Olá leitores, na última semana havia informado que faria uma matéria com Joe Bravo, candidato à Tríplice Coroa carioca, sendo que não consegui encontrar o potro, por isso fico devendo. Por outro lado, teve dois páreos realizados no Jockey Club de São Paulo que me deixaram para lá de estupefata. Um a vencedora foi Chatte e no outro a notável Flight Fenix. Em ambos ocorreram fatos distintos, que conto em primeira mão para vocês.
SÁBADO: “UM DIA PARA SER ESQUECIDO”, RE THONG
O GP Presidente Hernani de Azevedo Silva (G2-1600mG) ocorreu no 6º páreo do programa de sábado em Cidade Jardim e era a prova de maior graduação da semana no eixo Rio/São Paulo. Re Thong havia viajado mais uma vez para São Paulo, cidade que estava invicta, sendo que antes não tivesse ido.
Acompanhei a corrida atenta a todos os detalhes e me impressionei com a determinação da égua do Stud Capitão, que largou na frente e avisando: “Meninas, cuidado, não vim aqui para brincadeira.”
A filha de Dancer Man e Lady Thong (Nindiano), cria do Haras Pemale do Sul, assumiu a ponta com Marco Mazini pela primeira ver sobre o dorso. Sendo que logo foi ultrapassada por Taverne, que forçava numa diagonal. “Tudo bem, pode ficar por ai por enquanto, mas saiba que estou logo atrás de você”, avisou Re Thong.
Leggera, que apesar de ter nascido no Rio Grande do Sul, adotou Cidade Jardim como a sua pátria, não gostou nem um pouco das indiretas de Re Thong e tratou de pertubar a alazã.
“Ô carioca! Pensa que pode ir chegando aqui e dando uma de gostosa? Se liga ou te tiro do páreo”, ameaçou a filha de Vettori, no que imediatamente recebeu a resposta da filha de Dancer Man. “Minha filha, nasci no Paraná para você que é desinformada. Mas, realmente, me considero uma típica carioca. Sendo que não é você quem vai me dizer o que fazer.”
A briga estava armada.
A defensora do Stud Farda Amiga não gostou nem um pouco da atitude de Re Thong e tratou de estreitar a passagem que deixaria a rival mais à vontade para entrar na curva, provocando: “Passa agora!”
O que Leggera não esperava é que a alazã não era de se intimidar e na mesma hora deu o troco. “Minha filha, passo por cima de você. Veja o meu tamanho e o seu. Te atropelo!”
As duas entraram trombando na curva, sendo que a força de Re Thong falou mais alto, pois logo após o contato físico, a defensora do Stud Capitão seguiu na corrida, enquanto que Leggera, dava por finda a sua participação.
Ao entrar na reta final, Taverne buscou a cerca externa e Re Thong aproveitou a situação para assumir a dianteira. “Calminha Taverne, pode vir para à cerca externa, mas antes, eu assumo a liderança da corrida, ok?”, desafiou a alazã, que ainda estava chateada com a atitude de Leggera e acabou desconcentrando-se, pois em vez de correr bem junto à cerca externa, onde a raia estava melhor, ficou correndo numa pista não muito firme.
Aproveitando-se do desconcerto da favorita carioca, Chatte procurou a melhor pista e de lá ultrapassou Re Thong. “Hey, mas como você está ai?”, ainda perguntou a pilotada de Marco Mazini, que quando foi preocupar-se com a defensora de Carlos dos Santos, não percebeu o ataque de Mary Rê, que acabou formando a dupla.
“Isso é um absurdo. Está mais do que na cara que a Leggera me provocou para me distrair e fazer com que a sua companheira de cocheira (Mary Rê) vencesse a prova. Para mim, esse complô é uma vergonha. Chatte se favoreceu de um ataque gratuito das criações do Haras Old Friends a minha pessoa. Bem, isso se a própria não estava envolvida!”, deixou no ar Re Thong após a corrida em que chegou em terceiro, quando voltava para o padoque.
Chatte se defendeu das acusações. “Não tenho nada com isso. Se Leggera e Mary Rê combinaram de atrapalhar a vida de Re Thong e a mesma caiu na armação, problema dela. Apenas corri o que sei. Nem cheguei perto dela, acho bom ela parar com essas insinuações”, ameaçou a campeã da prova, que é uma filha de Burooj e Charlot (Youth), de criação e propriedade de Carlos dos Santos.
“Isso é choro de perdedora, fala sério! Chega aqui toda cheia de pose, corre abaixo do esperado e fica procurando desculpas. Deixa disso garota, vai treinar e correr melhor que a gente”, provocou Leggera, que finalizou na última posição.
“Eu nem cheguei perto de você. Conheço a Leggera, sei que ela nasceu nos mesmos campos que eu, mas nem faço parte da turma dela. Ainda sou potranca, tenho 3 anos, fiz apenas a minha corrida, independente da sua. Acho injusto você (Re Thong) me acusar. Respeito as éguas mais velhas e as potrancas de minha idade, portanto acho melhor acabar com as acusações sem provas, ou terei de processá-la”, ameaçou Mary Rê, que é uma filha de Ghadeer e Itaquerê Mint (Clackson), de criação e propriedade do Haras Old Friends.
