Olá leitores! Não nego que adoro viajar, mas nada é melhor que o aconchego do lar. Vamos direto ao assunto da coluna. Na última semana estive em Montevidéu e acompanhei a 110ª edição do GP José Pedro Ramirez (G1-2400m), que ocorreu no dia 6, domingo, feriado de “Reis”.
Como o “Esporte dos Reis” estava em evidência, aproveitei para conversar com os cavalos brasileiros que lá estão atuando. Apesar de muitas histórias boas, escutei e presenciei algumas que preciso confidenciar a vocês.
Diferente das potrancas fujonas da última edição, dessa vez os personagens fizeram questão de falarem seus nomes: Italian Friend, Pedra de Ouro e Bucaneer. Todos ficam alojados na cocheira do brasileiro Ricardo Colombo, onde fiz questão de conhecer, na manhã da sexta-feira, 04/01, no Hipódromo de Maroñas.
Logo que cheguei, Pedra de Ouro me cumprimentou. “Olá, enfim estou conhecendo alguém que nos entende, literalmente falando (brincou). Seja bem vinda a Montevidéu.”
Quando me virei para cumprimentar o filho de Romarin e Jóia Cordemel (Minstrel Glory), senti um fungado no meu pescoço e se não me abaixo rápido, levaria uma pequena dentada do “velhinho” Italian Friend, que no auge dos 7 anos, parece um potro de tão brincalhão.
Gritei para ele. “Que é isso rapaz. Quer me morder?”. O defensor do Haras Europa não perdeu o rebolado e soltou. “Claro, quem sabe assim você me dá atenção, afinal de contas, sou o mais bonito da cocheira”, relinchou.
Em seguida, Bucaneer, que sobreviveu a um acidente automobilístico por milagre (fica para uma próxima coluna esta história), veio em minha direção. Não nego leitores, o alazão estava lindo. “Olá Loureiro, é um prazer conhecê-la. Saiba que sou leitor assíduo do CERCA MÓVEL”, garantiu.
Bem, me senti confortável e perguntei aos competidores o que esperavam para a tarde de domingo. Italian Friend, que não tem nenhuma papa na língua, foi logo falando.
“Carregar 60kg de Valdemir Lemes é castigo para qualquer cavalo. Sem falar que ele esquece que possui uma mão esquerda, mas paciência, seja o que Deus quiser!”, disparou o filho de Ghadeer e Que Normand (Roi Normand).
Pedra de Ouro, que ainda é potro, repreendeu o colega de cocheira. “Pára com isso. Ele é um bom profissional. Pelo menos não tivemos problemas quando estreei.”
“Isso porquê você ainda é potro e não precisou tomar umas chicotadas. Reze para domingo continuar sem precisar”, falou Italian Friend.
Mais contido, Bucaneer, um filho de Boatman e Dasdo (Rio Bravo II), participou da discussão. “Bem, tenho de concordar com o Italian Friend. Na última corrida precisei correr alguns metros a mais que os outros competidores sob o comando dele, que insistia em fazer as curvas pela cerca externa. Mas esqueçamos o passado, domingo é outro dia”, encerrou o assunto.
Bem, até aquele instante leitores, fiquei na dúvida com a discussão, pois todos eles foram galopar com o Valdemir Lemes e não vi nenhuma atitude incoveniente do profissional.
A hora da verdade
Chegou o domingo do Ramirez e logo no primeiro páreo, senti as dores do Italian Friend, que apanhou muito na reta final, sempre de direita, mas venceu livrando meia cabeça. Ele saiu da raia reclamando. “Ai Karol, você nem imagina o quanto eu estou dolorido. Esse cara é maluco. Preciso morder a mão esquerda dele para o mesmo descobrir que a tem.”
No 6º páreo do programa, foi realizado o GP Maroñas (G2-1000mG) e Pedra de Ouro, defensor do Haras Belmont, mesmo largando e acabando, sofreu na mão de Lemes. “Caramba, eu poderia ter vencido por mais de 4 corpos, bastava deixar eu trocar de mão. Mas não, ainda apanhei com a vitória assegurada. Fica difícil correr assim!”
Sendo que o pior ainda estava por vir, pois apesar das direções pífias, Italian Friend e Pedra de Ouro venceram seus compromissos.
Na carreira central do programa uruguaio, o GP José Pedro Ramirez (G1-2400mA), o experiente Bucaneer entrou na raia com Valdemir Lemes sobre o dorso.
Diferente das corridas anteriores, o cavalo foi mantido em último boa parte do percurso e na reta final, diminuia rapidamente a diferença para os ponteiros, aguardando apenas a troca de mão para ultrapassar os adversários e ganhar a carreira.
Porém, ao invés da troca de mão, o cavalo levou uma surra de direita e acabou a corrida em quarto, a menos de dois corpos do vencedor Rock Ascot.
Ao sair da raia, Bucaneer esqueceu sua educação e queria partir para cima do jóquei, sendo seguro pelo cavalariço.
