Estamos aqui novamente, plena quinta-feira, contando as horas para viajar para a Argentina, onde farei, por mais um ano, a cobertura de mais um festival internacional do Gran Premio Carlos Pellegrini (G1-2400mG). Infelizmente, não estive no Hipódromo do Tarumã no último domingo por ter perdido o vôo. Escutei muitas reclamações dos cavalos paranaenses, mas garanto que não foi por querer.
Acompanhei a festa do Jockey Club do Paraná pela televisão, mas não pude deixar de observar o pega que aconteceu durante a realização da prova central da reunião. Os cavalos passaram no cânter reclamando muito dos potros.
“Assim é mole! Carregar apenas 52kg sobre o dorso, por isso é o favorito. Devia correr logo sem ninguém conduzindo”, disse Starman, o primeiro a reclamar por ter de carregar 59kg do número 1 do mundo, Jorge Ricardo.
Uno Campione comprou a briga de Starman e emendou. “Pode crer. Vamos atuar no mesmo percurso e eles têm 7kg a menos sobre o corpo. Eu acabei de completar 4 anos. Merecia ao menos um diferencial”, sugeriu.
Ama-Tiri, um dos quatro potros anotados no Grande Prêmio Paraná (G1-2400mA) e escolhido favorito da carreira, mesmo estreando no Tarumã com João Moreira, fez pouco caso. “Vocês querem comparar a experiência de vocês com a nossa? Nós potros estamos encarando um desafio difícil, por correr contra vocês. Starman, por exemplo, você já venceu duas vezes o GP Bento Gonçalves (G1-2400mA) e ainda será conduzido por Jorge Ricardo. Vocês reclamam demais”, resumiu, recebendo o apoio de Hiper Pet e Madrileño. Tango Uno, também potro, preferiu nada falar.
Nesse clima, pouco amigável, os competidores foram alinhados na seta dos 2.400 metros.
Tango Uno, que não gastou nenhuma energia na discussão, mostrando total concentração na prova que estava para acontecer, foi buscar a ponta logo nos metros iniciais, cruzando o disco em primeiro na primeira passagem, posição que antes pertencia ao potro Ama-Tiri.
O potro do Haras Tango seguia na frente, sem grande problema, mas escutava os ataques dos cavalos Ocho El Negro e Uruguayo di Punta. “Sai da frente moleque. Fica fácil correr levinho né? Mas estamos aqui, na sua cola. Você vai cansar”, provocava Uruguayo di Punta.
Ocho El Negro percebeu que Tango Uno diminuiu o ritmo com a provocação e resolveu entrar no clima. “Ô menino, pense que você já fez a sua parte. Pode ir parando, não ficará feio para você, afinal de contas, ainda lhe falta experiência.”
Ama-Tiri, que estava próximo do grupo, se chateou profundamente com as palavras dos cavalos e tratou de dar a volta por cima. Começou a progredir durante a curva e entrou na reta final ocupando a primeira posição. Sem esquecer de provocar. “Quem diminuirá o ritmo serão vocês. Seus velhos!”
Starman falou para Ocho El Negro. “Vamos juntos amigos, não vamos permitir esse moleque falar o que quer. Pegaremos você Ama-Tiri”, ameaçou.
Ao ouvir a ameaça, Ama-Tiri tentou disparar na reta, mas faltou patas, talvez pelo nervosismo da provocação de Starman. Foi quanto Tango Uno entrou de vez, no ritmo da prova.
“Vamos parar com isso agora. Não queria desmerecer ninguém na prova. Mas agora chega. Vocês, cavalos, são todos uns bobos. Estamos no mesmo barco. Logo eu também serei cavalo, mas não pretendo ser infantil como vocês”, e pela linha 4, com os 52kg de Waldomiro Blandi nas costas, Tango Uno passou todos sem dificuldades, cruzando o disco com fáceis 2 corpos.
Ama-Tiri ainda conseguiu manter a dupla, para formar a dobradinha dos potros. Amigo Gaúcho, único cavalo que não se meteu na discussão em momento algum, atropelou e garantiu a 3ª posição, com Uno Campione e Starman no complemento do marcador. Ocho El Negro foi o 6º colocado.
