Curtindo um merecido descanso na cocheira de Felipe Nickel, em Campinas, Bubbly Jane ainda curte os comentários e parabéns que recebe pelas duas conquistas obtidas durante a realização da Tríplice Coroa de potrancas do Jockey Club de São Paulo e aproveita para se despedir dos amigos, pois seguirá em breve para os Estados Unidos.
Durante seu passeio diário pela vila hípica, a filha de Yagli e Built to Last (Knifebox), de criação e propriedade do Haras Interlagos, recebeu a equipe do CERCA MÓVEL para um bate-papo descontraído.
Como sei que os leitores apreciam saber o que passa pela cabeça dos cavalos (no caso dessa semana, potranca) antes, durante e depois de um páreo, com Bubbly Jane não seria diferente e a mesma foi logo nos relatando.
“Participei da segunda etapa da Coroa, o GP Henrique de Toledo Lara (G1-1800mG), no dia 6 de setembro e venci por 2 ¼ corpos. Naquela ocasião, não me sentia 100% preparada, mas o que importava era ter vencido. No último sábado (4 de outubro), a história foi bem diferente.
Sabia que estava no melhor da forma física e apesar de alguns cronistas não terem me escolhido favorita, bastou assistirem meu cânter com João Moreira para mudarem rapidinho de opinião. Resultado, fechei a pedra de apostas do GP Diana (G1-2000mG) como favorita.
Ao ser dada a largada, não me preocupei com o desespero de Ecoute Moi em ir para a ponta. Sabia que a ‘carioca-gaúcha’ correria dessa forma. Fiquei com o Moreira revesando entre as 6ª e 7ª posições, sempre na frente de Tanta Honra, que na minha opinião, seria a verdadeira rival. Não nego que cheguei a ter pena de Ecoute Moi, que foi perseguida em um momento por Never Say Noway, depois por Lucky Shot e por fim por Square Dance, então se entregou.
Nesse instante, já entrava na reta final e me preocupei quando vi Square Dance tentar fugir para o disco. João Moreira, que não me chicoteia, mas me mostra o chicote, na hora mostrou o braço. Me deu rédeas e permitiu que eu corresse a vontade, então atropelei sem susto e passei uma a uma para vencer com 1 ¼ corpos de vantagem sobre Square Dance, que conseguiu manter a dupla sobre Tanta Honra na troca de galão (pelo menos, foi o que as duas me contaram depois do páreo)”, relembrou Bubbly Jane.
Quis saber se ela ficou preocupada com as competidoras cariocas, pois seria a primeira vez que enfrentava elas, e a potranca me respondeu na lata.
“Claro que não! Se não confiar em mim mesma, em quem vou confiar?”, me desafiou, para depois continuar. “Respeito as adversárias, mas quem sabe de mim sou eu e a equipe. Trabalhei duro nos matinais, ganhei peso, amadureci mais e o principal de tudo isso: queria ganhar. Então, não tinha jeito, era o meu dia, o meu Diana.”
Quando comentei sobre a presença da família Perlman no Jockey Club de São Paulo, Bubbly Jane se emocionou.
“Puxa, agora você me pegou! (falou com a voz emocionada) Eu venci uma das seletivas da Taça de Prata e recebi o carinho da família Perlman, depois formei a dupla no GP Margarida Polak Lara (G1-1600mG). Quando ocorreu a primeira etapa da Coroa, não me sentia pronta o suficiente para encarar o desafio.
No mês seguinte (setembro), mesmo me sentindo 88% em forma, tinha dúvidas sobre a minha atuação em 1.800 metros. Mas quando venci, recebi um afago carinhoso do Marco Perlman, que representou toda a família Perlman na ocasião, mas que assim como eu, se sentiu órfão naquele dia.
Já no último sábado não. Me senti em casa, sendo recebida pelo casal Michael e Alina, com os filhos Katia, Marco e Dan, além dos netos Mirella e Max, todos Perlman. Afinal de contas, levo o verdadeiro selo Interlagos, pois meu pai (Yagli) eles importaram; minha mãe (Built to Last) eles criaram; meu avô materno (Knifebox) eles importaram; e por aí vai. Não tenho palavras para falar o quanto amo cada um deles”, derrete-se e posso jurar leitores que vi uma lágrima cair do olho da potranca.
Após uma pequena pausa para Bubbly Jane recompor-se, quis saber se a corredora estava empolgada em ir para os Estados Unidos brevemente. Vejam vocês o que ela me disse.
“Empolgada é pouco, estou amando a idéia! Quando eu era uma potranca ao pé, ouvia da minha mãe Built to Last. ‘Você é a minha primeira filha e será uma corredora e tanto. Me prometa que seguirá meus passos, sendo que ganhará muito mais corridas que eu?’. Eu prometia sem entender nada ainda, então ela já começava a falar das vitórias dela no Brasil e de como viveu bem nos Estados Unidos até voltar para o Brasil, para o Haras Interlagos, e ficar grávida de mim.
Foram dias e mais dias escutando belas histórias da minha mãe e antes de iniciar a campanha, deixei muito bem gravado na memória tudo o que ela me ensinou. Sei que por enquanto, mamãe está bem satisfeita, pois em seis corridas, ganhei quatro, sendo duas em Grupo 1. Portanto, que venha logo as pistas americanas”, sorri.
Quando dava por encerrada a entrevista, Bubbly Jane fez questão de solicitar um espaço para agradecimentos, no que permiti imediatamente.
“Queria dizer para a ‘Mimi’ que adorei quando ela acariciou meu rosto depois da minha vitória e disse que eu era muito macia. Saiba que você é muito fofa e linda, ok? E para o Max, vou fazer de tudo para continuar correndo mais que uma Ferrari”, e se despediu aos relinchos.
SURGE NOVO BLOG
Amigos, está coluna é a de número 50 e no próximo dia 27 completaremos um ano no ar. Algumas mudanças tenho em vista, bem como a parceria de alguns amigos para manter viva as “vozes” e “pensamentos” dos nossos cavalos queridos. Aguardem!
Mas enquanto a data não chega, alguns cavalos me pediram para não deixar de informar que pintou um novo blog no mundo virtual. A Picada do Aranha, cujo link vocês encontram aqui mesmo nessa página, tem vídeos onde os PSI ficam ainda mais bonitos. Vale a pena conferir!
Um comentário:
Karol,
Não é a toa que em Interlagos desfilam os Fórmula 1. Muito boa a coluna, para variar. Não ralhe com o Totonho, que ele é gente boa. Mas a primeira e única a ter a patente de me chamar de matungo é você...
Dia 31 tá chegando.
Fui
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