Leitores, nesta edição precisei voltar a origem deste blog e dar voz apenas aos cavalos puro-sangue inglês. Aliás, o objetivo deste espaço sempre foi ser o local deles (PSI) soltarem a voz e falarem tudo o que pensam. Por conta disso, ao invés de ouvirmos/lermos os depoimentos do vencedor Tônemaí, iremos entender o que ocorreu com a atuação do Grapette Repete no último domingo, no Hipódromo da Gávea, quando da realização do GP João Borges Filho (G2-2400mG).
“Ainda bem que nos últimos anos existe o CERCA MÓVEL. Aqui me sinto seguro em falar a verdade, sem sofrer represálias de um ou outro cavalo”, começou Grapette Repete.
“Não me sinto nem um pouco culpado por tudo o que ocorreu no desenrolar do Grande Prêmio João Borges Filho. Tinha noção que os seis adversários estavam buscando o melhor preparo para o Grande Prêmio São Paulo 2012 (G1-2400mG), que assim como o Grande Prêmio Brasil (G1-2400mG) representa uma das principais provas do turfe brasileiro.
Sendo que além de competir na preparatória para a prova máxima paulista, vale lembrar que eu estava voltando aos 2.400 metros da pista de grama carioca, terreno que eu não pisava desde setembro de 2011.
Apesar do meu bom desempenho na areia paulista, de onde trazia uma vitória em prova de Grupo 2, me senti muito humilhado perante os meus adversários. Na verdade, perante um inimigo. O cavalo Tônemaí!.
Sabia que ele poderia pintar como um dos favoritos da carreira, como assim ocorreu. Ele foi o 2° mais apostado, ficando atrás apenas de Anakin. Sendo que antes mesmo de alinhar, ele já demonstrou quem era.
Tanto eu (Grapette Repete) quanto Tônemaí moramos no mesmo Centro de Treinamento do Vale do Itajara, em Pedro do Rio, Itaipava. Sendo que sempre respeitei meus adversários e, principalmente os cavalos mais novos.
Sendo que Tônemaí está completamente modificado. Talvez o fato de defender as cores do presidente do Jockey Club Brasileiro (Stud Lecca), tenha feito com que tenha modificado suas origens. Ou, pior de tudo, esteja se achando mais do que realmente é.
Quando voltei de São Paulo, trazendo a vitória no GP Piratininga (G2-2200mA), recebi o abraço e o apoio de todos da cocheira do Venâncio Nahid (meu treinador) e também dos vizinhos das cocheiras de Cosme Morgado Neto e Leonardo Ferreira dos Reis.
Tônemaí não gostou nem um pouco de eu ter me tornado o centro das atenções desde março. E olha que tinha vencido na areia paulista.
Quando comecei a trabalhar para correr na milha e meia carioca da grama, comecei a sofrer perseguição dele. Piadinha já fazia parte do meu amanhecer. Sendo que sou filho de Know Heights e Buy Me Love (Jules). Nasci e defendo o Haras Doce Vale. Tenho filiação para a raia de grama, portanto não podia admitir tamanha falta de respeito de Tônemaí.
Por isso que agi daquela forma no último domingo.
Como não queria ferir ninguém, decidi derrubar o jóquei Henderson Fernandes logo na largada da carreira e passei a correr em parelha com meu companheiro de cocheira Godsmustbecrazy.
Ele (Godsmustbecrazy) durante vários pedaços do percurso falou comigo. Dizia ‘Pára Grapette Repete. Esquece suas desavenças. Você é superior a isso. Descansa, larga esta corrida e guarde reservas para o próximo encontro com Tônemaí’.
Sendo que eu respondia. ‘Nunca!’.
Ao entrar na reta final, assim que Godsmustbecrazy começou a diminuir o ritmo, passei a cuidar exclusivamente de Tônemaí. Quando vi que ele vinha mais aberto, não tive dúvidas e passei a abrir também.
Sendo que ele tinha um trunfo que eu não calculei: o jóquei Ilson Correa!
Chegamos a discutir, eu e Tônemaí no começo da reta final. Ele falava que ‘eu nunca seria páreo para ele. Que meu negócio era a pista de areia e que iria passar por cima de mim’.
Fala sério. Ter de ouvir isto de um cavalo de mesma idade que eu, assim, descaradamente, na frente de todos os outros corredores? Não merecia, e por isso respondi que ele teria a chance de me passar, desde que tivesse qualidade para isso.
Por isso que eu abri para prejudicá-lo. Sendo que Ilson Correa foi esperto ao conseguir parar Tônemaí e re-acelerá-lo nos metros decisivos. Tônemaí pode até ter batido o potro Avattore, mas podem conferir que no disco final eu ainda cruzei o disco na frente.
A verdade é que isso ele teve de engolir e espero, profundamente, que nosso próximo encontro seja em maio, no GP São Paulo, para que eu possa deixá-lo comendo poeira. Bebi inclusive uma coca-cola no final da carreira de domingo, na Gávea, para me acalmar. Portanto, se eu puder beber coca-cola, mesmo sendo Grapette Repete, Tônemaí que me aguarde em maio.”
Encerrou Grapette Repete, de criação e propriedade do Haras Doce Vale.
O próximo reencontro destes cavalos de 5 anos estarei aguardando e pronta para decifrar para vocês, fiéis leitores do CERCA MÓVEL.
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