quinta-feira, 3 de abril de 2008

Olhar de Raio X urgente

Os leitores podem estar surpresos com o título do blog desta semana, sendo que logo irão entender o motivo.

Aos leigos, porém interessados no que pensam os cavalos de corrida, é importante frisar que todo cavalo (acredito que os cachorros também) consegue enxergar no escuro total. Por isso que os treinamentos dos mesmos começam muito antes de surgirem os primeiros raios de sol.

Lógico que os treinadores só fazem trabalhos de tempo quando já conseguem enxergar alguma coisa, pois são seres-humanos e não eqüinos, necessitando de luz para ver alguma coisa.

Por quê todas essas explicações? Simples caro leitor, pelo ocorrido na última quinta-feira, no Hipódromo do Cristal.

Quem não acompanhou o 3º páreo do programa gaúcho do dia 27 de março, fez o mesmo de quem acompanhou, ou seja, não viu nada!

Por isso, fiz questão de entrar em contato com Double Blade, o vencedor da carreira, para que o mesmo contasse o que realmente aconteceu durante o páreo, visto que o locutor local só conseguiu se desculpar perante os turfistas, mas realmente não teve culpa, a imagem era clara, ou melhor escura, ou melhor ainda, sem imagem.

“Tchê, me senti o Seabiscuit (foto) no dia do treinamento para o grande duelo com War Admiral. No filme, que eu assisti na cocheira, mostra bem que apenas nós, cavalos, conseguimos ver alguma coisa no escuro total, pois o homem-aranha (referência ao Tobey Maguire, que interpretou o jóquei) estava morrendo de medo ao subir no dorso de Seabiscuit para treinar no breu. Na quinta-feira passada, o temporal que caiu em Porto Alegre não foi brincadeira, por isso a escuridão invadiu a raia e eu me senti como o grande cavalo americano”, contou o 4 anos.

O filho de Notation e Dolce y Gaby (Hangar), criado pelo Haras Quero-Quero do Sul, ‘narrou’ como foi a corrida.

“O locutor do Jockey Club do Rio Grande do Sul que me desculpe, mas ele não viu nada. Em momento algum tive a vitória ameaçada pelo Columério. Larguei na ponta tranqüilo, tomando só água na cara da chuva e jogando lama em quem estava atrás. O nevoeiro era grande, mas estava próximo da cerca interna, então sabia o que estava fazendo e por onde tinha que seguir. Sentia apenas o A. Santana se equilibrar sobre meu dorso, com certeza também estava com medo, pois não deveria enxergar nada (até perguntei a ele como estava, mas acho que ele não entende o que eu falo, paciência). Ao entrar na reta final, o Columério tentou chegar perto. Como tinha luz nos metros decisivos, mostrei ao jóquei que estava pronto para finalizar o páreo e o mesmo me deixou a vontade. Ganhei fácil, por quase cinco corpos e, em momento algum, me senti ameaçado pelo Columério, conforme ouvi o locutor falar”, retrucou Double Blade.

Sendo que não senti chateação na voz do defensor de Atilano Zambrano Neto por conta do erro do locutor do JCRGS, no qual o mesmo foi logo respondendo.

“De forma alguma fiquei chateado com ele. Afinal de contas, que eu saiba, o único ser-humano que consegue enxergar como nós, cavalos, é o super-homem, graças a visão de Raio X. Sendo que o clube gaúcho não teria condições financeiras de contratar o homem-de-aço para narrar as corridas né? Então, tá perdoado o locutor local tchê”, brincou.

Sem dúvidas, o pensionista de S. Rodrigues venceu de forma tranqüila o GP Estado do Rio Grande do Sul (L.-2200mA), mas se os temporais continuarem em Porto Alegre e os postes de luzes do Jockey Club do Rio Grande do Sul não forem trocados em breve, logo, logo os profissionais terão que conseguir óculos com visão noturna para continuarem a trabalhar, assim como os turfistas que queiram observar as performances dos cavalos na raia gaúcha.

APAGÃO TOTAL NO MINISTÉRIO

Os amantes dos cavalos de corrida também ficaram ‘cegos’ de raiva com a atitude do Ministério da Agricultura do último dia 28 de março e só publicada no dia 31: de revogar a Instrução Normativa nº 21, que permitia o Simulcasting Internacional no Brasil.

Ou seja, a Caixa Econômica Federal avança mais uma vez com o desejo único de dominar todas as apostas no país. Conseguiu, junto à Advocacia Geral da União, que o ministro Reinold Stephanes cancelasse o Simulcasting Internacional sem que o mesmo ouvisse os reais interessados na modalidade de apostas, ou seja, os Jockeys Clubs e os turfistas, visto que os mesmos não teriam condição alguma de entender os cavalos.

Por conta disso, fiz questão de saber da repercurssão da notícia nas cocheiras e as reclamações foram enormes.

“Como vou poder acompanhar a corrida em Santa Anita Park agora, afinal de contas, desejo ir para lá um dia, mas enquanto não vou, fico sonhando, observando as carreiras pela televisão da loja Turff Bet & Sports Bar”, protestou Barèges, potranca de 3 anos que mora na Gávea.

Quem também reclamou muito da retirada do sinal foi a estreante Mega Luz. “Morava em São Paulo e lá não tinha sinal internacional. Vim para o Rio empolgada para assistir e saber como funcionam as corridas fora do Brasil. Fui pega de surpresa!”

“Assim como alguns jovens atletas humanos curtem assistir o futebol na Europa e sonham um dia poderem ser contratados e levados para lá, nós cavalos também temos a vontade de um dia competir nas principais provas do turfe mundial. Foi fantástico assistir as corridas de Dubai na semana anterior. Me senti lá. Agora, esse prazer me foi tirado. É uma pena!”, lastimou Silver Dodge, de apenas 2 anos.

É leitores, chegamos num ponto em que os binóculos do turfe precisam ter visão noturna e de óculos serem entregues aos políticos brasileiros, para que os mesmos passem a enxergar o turfe nacional não como jogo de azar e sim como uma importante fonte de renda, que emprega milhares de pessoas, ajuda a fomentar a criação de PSI, entre outras positivas funções.

1000 VISITAS

Não poderia deixar de encerrar esse blog sem agradecer aos fiéis leitores, que todas as quintas vêm prestigiar o CERCA MÓVEL. Esta é a 23ª postagem e em quase seis meses no ar, fico feliz em saber que ao menos 1000 pessoas curtiram algumas das ‘estórias’ aqui contadas.

Aguardo a companhia de vocês por mais algum tempo, afinal de contas, aqui os cavalos são ouvidos de verdade.

3 comentários:

Marco Aurélio Ribeiro disse...

Karol, parabéns pelos 1.000 acessos. Seu blog, realmente, é diferenciado. Continue firme ouvindo os cavaloa!

Mais sucesso, é o que deseja o matungo!

Unknown disse...

Parabéns talentosa e profissional de imenso coraçÃo que tu és! Parabéns pelos 1000 acessos e te aguardo na foto da vitória dos 10000!!! P.s - Es a "cegueira"" fossem apenas oriundas dos refletores do cristal nem seria o maior problema,o turfe emprega milhares de pessoas e ficamos aqui na torcida para que o mesmos seja encarado como merece com dignidade e apreço!

Anônimo disse...

adorei Karol!!! que as luzes voltem a iluminar o Cristal e o nosso turfe no Brasil todo. Beijo!