quinta-feira, 24 de abril de 2008

Quando a lei da natureza fala mais forte

Olá amigos leitores, diferente de outras semanas, quando procuro traduzir o que os cavalos clássicos costumam fazer, hoje irei falar de um páreo de claming em especial, ocorrido na última segunda-feira, no Hipódromo da Gávea.

Lógico que o festival de claiming talvez tenha sido um marco para o turfe brasileiro, pois desde outubro de 1999, quando ingressei no mundo das corridas, que observo pela primeira vez uma reunião com 10 páreos, onde nove são de claiming. Só me restou uma dúvida: porquê não todos os páreos? Será que faltou cavalo interessado em trocar de cocheira?

Bem, mas vamos ao que interessa, aos cavalos e à corrida.

No 4º páreo do programa, uma milha na raia de areia (era para ser grama, mas toda a programação foi também trocada no dia), o ditado "os últimos serão os primeiros" combina perfeitamente com o que ocorreu.

Homem da Lei, o nosso destaque da semana, topou falar sobre a corrida em que literalmente decolou nos metros decisivos para vencer.

"Puxa, desde novembro de 2006 que não participo de provas clássicas! Para mim é uma surpresa estar sendo lembrado no CERCA MÓVEL", agradeceu o defensor de Leopoldo José Cury, por coincidência, também treinador do alazão e que na última semana de corridas, teve 100% de aproveitamento.

Bem, após eu deixar claro para Homem da Lei que aqui no CERCA MÓVEL o que importa são sempre os cavalos, não importando se são ou não clássicos, o mesmo decidiu continuar.

"Naquele dia, não estava muito disposto ao trabalho. Puxa, era feriado nacional, eu queria era curtir minha cocheira, o ar puro da serra, mas quando me dei conta, já estava sendo embarcado no caminhão, com destino ao Hipódromo da Gávea. No caminho, me senti meio enjoado, porque na noite anterior, por ter sido véspera de feriado, decidi participar de uma festa na cocheira ao lado e acabei me excedendo nos comes e bebes. Bem, ai já viu, desce a serra, o remelexo do caminhão, a diferença de pressão, enfim, cheguei na Gávea totalmente enjoado", revelou o cavalo de 5 anos.

Durante o cânter para o 4º páreo, Homem da Lei demonstrava que não estava muito disposto a correr.

"Gosto muito de ser conduzido pelo Carlos Lavor, que já havia me conduzido nas duas primeiras corridas que fiz na Gávea, mas a minha barriga doía muito. Sabia, bem no fundo, que a culpa era de uma alfafa estranha que haviam servido na festa. Estava me sentindo inchado, mas lá fui alinhar para a carreira mesmo assim", falou, após fazer uma careta. Parecia que voltava a sentir as mesmas dores na barriga.

Sem a presença de Que Pacto e Gidaz, a pista de areia ficou bem espaçosa, pois apenas seis competidores alinharam para a prova, sendo um deles, como diria o Pedro Bial, o nosso herói Homem da Lei.

Dada a largada da prova, ficou claro que o pilotado de Lavor não estava nem um pouco interessado em correr.

"Eu vi o És Simpático disparar na frente, seguido de Ojos Claros lá pela cerca de fora, com Xexano e Risco Zero também próximos. Eu só larguei porquê o Lavor pediu, pois por mim, continuava dentro do box", confessa.

Enquanto os competidores continuavam abrindo vantagem e tentando ir ao encontro do ponteiro És Simpático, Homem da Lei ia ficando cada vez mais para trás.

"Juro que teve uma hora durante a reta oposta e a curva que não conseguia enxergar o ponteiro És Simpático, tamanha a distância que estávamos um do outro. Foi quando na metade da curva, aconteceu. Minha barriga começou a dar uns tremeliques estranhos e percebi que necessitava urgente de um banheiro. Como sou um cavalo de respeito, detentor de colocações clássicas, inclusive em Grupo 1, ficaria feio sujar à raia da Gávea durante o páreo, sendo filmado para todo o país. Então, por junto à cerca interna, tratei de aumentar o passo. Te garanto que nunca imaginei que pudesse alcançar És Simpático, pois nossa diferença deve ter chegado a uns 20 corpos, mas a pista de areia tinha diversos espaços vazios e tratei de ir costurando um a um os rivais", relembra, ele que ao correr os primeiros 100 metros da reta final, já tinha deixado dois competidores para trás e emparelhado na terceira posição.

"Vi o És Simpático ser ameaçado por Xexano nos metros decisivos, mas não tive como me conter e atrapalhei a conquista do defensor do Stud Palura e os turfistas que o haviam eleito favorito absoluto. Lembro que o Lavor procurava o lado da raia com o menor tráfego, pois eu corria feito um louco, então ele se equilibrava sobre o meu dorso e só desviava dos outros competidores. Eu estava desesperado para sair logo da raia e tirar aquele ‘peso’ de dentro de mim. Para se ter uma idéia, só fui saber que venci a prova, depois que me chamaram para a foto da vitória. Mas naquele momento, já havia me aliviado", conta aos sorrisos, o cavalo de 522kg.

Mesmo com um motivo um pouco "estranho" para ganhar uma corrida, o que vale é que o filho de Shudanz e Gold Funds (Rêve Doré), criado pelo Interbanc Agropecuária Ltda., garantiu a quinta vitória da campanha, sendo a segunda no Hipódromo da Gávea.

"Sem dúvidas, o destino me pregou uma peça na última segunda para que eu voltasse a ser notícia, visto que no passado, era sempre bem comentado. Já defendi as cores do Marcio Toledo, presidente do clube paulista, que também me criou. Lembro que na minha primeira incursão clássica, em 2005, fui 3º no GP Juliano Martins (G1-1600mG) para Parfum Parfait (o vencedor) e Éumsonho, a apenas 2 corpos. No mesmo ano, durante a realização da Quádrupla Coroa Paulista, obtive as 2ª e 3ª colocações nos GP’s Jockey Club de São Paulo (G1-2000mG) e Consagração (G1-3000mG). Em 2006, fui 4º colocado no Clássico Antonio da Silva Prado (L.-2400mG). Depois de ficar um bom tempo sem nenhuma grande exibição, fui negociado e trazido para o Rio de Janeiro em setembro de 2007. Esse ano começou diferente para mim, pois venci na primeira inscrição, em 21 de janeiro. Agora, essa vitória da última segunda-feira, apesar de ter sido por motivos de forças maiores, também me rendeu meu minuto de fama", encerrou satisfeito o Homem da Lei, que com certeza deverá voltar a brilhar em breve, pois categoria e classe não lhe faltam.

2 comentários:

Marco Aurélio Ribeiro disse...

Resumo da ópera: cavalo com dor de barriga corre mais. Haja laxante...Ah Karol, só você mesmo para arrumar uma história dessas...

O matungão já bolou o título da próxima coluna: "Cavalo vence linda prova e solta um barro legal em seguida" (hehehe).

Anônimo disse...

ADOREI Karol!!!!
beijos
P