” no cânter?
Starman: Simples, porque eu e o Ricardinho (demonstrando intimidade) conversamos.
Starman: Simples, porque eu e o Ricardinho (demonstrando intimidade) conversamos.
CM: Como assim “conversaram”? Não vai me dizer que o J. Ricardo também tem o dom de entender os cavalos?
Starman: Bem, não foi um diálogo tão fácil quanto o que nós temos, mas posso considerar que ele entendeu sim as minhas dicas.
Starman: Bem, não foi um diálogo tão fácil quanto o que nós temos, mas posso considerar que ele entendeu sim as minhas dicas.
CM: Então conte aos nossos leitores como foi esse bate-papo?
Starman: Com o maior prazer. Durante o cânter, eu fiquei calmo com o líder sobre meu dorso. Passei pomposo, porque queria estar bem na foto, lógico (relinchos), mas também senti a segurança de ser conduzido por um verdadeiro campeão. Ele (Ricardo) percebeu que fiquei mais afoito, quando passei por você e disse: ‘bate uma foto legal, heim?’.
Starman: Com o maior prazer. Durante o cânter, eu fiquei calmo com o líder sobre meu dorso. Passei pomposo, porque queria estar bem na foto, lógico (relinchos), mas também senti a segurança de ser conduzido por um verdadeiro campeão. Ele (Ricardo) percebeu que fiquei mais afoito, quando passei por você e disse: ‘bate uma foto legal, heim?’.
CM: Eu escutei a sua recomendação da foto, mas não sabia que o Ricardo também tinha ouvido?
Starman: Também não, mas logo após a foto do cânter, ele sorriu alto e comentou: ‘você fica bem em foto’. Tomei um susto na hora, mas fiquei calado, pensei que estivesse ouvindo demais, sabe.
Starman: Também não, mas logo após a foto do cânter, ele sorriu alto e comentou: ‘você fica bem em foto’. Tomei um susto na hora, mas fiquei calado, pensei que estivesse ouvindo demais, sabe.
CM: Sei, mas não houve nenhum outro contato depois do cânter?
Starman: Só houve (mais relinchos)! Assim que foi dada a largada, demonstrei por onde eu queria correr e ele concordou. Próximo de terminarmos a reta oposta, provoquei os ponteiros dizendo: saiam da frente, se não passo por cima! Juro que não sabia que o Ricardo estava ouvindo, mas ele, na mesma hora, tambem gritou: não é brincadeira, lá vamos nós! Pronto, era a confiança que me faltava para correr solto e a vontade. Ele afrouxou as rédeas e disse, colado ao meu ouvido, ‘é com você, vamos ganhar um Bento Gonçalves hoje!’. Não quis saber de brincadeira, aprumei o rosto e sai em disparada. Juro que nem percebi que tinha outros competidores, pois corri como nunca havia corrido antes (revela).
Starman: Só houve (mais relinchos)! Assim que foi dada a largada, demonstrei por onde eu queria correr e ele concordou. Próximo de terminarmos a reta oposta, provoquei os ponteiros dizendo: saiam da frente, se não passo por cima! Juro que não sabia que o Ricardo estava ouvindo, mas ele, na mesma hora, tambem gritou: não é brincadeira, lá vamos nós! Pronto, era a confiança que me faltava para correr solto e a vontade. Ele afrouxou as rédeas e disse, colado ao meu ouvido, ‘é com você, vamos ganhar um Bento Gonçalves hoje!’. Não quis saber de brincadeira, aprumei o rosto e sai em disparada. Juro que nem percebi que tinha outros competidores, pois corri como nunca havia corrido antes (revela).
CM: Realmente vocês entraram na reta absolutos e mesmo assim não diminuiram o ritmo, por quê?
Starman: Karol, nem percebia o quanto estávamos na frente. É sério! Só lembro que entrei em estado de extase tão grande, que não queria parar de correr. Nenhum outro jóquei me deixara tão a vontade. Então, quando fui ver, já estava cruzando o disco e não tinha ninguém por perto. Se tivesse mais metros ou voltas, continuaria correndo naquela tarde.
