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Como prêmio, fui até o Centro de Treinamento Vale do Itajara para conversar pessoalmente com Jeune-Turc. O recente campeão do Grande Prêmio São Paulo 2008 (G1-2400mG) me recebeu em sua cocheira e trocou algumas palavras sobre a conquista tão importante da campanha.
“Que bom te receber por aqui minha amiga. Nem conversamos muito em São Paulo, tamanha a correria. Eu também só cheguei na véspera da prova e fui embora no dia seguinte, bem cedo”, foi falando Jeune-Turc ao me ver.
O potro do Stud Ced, que está prestes a mudar dos 3 para os 4 anos de idade (ao virar o ano-hípico), também reclamou da não atualização do BLOG na última semana, mas entendeu minhas desculpas.
Como ele começou falando das dificuldades e da correria que foi sua chegada em Cidade Jardim, vitória no GP São Paulo e retorno ao Rio de Janeiro na semana máxima paulista, quis que o mesmo relatasse como fez para superar todas elas.
“Estou acostumado com o método de trabalho do treinador Venâncio Nahid. Já havia viajado para São Paulo duas vezes em 2007. Em ambas ocasiões, também cheguei no dia anterior da prova e acabei obtendo a 4ª posição”, relembra dos GP’s Presidente José de Souza Queiroz (G2-1400mG), em abril, e do Derby Paulista (G1-2400mG), em novembro.
Bem, como nas experiências anteriores ele não havia vencido, questionei se o mesmo não ficou surpreso por mais uma vez usar o mesmo método.
“De forma alguma. Eu até prefiro. Adoro a minha cocheira, o meu box. Então, concordo em viajar, atuar e logo voltar para casa. Por isso que não tem para quê mudar o método. Além de quê, sempre ganho umas folgas após uma viagem longa”, entregou Jeune-Turc, e lógico que quis saber que tipo de ‘folga’ é essa.
Sorrindo, ele explicou. “Vou dar o exemplo mais próximo, que foi da minha vitória no GP São Paulo, ok? Quando voltei para a minha cocheira na segunda-feira, dia posterior à importante conquista, não precisei trabalhar. Só fiquei no bem bom, comendo do bom e do melhor e recebendo muitos afagos. Aliás, até a La Vendetta (vencedora do GP Osaf) passou a vir me visitar, mas isso não vem ao caso (suspira). Bem, só voltei para a raia na sexta-feira, mesmo assim para trotar um pouco.”
Pedi para o filho de Know Heights e Creature Du Ciel (Machiavellian), criado pelo Haras Fronteira, contasse sobre a sua corrida no GP São Paulo.
“Foi uma corrida onde tudo deu certo. Larguei bem com o TJ no meu dorso e quando vi Paul Garden, Fort Wilderness e Uno Campione se ‘estapeando’ pela ponta, fui mantido entre as 7ª e 8ª posições. Por lá fiquei, só observando o train de Uno Campione e Paul Garden, ambos querendo disparar e esquecendo que o páreo era em 2.400 metros. Na reta oposta, senti a presença de Quick Road próximo a mim, também no meio do lote.
Na última curva, ainda era o 7º, mas quando entramos na reta final, Dear-Est abriu e deixou uma passagem maravilhosa para mim. O TJ só precisou me ajustar e o resto fiz sozinho, pois passados 200 metros, eu já dominava a situação sem dificuldade e, sem ver ninguém na minha frente, tratei de correr muito para cruzar o disco em primeiro.”
Perguntei se ele sentiu a aproximação de Biólogo e de Naperon, respectivamente 3º e 2º lugares na prova. “Te confesso que senti a presença de Biólogo, que vinha mais aberto, pelo meu lado direito, mas me assustei com o Naperon, que chegou voando pelo meu lado esquerdo, coladinho à cerca interna. Ele, eu realmente não tinha visto. Mas acredito que o TJ estava atento, pois comemorou sem se preocupar, ou seja, não tinha mais terreno para o Naperon tentar mais alguma coisa.”
Bem, pelo que Jeune-Turc tinha acabado de confessar, tratei de saber se estaria disposto a um reencontro com Naperon, que é seu irmão paterno.
“Não gosto de desmerecer os rivais, principalmente um meio irmão. Confessei que não vi a aproximação dele, mas se tivesse visto, com certeza ainda tinha reservas para não deixa-lo me passar em hipótese alguma.”
Sobre os planos futuros, Jeune-Turc confessa que seu maior desejo é ganhar o GP Brasil (G1-2400mG), em agosto próximo, no Hipódromo da Gávea.
“Sei que meu destino será as pistas americanas. Como não fiquei em São Paulo após a corrida, é bem provável que meus responsáveis permitam que eu corra mais um pouco por aqui, caso contrário, teria pego o mesmo avião do meu amigo Fluke e seguido para a América do Norte. Sou muito nacionalista, gosto do meu país e das corridas daqui. Espero continuar no Vale do Itajara até a realização do GP Brasil ao menos. Nessa semana, inclusive, voltei a galopar na distância, mas sem muito esforço, só para manter o ritmo.”
Quis saber se ele tinha visto o ocorrido entre Quick Road e Fort Wilderness durante a reta final do GP São Paulo, no que me respondeu.
“Impossível eu ver. Estava entre as linhas 5 e 6, liderando a prova, o desentendimento dos dois ocorreu na cerca interna. Assisti o vídeo e vi que ambos perderam a cabeça. Quick Road quis passar num espaço que não existia, Fort Wilderness não permitiu e empinou, quase derrubando o seu jóquei, enfim, ainda bem que eu não estava próximo, mas são coisas que podem acontecer num páreo cheio de cavalos.”
Como a diferença do 15º colocado (Dear-Est) para Jeune-Turc foi de apenas seis corpos, questionei se no Brasil a corrida não será mais dura.
“Tanto o GP São Paulo, quanto o GP Brasil são provas que qualquer cavalo de corrida nascido no país pretende ganhar. O equilíbrio é a marca registrada. Se em Cidade Jardim já foi emocionante, na Gávea deverá ser muito mais. Por isso que quero participar e repetir a dose, se der”, encerrou o castanho, deixando claro que quer continuar no país até a prova máxima carioca.
Os turfistas agradecem!
CRISTIANA STARINA
Na próxima semana, pretendo conversar com a égua Cristiana Starina, afinal de contas, em menos de cinco dias, ganhou dois páreos na raia de areia carioca. Merece ser mencionada no CERCA MÓVEL.