quinta-feira, 31 de julho de 2008

Furia Olímpica lamenta ficar fora da festa do Brasil 2008

Mais uma vez os cavalos de corrida se equiparam aos homens em se tratando de esporte. Os leitores devem estar achando que pirei de vez faltando poucos dias para a realização de mais uma semana internacional carioca, mas não é por aí.

Explico, assim como os corredores eqüinos ficam ansiosos com a proximidade de um evento turfístico internacional, os atletas humanos também respiram os Jogos Olímpicos, que terão início na semana posterior ao Grande Prêmio Brasil, que promete ser o melhor do século XXI, a começar pela bolsa de quase R$ 700 mil.

Bem, todos devem concordar que é frustrante para um atleta humano ficar fora de um evento de tamanha proporção como os Jogos Olímpicos, mas acreditem, os cavalos de corrida também sofrem quando isso ocorre. Por este motivo, decidi conversar com a égua Furia Olímpica (Astor Place e Free To Love, por Van Houten), que conheceu sua deserção do GP Roberto e Nelson Grimaldi Seabra (G1-2000mG) na manhã de ontem (quarta-feira).

Como você se sente em ficar fora do “Brasil das Éguas”?
Frustrada sem dúvidas! Estava em grande forma, ansiosa para ir conhecer o Rio de Janeiro e, principalmente, com muita confiança de ganhar o 7º páreo do programa de sábado (2 de agosto). Mas, infelizmente, precisei adiar meu sonho.

De onde vinha tanta certeza de que ganharia o GP Roberto e Nelson Grimaldi Seabra? Afinal de contas, o campo tem 17 competidoras?
Agora 16 concorrentes, visto que fiquei de fora. Mas a minha confiança era tamanha porque estava em grande forma física. Meus trabalhos foram perfeitos. Enfim, me sentia 100% em forma e fiquei fora do páreo. É muito chato.

O que aconteceu para ser anunciado o forfait veterinário?
Amanheci com febre e com os pés inchados. Nem sei como aconteceu, só lembro do Seu Althayr Oliveira (treinador) vir me ver pela manhã e constatar que eu estava com virose. O olhar dele entregou que eu não tinha condições de participar da prova internacional, pois seria medicada e não se pode correr com medicações.

Mas não lembras o que fez para pegar esta virose?
O que fiz? Fiquei quieta, no meu boxe, na cocheira do Hipódromo de Cidade Jardim. Sendo que nessa época, o trânsito de potros é grande. Algum potro que circulou pela Vila Hípica trouxe a virose e, infelizmente, fui vítima de uma má fiscalização sanitária (se enfurece).

Ficar nervosa não fará com que voltes a participar da prova do próximo sábado.
Eu sei, mas não tem como não ficar chateada. Ganhei com certa facilidade o GP Luiz Fernando Cirne Lima (G3-1800mG), o teste para o “Brasil das Éguas”, sem falar que iria conhecer os ares do Rio de Janeiro, participar do importante festival internacional carioca e conheceria de perto o jóquei Carlos Lavor. A expectativa era a melhor possível, por isso a chateação.

Você se sente muito mal por conta da virose?
Estou abatida, mas já medicada. Na próxima semana sei que estarei melhor. Enfim, o jeito será acompanhar a festa carioca pela televisão.

Para quem você torcerá?
No páreo que eu participaria (GP Roberto e Nelson Grimaldi Seabra), ficarei feliz caso Filha Vitoriosa vença. No GP Major Suckow (G1-1000mG), acredito que o Taludo desbanque as ótimas éguas Requebra e Super Duda. Para o domingo, no GP Presidente da República (G1-1600mG), continuarei defendendo a turma paulista, tendo em Uigur ou Bain Douche os meus escolhidos. No GP Brasil (G1-2400mG) estarei torcendo para o Quick Road. Nos conhecemos no dia 5 de julho, em Cidade Jardim. Eu havia vencido a preparatória do “Brasil das Éguas” e ele se preparava para entrar na raia, com J. Ricardo, no GP Ministro da Agricultura (G3-2400mG). Me parabenizou pela vitória e pediu para que eu torcesse por ele. Obedeci e o filho de Jules deu um show na raia paulista, baixando inclusive o recorde da distância. Voltou da raia, me olhou nos olhos e disse: ‘Ganhei graças a sua torcida’. Desde então, ficamos amigos. É um lindo cavalo e novamente será conduzido por Jorge Ricardo. Não tenho como não torcer por ele (fala envergonhada).

Algum recado especial para os competidores da semana internacional carioca?
Bem, infelizmente não estarei no Rio de Janeiro, mas acompanharei tudo que por lá ocorrer. Sejam os leilões, as festas nas cocheiras e principalmente as carreiras. Sim, e como comentei das provas internacionais de Grupo 1, queria deixar um recado especial para o Meio Dia Olímpico e Olympic Lover, defensores do Haras Regina, assim como eu, que estarão atuando no domingo, na Taça Cidade Maravilhosa (L.-2400mG), logo após o GP Brasil. ‘Meninos, corram tranqüilos e tragam a Taça para nossa equipe’ (sorri).

É isso leitores, estava aguardando conversar com um dos prováveis favoritos à vitória no GP Brasil 2008. No campo de 19 corredores, pelo menos seis têm chances reais de ficar com o êxito.

