quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Um final de semana emocionante em São Paulo

Olá leitores, na última semana havia informado que faria uma matéria com Joe Bravo, candidato à Tríplice Coroa carioca, sendo que não consegui encontrar o potro, por isso fico devendo. Por outro lado, teve dois páreos realizados no Jockey Club de São Paulo que me deixaram para lá de estupefata. Um a vencedora foi Chatte e no outro a notável Flight Fenix. Em ambos ocorreram fatos distintos, que conto em primeira mão para vocês.

SÁBADO: “UM DIA PARA SER ESQUECIDO”, RE THONG

O GP Presidente Hernani de Azevedo Silva (G2-1600mG) ocorreu no 6º páreo do programa de sábado em Cidade Jardim e era a prova de maior graduação da semana no eixo Rio/São Paulo. Re Thong havia viajado mais uma vez para São Paulo, cidade que estava invicta, sendo que antes não tivesse ido.

Acompanhei a corrida atenta a todos os detalhes e me impressionei com a determinação da égua do Stud Capitão, que largou na frente e avisando: “Meninas, cuidado, não vim aqui para brincadeira.”

A filha de Dancer Man e Lady Thong (Nindiano), cria do Haras Pemale do Sul, assumiu a ponta com Marco Mazini pela primeira ver sobre o dorso. Sendo que logo foi ultrapassada por Taverne, que forçava numa diagonal. “Tudo bem, pode ficar por ai por enquanto, mas saiba que estou logo atrás de você”, avisou Re Thong.

Leggera, que apesar de ter nascido no Rio Grande do Sul, adotou Cidade Jardim como a sua pátria, não gostou nem um pouco das indiretas de Re Thong e tratou de pertubar a alazã.

“Ô carioca! Pensa que pode ir chegando aqui e dando uma de gostosa? Se liga ou te tiro do páreo”, ameaçou a filha de Vettori, no que imediatamente recebeu a resposta da filha de Dancer Man. “Minha filha, nasci no Paraná para você que é desinformada. Mas, realmente, me considero uma típica carioca. Sendo que não é você quem vai me dizer o que fazer.”

A briga estava armada.

A defensora do Stud Farda Amiga não gostou nem um pouco da atitude de Re Thong e tratou de estreitar a passagem que deixaria a rival mais à vontade para entrar na curva, provocando: “Passa agora!”

O que Leggera não esperava é que a alazã não era de se intimidar e na mesma hora deu o troco. “Minha filha, passo por cima de você. Veja o meu tamanho e o seu. Te atropelo!”

As duas entraram trombando na curva, sendo que a força de Re Thong falou mais alto, pois logo após o contato físico, a defensora do Stud Capitão seguiu na corrida, enquanto que Leggera, dava por finda a sua participação.

Ao entrar na reta final, Taverne buscou a cerca externa e Re Thong aproveitou a situação para assumir a dianteira. “Calminha Taverne, pode vir para à cerca externa, mas antes, eu assumo a liderança da corrida, ok?”, desafiou a alazã, que ainda estava chateada com a atitude de Leggera e acabou desconcentrando-se, pois em vez de correr bem junto à cerca externa, onde a raia estava melhor, ficou correndo numa pista não muito firme.

Aproveitando-se do desconcerto da favorita carioca, Chatte procurou a melhor pista e de lá ultrapassou Re Thong. “Hey, mas como você está ai?”, ainda perguntou a pilotada de Marco Mazini, que quando foi preocupar-se com a defensora de Carlos dos Santos, não percebeu o ataque de Mary Rê, que acabou formando a dupla.

“Isso é um absurdo. Está mais do que na cara que a Leggera me provocou para me distrair e fazer com que a sua companheira de cocheira (Mary Rê) vencesse a prova. Para mim, esse complô é uma vergonha. Chatte se favoreceu de um ataque gratuito das criações do Haras Old Friends a minha pessoa. Bem, isso se a própria não estava envolvida!”, deixou no ar Re Thong após a corrida em que chegou em terceiro, quando voltava para o padoque.