“Ele é louco. Onde já se viu. Sai do boxe com vontade e ele quase me levanta, de tanto que me impediu de correr. Entendi o recado e corri último, tomando areia na cara todo o percurso. Quando enfim chega a hora da minha consagração, o maluco só quis saber de me espancar com a direita. Tá de sacanagem!”, esbravejou o alazão do Haras Belmont.
Os três cavalos, após a programação, foram unânimes na decisão: vão fazer greve caso voltem a ser conduzidos pelo jóquei, que pasmem, é brasileiro.
“Não é a toa que Jorge Ricardo logo chegará às 10 mil vitórias. Ele sim sabe tratar bem um cavalo de corrida”, disse Italian Friend, louco de vontade de arrancar a mão direita de Lemes, para nunca mais voltar a ser surrado.
Ricardinho é 10 mil
Sim amigos, não posso encerrar essa coluna sem parabenizar o brasileiro Jorge Ricardo, que na noite de ontem alcançou a vitória de número 10 mil, após ganhar cinco corridas no Hipódromo de San Isidro, na Argentina.
Jade But Loyal, Metcladito, Quemera, Ricitos e em especial Membresia (a que consagrou a marca) estavam satisfeitos por terem servido de contagem regressiva para o jóquei Ricardinho. Agora é só comemorar!
Como o “Esporte dos Reis” estava em evidência, aproveitei para conversar com os cavalos brasileiros que lá estão atuando. Apesar de muitas histórias boas, escutei e presenciei algumas que preciso confidenciar a vocês.
Diferente das potrancas fujonas da última edição, dessa vez os personagens fizeram questão de falarem seus nomes: Italian Friend, Pedra de Ouro e Bucaneer. Todos ficam alojados na cocheira do brasileiro Ricardo Colombo, onde fiz questão de conhecer, na manhã da sexta-feira, 04/01, no Hipódromo de Maroñas.
Logo que cheguei, Pedra de Ouro me cumprimentou. “Olá, enfim estou conhecendo alguém que nos entende, literalmente falando (brincou). Seja bem vinda a Montevidéu.”
Quando me virei para cumprimentar o filho de Romarin e Jóia Cordemel (Minstrel Glory), senti um fungado no meu pescoço e se não me abaixo rápido, levaria uma pequena dentada do “velhinho” Italian Friend, que no auge dos 7 anos, parece um potro de tão brincalhão.
Gritei para ele. “Que é isso rapaz. Quer me morder?”. O defensor do Haras Europa não perdeu o rebolado e soltou. “Claro, quem sabe assim você me dá atenção, afinal de contas, sou o mais bonito da cocheira”, relinchou.
Em seguida, Bucaneer, que sobreviveu a um acidente automobilístico por milagre (fica para uma próxima coluna esta história), veio em minha direção. Não nego leitores, o alazão estava lindo. “Olá Loureiro, é um prazer conhecê-la. Saiba que sou leitor assíduo do CERCA MÓVEL”, garantiu.
Bem, me senti confortável e perguntei aos competidores o que esperavam para a tarde de domingo. Italian Friend, que não tem nenhuma papa na língua, foi logo falando.
“Carregar 60kg de Valdemir Lemes é castigo para qualquer cavalo. Sem falar que ele esquece que possui uma mão esquerda, mas paciência, seja o que Deus quiser!”, disparou o filho de Ghadeer e Que Normand (Roi Normand).
Pedra de Ouro, que ainda é potro, repreendeu o colega de cocheira. “Pára com isso. Ele é um bom profissional. Pelo menos não tivemos problemas quando estreei.”
“Isso porquê você ainda é potro e não precisou tomar umas chicotadas. Reze para domingo continuar sem precisar”, falou Italian Friend.
Mais contido, Bucaneer, um filho de Boatman e Dasdo (Rio Bravo II), participou da discussão. “Bem, tenho de concordar com o Italian Friend. Na última corrida precisei correr alguns metros a mais que os outros competidores sob o comando dele, que insistia em fazer as curvas pela cerca externa. Mas esqueçamos o passado, domingo é outro dia”, encerrou o assunto.
Bem, até aquele instante leitores, fiquei na dúvida com a discussão, pois todos eles foram galopar com o Valdemir Lemes e não vi nenhuma atitude incoveniente do profissional.
A hora da verdade
Chegou o domingo do Ramirez e logo no primeiro páreo, senti as dores do Italian Friend, que apanhou muito na reta final, sempre de direita, mas venceu livrando meia cabeça. Ele saiu da raia reclamando. “Ai Karol, você nem imagina o quanto eu estou dolorido. Esse cara é maluco. Preciso morder a mão esquerda dele para o mesmo descobrir que a tem.”
No 6º páreo do programa, foi realizado o GP Maroñas (G2-1000mG) e Pedra de Ouro, defensor do Haras Belmont, mesmo largando e acabando, sofreu na mão de Lemes. “Caramba, eu poderia ter vencido por mais de 4 corpos, bastava deixar eu trocar de mão. Mas não, ainda apanhei com a vitória assegurada. Fica difícil correr assim!”
Sendo que o pior ainda estava por vir, pois apesar das direções pífias, Italian Friend e Pedra de Ouro venceram seus compromissos.