Tango Uno, um filho de Redattore e Tina Lark (Tumble Lark), de criação e propriedade do Haras Tango, provou ser potro de muita categoria e presença. Falou comigo, após o páreo, por telefone.
“Uma pena você não ter vindo, mas o ocorrido na raia hoje serviu para mostrar que o mais importante nas corridas de cavalo é se preocuparmos em correr. Esse negócio de querer desestabilizar os rivais com palavras pode funcionar às vezes. Mas a concentração é tudo. Jamais esquecerei esta corrida, pois mesmo me desconcentrando com os ataques, consegui dar a volta por cima e levar o páreo. Ganhar é bom demais!”, concluiu.
Não pude deixar de conversar com meu amigo Starman, que fez algumas das provocações e se deu mal. Porém, chegou colocado.
“Eu sabia que a prova era mais dura do que o Bento Gonçalves (G1-2400mA). Estava bem fisicamente, mas um pouco pertubado. Tive um lance muito legal com Onadine, no período que fiquei no Rio Grande do Sul. Eu ganhei a prova máxima gaúcha e no mesmo dia ela venceu o clássico das fêmeas. Comemoramos juntos no dia, mas nossa relação era para ser algo escondido, pois estávamos nos conhecendo. Sendo que um cavalo saiu espalhando vários boatos pela vila hípica.
Enfim, o resultado foi que viajei para o Paraná sem ao menos ter a chance de me explicar e sei muito bem que os comentários desse indivíduo chegaram ao Rio de Janeiro. Com certeza, minhas chances com Ranger Girl foram por água abaixo. Mas ainda espero rever Onadine. Tudo isso na minha cabeça e no meu coração atrapalharam meu desempenho aqui, por isso fui grosso com os potros e os provoquei durante a carreira. Peço desculpas aos mesmos. A dobradinha de Tango Uno e Ama-Tiri foi mais que merecida”, encerrou meu amigo Starman, mais apaixonado do que nunca.
RANGER GIRL DÁ VOLTA POR CIMA
As expectativas de Starman de quê os boatos tinham ultrapassado os muros da Vila Hípica gaúcha se concretizaram no dia seguinte ao GP Paraná, quando na segunda-feira Ranger Girl entrou na raia do Hipódromo da Gávea.
Enfrentando um campo misto, com 10 competidores, onde apenas ela e La Nacha representavam a equipe feminina, a defensora do Stud Amigos da Barra não quis saber de brincadeira e venceu, sob o comando preciso de Marcelo Almeida.
“Starman é uma criança ainda. Não tivemos nada sério, até porquê me interesso por cavalos mais experientes. Correr em páreo misto é ótimo para mim, não sei porquê, mas meus adversários se preocupam mais em me ver correndo na frente do que em me ultrapassar”, falou inocentemente a ‘traseiruda da Gávea’. Aliás, corre boato solto que Ranger Girl e o colega de cocheira, Light of Loose, estão sendo vistos juntos mais que o normal.
Seria ele o cavalo experiente que anda deixando a cobiçada filha de Midnight Tiger e Barbiera (Pleasant Variety) interessada? Assim que obtiver a resposta, os leitores do CERCA MÓVEL saberão em primeira mão, afinal de contas, ultrapassamos os 6 mil acessos graças a todos vocês.
Obrigada, fui!
2 comentários:
Fala Karol,
Não vá dançar tango que seu negócio é samba! Boa viagem, bom trabalho e bom retorno. Se encontrar o Maradona dê um alô.
Fui!
Karol!
Tem gente aki no "Clistal" que pede um "dileito de lesposta"!!! Ele ficou triste que o "Stalmen" ficou xateado com ele, porque a intenção dele, diz ele, naum foi atrapalhar... e sim ajudar... ele disse que ficou compadecido da "histólia"...
Eu vou ver o que ele conta... hauahuahauhauahua!!!
Mas de mais a mais, Tango Uno mereceu ganhar, foi uma linda carreira!
Bjo!
Postar um comentário