Chatte se defendeu das acusações. “Não tenho nada com isso. Se Leggera e Mary Rê combinaram de atrapalhar a vida de Re Thong e a mesma caiu na armação, problema dela. Apenas corri o que sei. Nem cheguei perto dela, acho bom ela parar com essas insinuações”, ameaçou a campeã da prova, que é uma filha de Burooj e Charlot (Youth), de criação e propriedade de Carlos dos Santos.

“Isso é choro de perdedora, fala sério! Chega aqui toda cheia de pose, corre abaixo do esperado e fica procurando desculpas. Deixa disso garota, vai treinar e correr melhor que a gente”, provocou Leggera, que finalizou na última posição.

“Eu nem cheguei perto de você. Conheço a Leggera, sei que ela nasceu nos mesmos campos que eu, mas nem faço parte da turma dela. Ainda sou potranca, tenho 3 anos, fiz apenas a minha corrida, independente da sua. Acho injusto você (Re Thong) me acusar. Respeito as éguas mais velhas e as potrancas de minha idade, portanto acho melhor acabar com as acusações sem provas, ou terei de processá-la”, ameaçou Mary Rê, que é uma filha de Ghadeer e Itaquerê Mint (Clackson), de criação e propriedade do Haras Old Friends.

Mais calma, Re Thong pediu desculpas. “Chatte, foi mal! Estou de cabeça quente, mas sei que você não teve nada a ver com o que aconteceu aqui hoje (sábado). E antes que eu me esqueça, parabéns pela conquista. Sendo que foi muito estranho a Mary Rê ter conseguido chegar em segundo, depois da Leggera ter me provocado e se chocado comigo durante a corrida. Espero que os comissários de corrida analisem bem o páreo e dêem a ela (Leggera) a suspensão merecida”, encerrou a discussão, sem ao menos analisar as palavras de Mary Rê.

A única coisa que a pensionista de Claudio Peixoto de Almeida exigiu foi ir embora. “Vamos treinador, quero voltar para casa. Fui vítima de um ataque hoje, mas darei o troco um dia. Quem sabe em maio! Agora quero voltar para o Rio e me preparar para reencontra-las.”

DOMINGO: “ADOREI A RAIA DE AREIA”, FLIGHT FENIX

Depois da confusão do páreo da Re Thong, o dia seguinte no Hipódromo de Cidade Jardim serviria para coroar uma grande corredora, a potranca Flight Fenix no Clássico Erasmo T. de Assumpção (L.-1100mA).

A filha de Choctaw Ridge e Flight to Rome (Storm Bird), criada pelo Haras San Fracesco, devido à troca de raia, pisava pela primeira vez na areia. “Ai meu deus dos cavalinhos, que raia dura”, reclamou ainda no cânter.

Os apostadores, mesmo sem conseguir ouvi-la como eu, perceberam que a potranca estava estranhando o terreno e trataram de saca-la das suas acumuladas. Resultado, pule de R$ 11,00 ao fechar o guichê, mesmo vindo de dois êxitos consecutivos.

Ao ser dada a largada, a impressão dos turfistas tinham surtido efeito, pois enquanto Obsessão, Primeira Dama, Riponga e Regenerada saiam na frente, a defensora do Haras Europa sobrava para último.

“Está difícil correr nessa raia”, suplicava Flight Fenix na esperança que Ivaldo Santana a escutasse, enquanto isso, as ponteiras já entravam na variante. “Parem de jogar areia na minha cara”, reclamava, enquanto ficava ainda mais para trás.

Não sei senhores leitores se Ivaldo Santana tem o mesmo dom que eu de ouvir os eqüinos, porém o bridão conhece a potranca como poucos e talvez isso tenha feito a diferença num páreo que, ao meu ver, já estava perdido.