Starman: Karol, nem percebia o quanto estávamos na frente. É sério! Só lembro que entrei em estado de extase tão grande, que não queria parar de correr. Nenhum outro jóquei me deixara tão a vontade. Então, quando fui ver, já estava cruzando o disco e não tinha ninguém por perto. Se tivesse mais metros ou voltas, continuaria correndo naquela tarde.
CM: Quer dizer então que a parceria com Jorge Ricardo foi fundamental para a vitória?
Starman: Sem dúvidas. Não posso negar que estava me sentindo muito bem naquela tarde, mas saber que ele entendia como eu estava disposto a correr, foi fenomenal. Um verdadeiro trabalho em equipe, entende? Virei fã de carteirinha do Jorge Ricardo. Tenho muito a agradecer ao Aluizio Merlin Ribeiro, meu proprietário, que trouxe o líder para me conduzir.
Starman: Sem dúvidas. Não posso negar que estava me sentindo muito bem naquela tarde, mas saber que ele entendia como eu estava disposto a correr, foi fenomenal. Um verdadeiro trabalho em equipe, entende? Virei fã de carteirinha do Jorge Ricardo. Tenho muito a agradecer ao Aluizio Merlin Ribeiro, meu proprietário, que trouxe o líder para me conduzir.
CM: Bem, o Jorge Ricardo foi fantástico, mas ele também deve estar muito agradecido a você, pois há tempos buscava essa conquista?
Starman: Assim você me deixa sem graça (gagueja). Mas sei da importância que foi para o Jorge Ricardo essa vitória. Ele correu o primeiro Bento Gonçalves (G1-2400mA) em 1978, com Earp, chegando em 3º. Quatro anos depois, formou a dupla sobre o dorso de El Santarém. Com Mestre Karan, em 1990, não fez nada. Conduziu Mystic Sunset em 2004 e 2005, obtendo 3º e 2º lugares. Enfim, sobrou para mim, em 2007, faze-lo desencantar na principal prova gaúcha.
Starman: Assim você me deixa sem graça (gagueja). Mas sei da importância que foi para o Jorge Ricardo essa vitória. Ele correu o primeiro Bento Gonçalves (G1-2400mA) em 1978, com Earp, chegando em 3º. Quatro anos depois, formou a dupla sobre o dorso de El Santarém. Com Mestre Karan, em 1990, não fez nada. Conduziu Mystic Sunset em 2004 e 2005, obtendo 3º e 2º lugares. Enfim, sobrou para mim, em 2007, faze-lo desencantar na principal prova gaúcha.
CM: Foi também o primeiro Bento Gonçalves do treinador Dulcino Guignoni?
Starman: Não posso esquecer disso, pois foi uma forma de também homenagea-lo, pois irei seguir campanha na cocheira do Alvani, em Cidade Jardim.
Starman: Não posso esquecer disso, pois foi uma forma de também homenagea-lo, pois irei seguir campanha na cocheira do Alvani, em Cidade Jardim.
CM: Aproveite e conte-nos o que espera de São Paulo?
Starman: Estou ansioso para chegar logo por lá. Dizem que as éguas paulistas são uma graça. Agora que sou vencedor de Grupo 1, acredito que participe, em São Paulo, de mais provas clássicas. Ouvi boatos de quê a raia de areia de lá está uma maravilha. Espero que seja verdade.
Starman: Estou ansioso para chegar logo por lá. Dizem que as éguas paulistas são uma graça. Agora que sou vencedor de Grupo 1, acredito que participe, em São Paulo, de mais provas clássicas. Ouvi boatos de quê a raia de areia de lá está uma maravilha. Espero que seja verdade.
CM: Para encerrar essa entrevista, algum recado especial?
Starman: Quero me desculpar em público com o Cerutti. Estava de cabeça quente naquele dia, mas prometo deixa-lo em paz no próximo encontro. Lógico que pretendo cruzar o disco na frente dele novamente, mas sem maldades durante o percurso, prometo! Também queria mandar um abraço para o Alex Mota e dizer que nunca mais vou derruba-lo, realmente estava num dia ruim no Clássico Primavera (L.).
