quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Éguas fazem a festa do Matungo

Olá leitores fiéis (não que sejam corinthianos, mas por passarem aqui semanalmente, para entender um pouco mais sobre o que se passa na cabeça dos cavalos de corrida). Após a semana do Grande Prêmio Brasil, todas as atenções dos turfistas brasileiros ficaram em São Paulo, com a realização do GP Barão de Piracicaba (G1-1600mG), a primeira etapa da Tríplice Coroa de potrancas.

Tanta Honra descontou pelos cariocas, que perderam pelo terceiro ano consecutivo o BRASIL para um paulista (Top Hat este ano), e tratou de mostrar o porquê é a líder entre as potrancas do Jockey Club Brasileiro.

A filha de Crimson Tide será a atração da próxima coluna com todos os méritos, mas não tive como fugir da alegria esfuziante das éguas Japyhara e Cascoxa após a realização do 4º páreo da programação da última sexta-feira, no Hipódromo da Gávea. E foi com elas que conversei, pois vi tudo o que rolou com as pensionistas de Valdemir Pedersen durante a corrida.

Dada a largada, Cascoxa, que largou pela baliza 7, dando vantagem a todas as rivais, saiu gritando. “Saiam da frente que lá vou eu!”, avisou às competidoras que largaram por dentro. Antes de encerrar a reta oposta, a filha de Know Heights e Na Brasa (Hostage), criada pela Agro Pastoril Haras São Luiz, já assumia o train de carreira.

Enquanto isso, mesmo saindo da baliza 4, Japyhara se viu em maus lençóis. Tomava muita areia na cara e chegou a se engasgar. Com Dalto Duarte sobre o dorso, mostrou que por ali não tinha como continuar em carreira.

Resultado, fez com que o jóquei a conduzisse um pouco mais aberta. “Ainda bem que estás me entendendo. Caso contrário, eu iria fazer você comer um quilo de areia”, ainda reclamava Japyhara, sem saber se Dalto entendia ou não o que ela falava.

Enquanto isso, ainda na ponta, Cascoxa entrava firme na reta final, mas logo começou a sentir a pressão de Mona Lisa, enquanto a favorita La Espadana também tentava uma aproximação.

Me assustei com a atitude de Japyhara na altura dos 350 metros finais. “Segura as pontas aí Cascoxa, que agora é a nossa vez”. Acabado de falar, a filha de Fritz e Play-Rumba (Thundering Force), criada por Fabio Linck Waihrich, começou a avançar de forma avassaladora.

No começo, estava na frente de apenas uma competidora. Passados mais 100 metros, já assumia a ponta e voava para vencer com grande facilidade, abrindo 4 ½ corpos ao cruzar o disco.

Sendo que antes de garantir a segunda vitória da campanha, ao passar por Cascoxa, Japyhara deixou um aviso. “Não deixe a peteca cair. Vamos fazer o combinado.”
Mesmo ainda sofrendo grande pressão por parte de Mona Lisa, Cascoxa conseguiu chegar na dupla e formar a dobradinha para Marco Aurélio Cardoso Ribeiro.

Entusiasmada com o final da carreira, tratei de abordar as defensoras da farda rubro-negra para descobrir o que era o tal “combinado”, no que fui logo respondida pela campeã Japyhara.

“Andávamos chateadas com nossas últimas atuações. Também andávamos muito mal por não atendermos as perspectivas do nosso proprietário Marco Aurélio Ribeiro. O patrão multi-funcional (locutor, jornalista, treinador, autor, etc.) faz de tudo por nós. Gasta com nosso trato, sempre aparece na cocheira para nos dar carinho e, em carreira, só o decepcionávamos.

Pior foi vê-lo em ação no sábado da semana internacional carioca. O cara deu um show de transmissão e, como craque que é, deveria nos mandar para fora da cocheira, pois também merece campeões (lamentava). Contudo, ele continuou confiando na gente. Por isso combinamos de presenteá-lo com a primeira dobradinha da farda rubro-negra no Hipódromo da Gávea”, explicou Japyhara.

Cascoxa também fez questão de deixar seu recado. “Além de tudo o que a Japyhara falou, tem algo de mais importante ainda. O patrão multi-funcional pode até não falar com os cavalos, mas é o único que assina, sem vergonha, como um eqüino. Afinal de contas, ele é o Matungão mais craque que eu conheço e tenho prazer de correr com sua farda”, encerrou, saindo rápido para a foto da vitória.

No winner-circle (foto), o Matungo-humano estava lá, todo eufórico, segurando suas duas éguas (para muitos matunguinhas), que para ele, com certeza, são craques (ou ao menos foram naquela noite).

Parabéns Marco Aurélio Cardoso Ribeiro e obrigada Japyhara e Cascoxa pela bela demonstração de carinho com o chefe (afinal de contas, patrão é patrão!).

Até a próxima semana!

2 comentários:

Marco Aurélio Ribeiro disse...

Ah Karol,

Só você mesmo. Lembro que há algumas colunas suas atrás, eu disse que proibiria qualquer cavalo meu de falar contigo...Mas não tem jeito mesmo, estas duas sem vergonhas não resistiram. Bem que estavam esquisitas na cocheira, me olhando de lado.

Obrigado pela homenagem, minha amiga.

Fui...

Anônimo disse...

Ah Karol ... só vc mesmo ...