“Está bem Santana, não vou deixar você nem eu pagar mico, afinal de contas, tenho sangue de campeão nas veias (ela é irmã inteira de Forever Bond). Vamos lá, acho que consigo me acertar”, pude ler nos lábios de Flight Fenix, que aos poucos começava a pisar mais firme no terreno.

Ao entrar na reta final, a castanha já começava a sorrir. “Eita, não é tão ruim assim correr nessa pista. Meninas, saiam da frente que lá vou eu!”, disse a potranca, que saiu costurando as rivais, uma a uma.

Quase no mesmo instante, Miss Aura, pela cerca interna, progredia com grande ação e comemorava ao escutar a empolgação do Casella pelo sistema de alto-falantes. “Ainda bem que voltarei a vencer. Quero levar minha primeira taça para a cocheira”, suspirava a tordilha, que também “estreava” na areia paulista.

Sendo que antes de chegar ao disco, ela foi surpreendida com uma obstinada Flight Fenix, que a ultrapassou sem pena. “Desculpa Miss Aura, mas estou adorando correr nessa raia. A sua vitória fica para uma outra oportunidade, porquê a taça de hoje, é minha”, e deu adeus a rival para cruzar o disco com um corpo de vantagem.

Depois do páreo, Flight Fenix apenas comentou. “Estava insegura, com medo de escorregar e pisar em algum buraco, sem falar que odiei tomar areia na cara. Mas não fui forçada a correr hora nenhuma pelo Santana. Isso me deu segurança, pois não apanhei. Ele apenas me colocou num terreno mais firme, afrouxou as mãos e se equilibrou. Sinceridade, até gostei de correr na chuva”, sorriu a campeã da cocheira de Alexandre Garcia Correa.

Agora, é aguardar pelos próximos capítulos do duelo da Re Thong com as paulistas e do novo desafio de Flight Fenix, seja na areia ou na grama.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Mesmo líder, West Hope sente a falta da mãe

Como vão leitores, como de costume, estou de volta! Sendo que esta semana, tenho uma grande novidade para vocês, mas antes preciso relembrar alguns fatos, pois os mais novos visitantes do CERCA MÓVEL talvez não tenham acompanhado a coluna de 22 de novembro de 2007, portanto, irei relembra-la, pois terá tudo a ver com o que contarei a seguir.

Após a entrevista com Starman, que na época acabara de vencer o Bento Gonçalves (G1-2400mA) com Jorge Ricardo (único Grupo 1 que faltava ao fantástico jóquei brasileiro), e que para os fãs do cavalo logo estarei voltando a conversar com ele, pois estreou no último dia 9 em São Paulo e formou a dupla (quero saber o que houve), reproduzi uma “Mensagem do Além” do potro Senhor Secretário, que tinha sido sacrificado quatro dias antes e mesmo assim conseguiu manter contato com nós, que ainda estamos vivos, através de algum cavalo pai de santo.

Pois bem, contei tudo isso porque fiquei espantada logo após a corrida da West Hope, no último sábado, no Hipódromo da Gávea.

Após deixar as rivais oito corpos para trás, na sua melhor apresentação, em três saídas, a líder carioca, criada por Luis Antonio Ribeiro Pinto e defensora da Coudelaria Jéssica, após as fotos da vitória, voltou chorando para a cocheira.

Segui a filha de Crimson Tide para saber o que estava havendo, afinal de contas, permanecia invicta e cada vez mais líder. Para quê o pranto? Ela me olhou nos olhos e falou algo surpreendente.

“Eu li o CERCA MÓVEL do dia 8 de fevereiro, em que você entrevista a minha mãe. Tudo o que foi dito é a mais pura da verdade. Sendo que tem um detalhe muito interessante nisso: a minha mãe, West Night, morreu cheia de um irmão inteiro meu no ano de 2007”, revelou.