Starman: Quero me desculpar em público com o Cerutti. Estava de cabeça quente naquele dia, mas prometo deixa-lo em paz no próximo encontro. Lógico que pretendo cruzar o disco na frente dele novamente, mas sem maldades durante o percurso, prometo! Também queria mandar um abraço para o Alex Mota e dizer que nunca mais vou derruba-lo, realmente estava num dia ruim no Clássico Primavera (L.).
FOTOS: Starman vencendo o Bento Gonçalves e durante o cânter
MENSAGEM DO ALÉM
Leitores, fiquei surpresa com o e-mail que recebi na última terça-feira, feriado da “Consciência Negra”. O potro Senhor Secretário, que foi sacrificado na corrida de domingo (18/11), na Gávea, mandou um recado para os que ainda não acreditam que existe céu para os cavalos.
MENSAGEM DO ALÉM
Leitores, fiquei surpresa com o e-mail que recebi na última terça-feira, feriado da “Consciência Negra”. O potro Senhor Secretário, que foi sacrificado na corrida de domingo (18/11), na Gávea, mandou um recado para os que ainda não acreditam que existe céu para os cavalos.
“Eu era um cavalo lindo, dos mais bonitos mesmo, alazão com as crinas lourinhas, quase 500kg, olhos cor de mel e uma atitude de galã...tinha até alguns fãs que iam no hipódromo só pra me ver. Chamava atenção desde os tempos que vivia solto nos piquetes do Haras Campestre. Não tinha um que não parava pra me admirar. Queria que a aprendiz Maylan Studart fizesse uma bonita despedida das pistas brasileiras, já que vai para os Estados Unidos. Era para eu correr na grama, mas tive de aturar a raia de areia. Seguia bem no páreo, mas manquei na entrada da reta. Paciência! Fui bem recebido aqui no céu, apesar da minha morte prematura.”
Com certeza, o potro deve ter enviado o recado por algum cavalo-pai-de-santo, que acabou nos mandando o e-mail. Pois bem Senhor Secretário, fique em paz e tranqüilo que a Maylan pegou o seu recado. Ore pelos seus companheiros que aqui ficaram, ok!
4 comentários:
O cavalo "Starman",traduzindo o "Homem das estrelas,só podia resultar em vitória de Grupo 1 junto ao predestinado,competente e incansável Jorge Ricardo.O homem que tem a "estrela" em sua carreira,conduz o seu cavalo alado a uma merecida conquista,quebrando o tabu e deixando pra trás o Bento perdido com El Santarém.
Parabéns ao campeâo mundial de vitórias e seu "Starman" !
Karol, mais uma vez, show de bola. Ainda bem que deu tudo certo para o Starman. Meu medo era que ele ficasse "tonto" pelo fato de ficar "rodando" por meia hora antes do páreo, mas ele "massacrou" os rivais com o "cara" em cima.
quero só te dizer que o Starman se inspirou em mim no dia em que atrapalhou o Cerutti.
Ele viu e reviu várias vezes esse videozinho aqui e fez igual. Eu sou o tordilho que derruba o joquei na largada e meu nome é Ganter.
Espero que você divulgue o meu vídeo para que todos saibam que eu inspirei o Starman, que depois dessa, resolveu ganhar de verdade, assim como eu,
que depois venci alguns grupos 2 nos Estados Unidos. Cavalo bom ganha até sem joquei.
Abraços
http://www.youtube.com/watch?v=UN2bG90Qxdc
Hajimemashite, Gander.
Escrevo isso através de um tradutor (sou japonês). Amigo do Starman sou eu, Gander! Ere se inspirou em mim, não em você. Dômo sumimasen onegaishimasu (peça desculpas) para os leitores desse brog.
Vejam meu páreo aqui, muito mais emocionante!
http://www.youtube.com/watch?v=TPdBWrGcB-U
Arigatô,
Keiba Karauma
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