Mais calma, Re Thong pediu desculpas. “Chatte, foi mal! Estou de cabeça quente, mas sei que você não teve nada a ver com o que aconteceu aqui hoje (sábado). E antes que eu me esqueça, parabéns pela conquista. Sendo que foi muito estranho a Mary Rê ter conseguido chegar em segundo, depois da Leggera ter me provocado e se chocado comigo durante a corrida. Espero que os comissários de corrida analisem bem o páreo e dêem a ela (Leggera) a suspensão merecida”, encerrou a discussão, sem ao menos analisar as palavras de Mary Rê.
A única coisa que a pensionista de Claudio Peixoto de Almeida exigiu foi ir embora. “Vamos treinador, quero voltar para casa. Fui vítima de um ataque hoje, mas darei o troco um dia. Quem sabe em maio! Agora quero voltar para o Rio e me preparar para reencontra-las.”
DOMINGO: “ADOREI A RAIA DE AREIA”, FLIGHT FENIX
Depois da confusão do páreo da Re Thong, o dia seguinte no Hipódromo de Cidade Jardim serviria para coroar uma grande corredora, a potranca Flight Fenix no Clássico Erasmo T. de Assumpção (L.-1100mA).
A filha de Choctaw Ridge e Flight to Rome (Storm Bird), criada pelo Haras San Fracesco, devido à troca de raia, pisava pela primeira vez na areia. “Ai meu deus dos cavalinhos, que raia dura”, reclamou ainda no cânter.
Os apostadores, mesmo sem conseguir ouvi-la como eu, perceberam que a potranca estava estranhando o terreno e trataram de saca-la das suas acumuladas. Resultado, pule de R$ 11,00 ao fechar o guichê, mesmo vindo de dois êxitos consecutivos.
Ao ser dada a largada, a impressão dos turfistas tinham surtido efeito, pois enquanto Obsessão, Primeira Dama, Riponga e Regenerada saiam na frente, a defensora do Haras Europa sobrava para último.
“Está difícil correr nessa raia”, suplicava Flight Fenix na esperança que Ivaldo Santana a escutasse, enquanto isso, as ponteiras já entravam na variante. “Parem de jogar areia na minha cara”, reclamava, enquanto ficava ainda mais para trás.
Não sei senhores leitores se Ivaldo Santana tem o mesmo dom que eu de ouvir os eqüinos, porém o bridão conhece a potranca como poucos e talvez isso tenha feito a diferença num páreo que, ao meu ver, já estava perdido.
“Está bem Santana, não vou deixar você nem eu pagar mico, afinal de contas, tenho sangue de campeão nas veias (ela é irmã inteira de Forever Bond). Vamos lá, acho que consigo me acertar”, pude ler nos lábios de Flight Fenix, que aos poucos começava a pisar mais firme no terreno.
Ao entrar na reta final, a castanha já começava a sorrir. “Eita, não é tão ruim assim correr nessa pista. Meninas, saiam da frente que lá vou eu!”, disse a potranca, que saiu costurando as rivais, uma a uma.
Quase no mesmo instante, Miss Aura, pela cerca interna, progredia com grande ação e comemorava ao escutar a empolgação do Casella pelo sistema de alto-falantes. “Ainda bem que voltarei a vencer. Quero levar minha primeira taça para a cocheira”, suspirava a tordilha, que também “estreava” na areia paulista.
Sendo que antes de chegar ao disco, ela foi surpreendida com uma obstinada Flight Fenix, que a ultrapassou sem pena. “Desculpa Miss Aura, mas estou adorando correr nessa raia. A sua vitória fica para uma outra oportunidade, porquê a taça de hoje, é minha”, e deu adeus a rival para cruzar o disco com um corpo de vantagem.
Depois do páreo, Flight Fenix apenas comentou. “Estava insegura, com medo de escorregar e pisar em algum buraco, sem falar que odiei tomar areia na cara. Mas não fui forçada a correr hora nenhuma pelo Santana. Isso me deu segurança, pois não apanhei. Ele apenas me colocou num terreno mais firme, afrouxou as mãos e se equilibrou. Sinceridade, até gostei de correr na chuva”, sorriu a campeã da cocheira de Alexandre Garcia Correa.
Agora, é aguardar pelos próximos capítulos do duelo da Re Thong com as paulistas e do novo desafio de Flight Fenix, seja na areia ou na grama.
2 comentários:
Karol,
Pois é, dizem por aí, que não tem mais bairrismo e essa coisa de paulista x carioca é lenda etc... Mas a verdade é que ninguém de lá gosta de perder pros daqui e vice-versa. Mas duvido que alguém na "Terra da Garoa" consiga conversar com os "bichos"...hehehehe!
Ei Karol, me mande um pouco dessa alfafa que você fumou!!! Conversar com cavalos? Olha, tempos atrás eu conversei com dinossauro e rinoceronte após ter consumido materiais pesados, mas cavalo ainda não tive a chance...
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