Fiquei abismada com aquilo, afinal de contas havia atendido a ligação de West Night. A filha de Slap Jack confirmou tudo, falou com carinho dos filhos, da paixão pelo irlandês Crimson Tide, da satisfação de ter uma filha líder. Como ela poderia estar morta? Quem falou comigo então?

Diante da minha palidez e da minha busca por respostas, West Hope, apesar de ter apenas 2 anos, falou como uma égua adulta e experiente.

“Quando li a matéria no CERCA MÓVEL, tive várias sensações. Da mesma forma que queria ligar para você e dizer que era impossível que tivesse ocorrido àquela entrevista; sentia um grande alívio, por ler todas aquelas palavras. Convivi com minha mãe, dentro e fora do ventre, durante mais de 1 ano. Aquelas palavras eram dela. A forma carinhosa de se expressar. Sabia que tinha sido ela, mas como? Eu também me perguntei”, disse.

Expliquei para a líder que também estava muito interessada em obter respostas e que não iria descansar até descobrir. Sendo que mais uma vez a potranca me interrompeu.

“Calma, não precisa ficar preocupada. Eu tenho a resposta! Também recebi a mesma ligação no dia seguinte. A voz era igual a da minha mãe, sendo que descobri, através do identificador de chamadas do meu celular, o número que estava me ligando. Guardei o número e liguei no dia seguinte. É uma casa de cavalos e éguas que mexem com tarô, astrologia e também recebem espíritos dos que já se foram dessa para melhor. Foi assim que a minha mãe conseguiu fazer contato. Depois disso, passei a ouvi-la mais duas vezes, a obter algumas sugestões dela. Enfim, virou uma forma de nos comunicar.”

Indaguei se isso estava acontecendo sempre e se tinha como eu entrar em contato com a tal ‘Casa de comunicação com os mortos’, mas outra vez fui cortada por West Hope.

“De forma alguma. Eu liguei, descobri, mas tive de fazer um acordo com eles, de não procura-los. Na verdade, eles que me procuram quando a minha mãe quer entrar em contato. E, antes que você pergunte, depois daquele dia nos falamos mais duas vezes apenas.”

Lógico que quis saber sobre o que ela e a mãe conversaram.

“Bem, na penúltima vez, minha mãe disse que gostou da presença de Feito Craque no céu. Acho até que estão ‘ficando’, pela empolgação dela. Ontem (sexta-feira, dia 15), voltamos a nos falar. Ela pediu que eu ficasse tranqüila, pois hoje (dia 16), estaria me iluminando e que eu comprovaria todo o meu valor. Sem dúvidas, no Clássico Ministério da Agricultura (L.-1200mA) eu não corri. Simplesmente flutuei na raia da Gávea. Por isso sai com lágrimas nos olhos, pois havia sido real a nossa conversa”, emociona-se.

Depois de tudo explicado, dei os parabéns pela grande conquista e tentei me desculpar por ter feito a matéria com sua mãe, West Night. Mais uma vez, ainda bem que não foi na forma de coice e sim de palavras, West Hope me interrompeu.

“Pára com isso! Eu quem tenho de agradecer, pois depois daquela matéria que consegui voltar a ter contato com a minha mãe. Saiba que isso me fez amadurecer bastante. Agora tenho a certeza que tem uma luz sempre me iluminando lá de cima e, por conta disso, tenho de continuar fazendo o meu trabalho aqui na terra. Farei tudo para continuar ganhando corridas, pois a minha mãe merece ter uma filha campeã na terra”, encerrou a conversa e saiu, sorrindo, com brilho nos olhos e pose de campeã.

Pois bem leitores, era o que estava me faltando acontecer. Até do além eu escuto os cavalos falarem. Será que quando eu conseguir tirar férias, eles me darão um descanso? Duvido e também não quero.

SEMANA QUE VEM !!!