Na carreira central do programa uruguaio, o GP José Pedro Ramirez (G1-2400mA), o experiente Bucaneer entrou na raia com Valdemir Lemes sobre o dorso.
Diferente das corridas anteriores, o cavalo foi mantido em último boa parte do percurso e na reta final, diminuia rapidamente a diferença para os ponteiros, aguardando apenas a troca de mão para ultrapassar os adversários e ganhar a carreira.
Porém, ao invés da troca de mão, o cavalo levou uma surra de direita e acabou a corrida em quarto, a menos de dois corpos do vencedor Rock Ascot.
Ao sair da raia, Bucaneer esqueceu sua educação e queria partir para cima do jóquei, sendo seguro pelo cavalariço.
“Ele é louco. Onde já se viu. Sai do boxe com vontade e ele quase me levanta, de tanto que me impediu de correr. Entendi o recado e corri último, tomando areia na cara todo o percurso. Quando enfim chega a hora da minha consagração, o maluco só quis saber de me espancar com a direita. Tá de sacanagem!”, esbravejou o alazão do Haras Belmont.
Os três cavalos, após a programação, foram unânimes na decisão: vão fazer greve caso voltem a ser conduzidos pelo jóquei, que pasmem, é brasileiro.
“Não é a toa que Jorge Ricardo logo chegará às 10 mil vitórias. Ele sim sabe tratar bem um cavalo de corrida”, disse Italian Friend, louco de vontade de arrancar a mão direita de Lemes, para nunca mais voltar a ser surrado.
Ricardinho é 10 mil
Sim amigos, não posso encerrar essa coluna sem parabenizar o brasileiro Jorge Ricardo, que na noite de ontem alcançou a vitória de número 10 mil, após ganhar cinco corridas no Hipódromo de San Isidro, na Argentina.
Jade But Loyal, Metcladito, Quemera, Ricitos e em especial Membresia (a que consagrou a marca) estavam satisfeitos por terem servido de contagem regressiva para o jóquei Ricardinho. Agora é só comemorar!
4 comentários:
Karol, não sei se você sabe dessa história, é o seguinte, na cocheira 34 lá no JCB, tem um cavalo que é pivô de uma ação judicial há 3 anos, e o mesmo encontra-se dentro da cocheira há 3 anos sem sair - NEM PARA PASSEAR. Ao pedir informações sobre o mesmo, me falaram que o proprietário desse cavalo - que já está com 7 anos, "preso" desde os 4 - comprou um cavalo x e lhe entregaram outro, entrou na justiça e desde então, pelo $$$ envolvido no caso, o tal proprietário proibe que qualquer pessoa retire o cavalo de dentro da cocheira, ou seja, fez o pobre do animal de vítima de seu próprio infortúnio. Me falaram que o primeiro ano foi bastante difícil para o animal, e que depois ele se acostumou. A atriz Ana Paula Arósio tentou tirar o cavalo de lá, até com advogado, e não conseguiu. Acho que alguém precisa fazer alguma coisa. Eu fiquei chocada e com muit a pena desse cavalo, quando soube dessa história até chorei. Como um proprietário tem a coragem de deixar isso acontecer? Como o JCB deixa que algo assim aconteça dentro de suas dependências? Eu sei que aqui no Rio não existe uma defesa de animais eficiente, então não sei a quem recorrer. Eu vou entrar em contato com a Ana Paula Arósio pra tentar formar um grupo e pedir a liberdade desse cavalo que se tornou prisioneiro sem ter a MENOR culpa. Mesmo que essa liberdade signifique o direito de sair da cocheira e dar um passeio de 5 minutos durante o dia e a tarde, é o mínimo de dignidade que ele merece. Queria sabe se vc topa me ajudar nisso. Eu não conheço ninguém no jockey e a situação é mais do que real porque uma amiga estava nessa cocheira ontem, o cavalo está super bem tratado, apesar de encocheirado sem direito a sair há 3 anos. Não consegui pegar o nome do cavalo com minha amiga, deve ser um nome em inglês, é um alazão de crina clara, mas está na cocheira 34 pra quem quiser ver. Valeu, um beijo.
Oi Karol, eu de novo. Só pra deixar claro que o cavalo encontra-se na Vila Lagoa 34 e as pessoas que trabalham nessa cocheira também acham um absurdo, mas foram proibidas expressamente pelo dono de retirar o cavalo (que é são) da cocheira. Ele é bem tratado pelas pessoas dessa cocheira que morrem de pena dele mas também não podem fazer nada. Assim que souber exatamente o nome do cavalo aprisionado, te falo, se vc souber alguma coisa, me avisa tb? Valeu um beijo de novo.
É isso Karol. Como dizia aquele grande profeta do turfe: Jóquei não dá pernas a cavalo, mas tira!!
Agora, a culpa também é de quem dá ao "mão única" as montarias.
Qualquer dia leve um "papo" com os pungas da Gávea, eles merecem.
Fui!
Há animais que reagem bem ao látego,outros não...no caso do Bucaneer creio ter sido necessário o mesmo pq ele corria bem atrás...mas vale sempre o bom senso.Não justifica um mal cálculo de corrida do jóquei a "espancar" o seu pilotado!
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