Olá leitores, desculpem pela demora na atualização, mas aqui estamos por mais uma semana e o tema escolhido fui buscar de longe, fora das pistas brasileiras, pegando carona em uma matéria da TV Globo, exibida na manhã do último domingo, sobre as corridas da Dubai World Cup, realizadas no dia 29 de março.
A equipe de jornalistas falou sobre o dia da corrida, dos modos dos turfistas que freqüentam o Hipódromo de Nad Al Sheba e do melhor cavalo do mundo da atualidade, Curlin. Para quem deseja assistir a matéria, basta clicar em http://video.globo.com/Videos/Player/Esportes/0,,GIM815059-7824-CORRIDA+DE+CAVALOS+E+ATRACAO+EM+DUBAI,00.html.
Sendo que o que mais me impressionou no desenrolar do noticiário foi a aparição de Curlin, o grande astro do momento, ao lado de Poncho. O tordilho é o grande amigo do filho de Smart Strike e Sherriff’s Deputy (Deputy Minister), de propriedade da Midnight Cry Stables & Stonestreet Farm.
Agora vocês devem estar me perguntando, mas porquê esse interesse? É simples. Vasculhei toda a internet para descobrir a filiação ou qualquer outra informação sobre Poncho e não consegui. Então decidi entrar em contato com o próprio Curlin. O 4 anos, detentor de 11 vitórias na campanha, sendo quatro em Grupo 1, e quase US$ 9 milhões em prêmios, ficou feliz com o contato.
“Está mais do que na hora de reverenciar o meu amigo Poncho. Até hoje não sei o nome dos pais dele, pois o mesmo não gosta de falar sobre isso. Sendo que é o único que me entende, por isso sempre está comigo. É o meu assessor pessoal”, revelou o cavalo do ano.
Em todas as viagens que Curlin necessita fazer, Poncho sempre está presente. É um amigo fiel.
“As pessoas podem não entender muito bem, mas sou um cavalo inseguro, por isso que não iniciei a campanha aos 2 anos. Adorava correr, mas como sou muito tímido e não sabia controlar essa timidez, quase machuquei muita gente que vinha me observar no box. Até o dia que o meu treinador, Steven Asmussen, o trouxe para a cocheira. Poncho conversou pouco, mas o suficiente para conquistar minha confiança, desde então, passou a ser um amigo inseparável.”, relembra o campeão, que após o encontro e o surgimento da amizade, passou a mostrar seu valor na raia.
No último compromisso do cavalo, nos Emirados Árabes, quem primeiro chegou em Nad Al Sheba para conferir a cocheira em que Curlin ficaria foi Poncho.
“Ele é muito correto! Chegou em Dubai, olhou as cocheiras, conferiu se tinha tudo o que eu precisava, depois me ligou e disse que podia viajar tranqüilo, que não teria problemas na estadia e que iria vencer mais um Grupo 1. Sorri e indaguei ao mesmo como sabia que eu venceria? No que o mesmo respondeu com um relincho. ‘Porquê quando você deitar nas camas que fazem aqui, vai ficar maluco. Eu estou adorando. Isso sem falar nas éguas árabes, tem cada uma’, brincou e desligou o telefone. Ele não é muito de falar, mas vez ou outra solta suas piadas”, concluiu Curlin.
O cavalo do ano nos Estados Unidos em 2007, confessa que o amigo tordilho, que não é Puro-Sangue Inglês, deveria ter tido mais oportunidades.
“Ele não é Puro-Sangue Inglês, mas é muito mais digno que muitos PSI. Devo todas as minhas conquistas à sua presença e aos seus conselhos. Para quem não sabe, eu estava disposto a não correr a Jockey Club Gold Cup (G1-2000mA), pois tinha corrido, e vencido, há 30 dias a Breeders’ Cup Classic (G1-2000mA). Não queria me desgastar, entende. Então estava na cocheira, sem vontade alguma de acordar cedo no dia seguinte para treinar, quando Poncho começou a falar, ‘não seja tolo, você está em grande forma, corra e vença, pois mais cedo do que pensas, estarás num haras, cobrindo as melhores éguas do mundo’. Essas palavras foram, sem dúvidas, a animação que eu precisava. Acordei na madrugada, primeiro que Poncho, para ir à raia.”
A viagem para os Emirados Árabes não estava na lista de prioridades de Curlin, mas outra vez o amigo Poncho quem lhe pressionou. “Quando ouvi o boato na cocheira de que eu teria de encarar mais de 12 horas de vôo para correr do outro lado do mundo, me desanimei de tal forma que cheguei a perder 10kg numa noite. Sendo que me chega Poncho, com a cabeça toda enfaixada, perguntando se estava parecido com um sheik, porque estava pretendendo formar um harém em Nad Al Sheba e como era o melhor amigo do cavalo que iria roubar a festa árabe, já estava treinando. Ri muito naquele dia e me convenci de que tinha de ir à Dubai.”
A vitória na Dubai World Cup (G1-2000mA) foi uma das mais fáceis da campanha de Curlin, pois deixou o argentino Asiatic Boy, segundo colocado, com quase 8 corpos de diferença, a maior margem desde a criação da grande prova, há 13 anos. Marcou 2’00”15 para a distância, mesmo largando pela baliza 12.
O êxito foi o que faltava para a IFHA - Federação Internacional de Autoridades Hípicas – coloca-lo no topo do ranking, com 130 de rating, mas nem por isso Curlin esquece do velho amigo.
“Se cheguei onde estou, sou honesto em afirmar, foi graças à amizade de Poncho. O tordilho me ensinou a ser mais calmo, a dar valor a minha capacidade de correr, enfim é um excelente conselheiro. Encontrar um amigo verdadeiro no mundo das corridas é uma tarefa árdua, mas fui brindado com esse cavalo maravilhoso, do qual tenho a honra de chamar de amigo”, encerrou Curlin, quando Poncho, enfim, decidiu falar.
“É uma honra poder ser amigo de um craque como Curlin. Ele é uma fera na pista. Sendo que faltava a confiança em si mesmo. Hoje em dia, ele atura um velho cavalo tordilho como eu porque é um bom amigo. Se fosse outro, já teria me mandado embora, pois já não precisa de meus conselhos. Está com 4 anos, é experiente, ganhador internacional, enfim o cavalo do ano”, encerra Poncho, com uma lágrima no olho.
Sem dúvidas, o valor de uma verdadeira amizade, seja entre rico ou pobre, branco ou negro, PSI ou uma raça qualquer, rende ótimos frutos. Sendo assim leitores, siga o exemplo de Curlin e Poncho e preservem seus amigos leais, por mais distantes que os mesmos possam estar.
2 comentários:
O que o sucesso de um blog faz, hein Karol? Logo você que tem por norma ser "econômica", para não dizer...fazendo ligação internacional para conversar com cavalos nos EUA. Só pode ter sido de madrugada, que a tarifa é reduzida...Do jeito que você tá levando a sério o blog, só falta agora entrevistar o cavalo de São Jorge...e tá chegando o dia dele!
adoro tudo que vc escreve...e o Poncho...me emocionou...porque no fundo no fundo o Poncho vale mais para o Curlin do que todos esses milhões que ele ganha e ganhou. E assim é a vida né? Beijos
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