Meus amigos, na próxima semana irei conversar com o Joe Bravo, afinal de contas, o potro além de abrir a Tríplice Coroa de produtos do Jockey Club Brasileiro, também fez com que o treinador Venâncio Nahid, enfim, conseguisse a merecida vitória de número 2.000 no Hipódromo da Gávea. Portanto, até a próxima!!!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Um tordilho para lá de charmoso

O que falar de um potro que faz sete apresentações na raia de areia e permanece invicto? Pois bem, o potro em questão é Giruá, um tordilho que corre uma barbaridade e que nos últimos dias atendeu ao meu chamado para falar sobre suas conquistas no CERCA MÓVEL.

O filho de Bonapartiste e Ellefrance (Fast Gold), criado por Eloi José Quege em Santa Catarina, foi adquirido por Eládio Mavignier Benevides e levado para o Hipódromo do Picci, no Ceará, estado onde seu proprietário nasceu.

"Muita gente achava que era loucura do meu ‘chefe’ (modo que ele refere-se ao Eládio Mavignier) me levar para Fortaleza. Pois saibam, adorei! Tomar água de coco, me refrescar nas águas quentes nordestinas, não tem coisa melhor. Isso sem falar que ainda tem umas potrancas interessantes no Hipódromo de Picci. Ganhei a Tríplice Coroa local e quando pensei que iria relaxar mais ainda, me trouxeram para São Paulo", relembra.

Giruá ficou sob os cuidados de Mario Gosik, em Cidade Jardim, e em setembro de 2007 estreou no prado paulista.

"Eu havia vencido a última prova da Coroa cearense em julho, mesmo assim, lá estava eu encarando páreo de perdedores em 1.400 metros. Estava chateado, pois o clima de São Paulo é péssimo comparado ao de Fortaleza. Quando entrava no boxe, Edu Mano veio me sacanear, dizendo ‘tem baiano no páreo’, achando que eu era nordestino e utilizando de forma pitoresca de gozação dos paulistas. Tratei de ensina-lo a correr e quando sai da raia com a vitória, deixei claro que apesar de ser catarinense, me sinto um autêntico nordestino."

Depois do primeiro desafio em São Paulo, Gosik tratou de voltar Giruá na distância da milha (a mesma que o potro havia vencido a última etapa da Coroa em Fortaleza).

"Os 1.600 metros para mim é moleza. Eu gosto muito! Encarei a milha paulista pela primeira vez em outubro, contra potros da mesma idade. O resultado: deixei todos para trás, mas sem dar tudo."

Com os bons resultados, ambos Giruá sendo conduzido por F. Leandro, havia chegado a hora de encarar o universo clássico paulista e João Moreira, líder do Jockey Club de São Paulo, foi o convidado a montar o tordilho em dezembro, na Prova Especial Itamaraty (1600mA).

"É muito diferente a forma que os outros competidores passaram a me olhar. Querendo ou não, o João Moreira é o líder de São Paulo e estava conduzindo o ‘baiano’ (referência por se considerar nordestino) do campo. Figurei como favorito. Larguei pela baliza 7, só tinha um mais afastado que eu. Dei vantagem durante toda a reta oposta, revezando entre a 4ª e a 5ª posições, enquanto Patenteado seguia firme na ponta. Quando entramos na reta final, o Moreira me deixou correr a vontade. Emparelhei com Patenteado, olhei bem para ele e disse ‘qual vai ser?’ Não deu tempo dele responder, pois o meu jóquei mostrou o chicote e tratei de mostrar como eu corro. Nem sei o que tinha em mente, apenas lembro que não levei chicotada nenhuma, pois corria alegre, descontraído. Após o páreo que fiquei sabendo dos seis corpos de vantagem que abri", relembra.

Depois da primeira vitória em Prova Especial, Giruá não teve dúvidas que os desafios ficariam mais difíceis.

"Não nego que fiquei feliz pelo bom desempenho em dezembro, até porquê havia enfrentado, pela primeira vez, cavalos mais velhos. Mas em janeiro a parada foi bem mais complicada. Sem falar que eu estava querendo um descanso. Quando vi o campo do GP Presidente do Jockey Club (G3-1600mA), com cavalos da categoria de Alcomo e Blue Elf, fiquei espantado. Mas minutos antes da corrida, fui relaxando, pois Moreira estaria sobre meu dorso", conta, escondendo algo.
Aproveitei o descuido do tordilho e o relembrei que o mesmo estava apreensivo dentro do boxe, antes da largada. Giruá não desmentiu minha observação.

"Realmente você está com a razão. Eu estava apreensivo. Acho que foi a falta da água de coco naquela semana. Moreira tentava se acertar sobre meu dorso, mas eu estava realmente inquieto. Corri diferente, fui logo para a ponta, demorei a me acertar. Quando me dei conta, já estávamos na reta final. Foi preciso o João me mostrar mais uma vez o chicote para eu acordar. Não sei o que houve até hoje, mas logo me corrigi e corri o suficiente para ganhar por dois corpos a prova".
Como todos os leitores do CERCA MÓVEL, procurei descobrir qual as manias de Giruá no dia da corrida.

"Preciso tomar água de coco antes e depois do páreo. Me acostumei. Perco um pouco de peso, mas paciência, compenso depois comendo muita alfafa. Adoro água de coco. Tá certo que as de São Paulo nem se comparam a de Fortaleza, muito mais doce, mas dá para tomar. Sim, e também costumo dormir cedo na noite anterior à corrida", confessa.

Sobre o futuro, o potro ainda desconhece os planos de seu proprietário.

"Ouvi alguns boatos na cocheira de que estão querendo me levar para correr na Argentina, talvez na Copa de Oro, sendo que não venci prova de Grupo 1 nem 2, o que seria necessário para participar do torneio de Palermo. Também tem outras provas importantes na areia de Cidade Jardim. Sei que sou capaz de correr bem nos dois quilômetros e encaro qualquer coisa, a hora que for, mas por mim, eu voltava para o Nordeste. Que saudade!"

COLINA VERDE

A tríplice coroada do ano de 2006, no Hipódromo de Cidade Jardim, me escreveu chateada. Colina Verde, que estreou com convincente vitória nos Estados Unidos no começo da semana, disse que saiu na Revista Turf Brasil que ela não havia conseguido a Tríplice Coroa de potrancas em São Paulo.

Me desculpei com a égua, pois o erro realmente existiu, visto que a filha de Know Heights e Verdadeira (Purple Mountain), criada pelo Haras Santa Camila, conquistou sim o cobiçado título, assim como o fez a sua avó materna Emerald Hill.

Colina Verde, sob os cuidados de Olavo Jeronimo e direção de Ivaldo Santana, venceu quatro provas no Brasil, sendo as três últimas os GP’s Barão de Piracicaba (G1-1600mG), Henrique de Toledo Lara (G1-1800mG) e Diana (G1-2000mG), vitórias que lhe renderam a Tríplice Coroa de potrancas.

Colina Verde, agora com 4 anos, garantiu que mandará notícias sobre as próximas apresentações nos Estados Unidos. "Sinto saudades do Brasil, mas aqui o turfe é muito diferente", assumiu.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Orgulho da família

Olá leitores, perdoem-me pelo tempo ausente, mas além de estar me curando de certas pancadas injustas, também aproveitei para curtir bastante o carnaval carioca e mais um título da Beija Flor (apesar de ter à Vila Isabel no coração, sempre torci pela escola de Nilópolis, assim como nasci flamenguista). Sendo que vamos falar sobre os cavalos, afinal é nesse espaço que eles têm todo o direito de falarem o que quiserem.

Assim como nós, humanos, ficamos orgulhosos com as vitórias e conquistas de nossos filhos, saibam que os cavalos e éguas também vibram, e muito, com os êxitos de seus produtos. Lógico que as faculdades dos potros e potrancas são bem diferentes das nossas, porém a alegria do dever cumprido é a mesma.

Após o carnaval, fiz questão de falar com West Night. Para quem não conhece, a filha de Slap Jack e Celina Igi (Pass the Word) é a mãe de West Hope (foto), nada mais, nada menos que a atual líder da geração 2005 do turfe carioca.

Em campanha no Hipódromo do Cristal, em 1999, West Night correu três vezes e obteve duas vitórias. Produziu seis filhos, sendo West Hope a caçula da família.

“Não esqueço de nenhum dos meus filhos. O primeiro, Místico Cigano, largou às pistas com quatro vitórias e colocações clássicas. New Silber Star, minha primeira filha, nascida em 2001, só queria saber de namorar e deixou a desejar na raia da Gávea. No ano seguinte, Obirici, irmã inteira de New Silber Star, honrou o nome da família e tratou de seguir ótima campanha no Cristal. Já tem oito vitórias e algumas colocações clássicas. Ainda está em campanha. Voltando a sair com o francês Ghadeer (pai do primeiro), obtive Winning Force. Também segue em campanha e tem três conquistas. Agora só falta falar dos mais novos”, sorri a orgulhosa mamãe, pronta para comentar sobre Winning Gipsy e West Hope.

“Aos 3 anos, mesmo correndo páreo de claiming, tenho fé em Winning Gipsy. Ele é tímido, mas sabe correr bem. Pena que não temos nos falado muito. Estava querendo lhe dar alguns conselhos para, quem sabe, acabar com a sua timidez. Ele precisava conversar mais com os colegas, sair, relaxar na hora da corrida, entende? Ele é muito tenso, mas talvez a culpa tenha sido minha, pois Winning Gipsy é fruto da minha primeira relação com o Crimson Tide”, suspira.

Aproveitei para questionar que o Winning Gipsy é irmão inteiro da West Hope e não tinha porquê serem tão diferentes. Foi quando West Night explicou a situação.

“É simples de explicar. Eu havia saido com o francês Ghadeer (que era um pedaço de mau caminho, mas que infelizmente nos deixou) e com o americano Coax me Clide apenas. Duas vezes com cada. De repente, me aparece um irlandês daqueles no meu box. É de enlouquecer qualquer égua. Sendo que minhas experiências eram poucas, então mesmo querendo, estava com medo de demonstrar. Talvez o Winning Gipsy tenha sentido isso quando estava sendo concebido.”

Concordei com a égua, mas então quis saber mais sobre a West Hope.

“Eu fiquei apaixonada pelo irlandês. Você nem imagina o quanto ele, além de bonito, é galanteador. Me ganhou por inteira e quando o vi novamente passeando pelo meu box, fizemos amor e não apenas procriação. Me senti leve e feliz, talvez tenha passado isso para a West Hope, que nasceu rápido e é super-hiper-alto astral. Vejo as corridas dela e observo o quanto ela gosta de correr. Tem muito do pai, que foi um verdadeiro campeão”, explicou.

Pedi para West Night esquecer um pouco o garanhão e falar mais da potranca.
”O que dizer da minha filha West Hope? Tenho tantas coisas a dizer, mas a primeira delas é agradecer pela sua garra, classe e categoria. É minha única filha que se tornou líder de geração, o que me faz importante. Mas a última vitória dela, na Prova Especial Cidade de Teresópolis (1100mA), na Gávea, no último dia 26, me encheu de orgulho, pois ela brigou com muita vontade e mostrou um imenso poder locomotor. Torço para quê continue assim”, comemorou a mãe da defensora da Coudelaria Jéssica.

De propriedade de Luis Antonio Ribeiro Pinto, West Night torce por novos encontros com Crimson Tide.

“Não quero desmerecer os outros garanhões, mas o irlandês é tudo de bom!”, relinchou a égua de 13 anos, mas com pique de potranca.

Foto: Gerson Martins