Tentei entrar em contato com Time For Fun, Quatro Mares, Jeune-Turc, New Royale, Naperon, Amigo Gaúcho, Biólogo e a parelha do Stud JCM, Quick Road e Top Hat, mas todos preferiram não falar com o CERCA MÓVEL, alegando que não queriam interferir na escolha dos leitores sobre quem levará o prêmio de R$ 306 mil para a cocheira.

No entanto, todos concordaram que caso vençam, darão uma entrevista exclusiva para o CERCA MÓVEL. Torço para que o vencedor cumpra com o prometido comigo e com os leitores desse blog, pois pretendo fazer a matéria ainda no domingo, 3 de agosto, se tudo correr bem.

Boa semana internacional para todos, em especial para nós turfistas, que seremos brindados com os melhores corredores brasileiros em ação, ainda, no nosso país.

Foto: Paulo Bezerra Jr. (Pica-pau)

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Rising Fever avisa: “me chicotear para quê?”

Faltam poucos dias para a festa máxima do turfe carioca, que com uma bolsa de R$ 250 mil ao vencedor (mais o Added), torna-se o principal evento dos cavalos de corrida de norte a sul do Brasil. Sendo que antes de chegarmos na semana máxima, não temos como fugir de mais um show que RISING FEVER proporcionou na areia de Cidade Jardim, no último sábado.

O CERCA MÓVEL conversou com a filha de Put it Back e Heaven Can Wait (Tokatee), criada pelo Haras Santa Maria de Araras, dois dias após a castanha garantir a sexta vitória na pista de areia, em sete atuações.

Rising Fever, faça um resumo sobre a conquista no GP Immensity (G2-1600mA)?
O jóquei Vagner Leal me conhece e sabe como gosto de correr. Me manteve na ponta, distante das adversárias e de problemas no percurso, para nos metros finais garantirmos mais uma vitória na raia de areia.

Você tem vencido com boa margem de diferença sobre as adversárias, como consegue tal facilidade?
Desde que passei a atuar na distância da milha que mudei meu modo de correr e isso favoreceu a minha performance. No Clássico Presidente Luiz Nazareno T. de Assumpção (L.-1600mA) comecei a correr na frente e, na reta final, o Leal reajustou minhas mãos e venci com 7 corpos de vantagem. Em seguida, no GP Presidente Roberto Alves Almeida (G2-1600mA) fizemos a mesma coisa e ganhei com 8 corpos. No último sábado, apenas repetimos a dose, mas as minhas rivais continuaram achando que iria cansar e pagaram um preço caro, pois cruzei o disco com 7 corpos. Antes de correr em 1.600 metros, sempre era guardada para uma atropelada e precisavam utilizar o chicote, agora não, já saio na frente e além de não tomar areia na cara, meu corpo não recebe uma única chicotada. Odeio chicote e areia na areia (reforça na queixa).

Então mudou o modo de correr para não levar areia na cara e chicotada?
É lógico, mas a decisão não partiu de mim, e sim do treinador Victor Barbosa. Um dia, durante o treinamento no Jockey Club de Campinas, o mesmo percebeu que corri abaixo do aguardado e ainda me recusei a correr com as chicotadas do piloto. O motivo: um torrão de areia entrou em meu olho, me deixou tonta e ainda por cima não gostei nem um pouco de levar chicotada. Apesar do Victor Barbosa não entender minhas palavras, ao menos percebeu meu rendimento abaixo do esperado antes de acabar o trabalho. Antes de encerrar o treinamento, ele chegou perto, me olhou nos olhos e soprou, retirando a areia. Aproveitou para orientar ao redeador para lhe entregar o chicote. Voltei para a raia, corri na frente, e encerrei o trabalho com ótimo tempo, satisfazendo não só a ele, como a mim. Desde então, ele passou a orientar o jóquei que sempre me mantesse na frente e só utilizasse o chicote em casos supremos, mas de preferência, guardasse o objeto de lado.

Tens alguma balda de largada?
De forma alguma e isso também favoreceu ao meu novo modo de correr ponteando. Sem falar que, somado a não tomar areia na cara e chicotadas, também é ótimo escutar o locutor Casella anunciar “de bandeira a bandeira a melhor”. (relinchou)

Na areia você é invicta, mas perdeu quando atuou na grama. Pensa em voltar a correr na relva?
Não tenho nenhum problema com a pista de grama. Havia corrido duas vezes, em 1.200 e 1.300 metros, ambas na areia, com fáceis conquistas. Faço a estréia na raia de grama competindo contra 11 competidoras, em que a maioria já havia vencido naquela raia, e em 1.500 metros. Sofri diversos prejuízos durante o percurso, mesmo assim formei a dupla, com ¾ corpo para Uptothepost. Também era a primeira vez que o Nelito Cunha me conduzia. Enfim, tenho certeza que não teria problema em voltar a correr na grama, mas, sinceridade, prefiro seguir na pista de areia. Aprecio uma raia mais soltinha. Me sinto voando a cada passada.

Nos próximos meses, têm poucas provas clássicas na pista de areia, então qual será a próxima atuação de Rising Fever?
Eu adoraria participar do Clássico Delegações Turfísticas (L.-1900mA), que será realizado no Hipódromo da Gávea no dia 4 de agosto. Sei que o prazo de tempo é mínimo, mas assisti na cocheira um vídeo da égua Be Fair no Derby carioca do ano 2000, o GP Cruzeiro do Sul (G1-2400mG), quando ela perdeu por ½ corpo para o tríplice coroado Super Power. Adorei a corrida e principalmente saber que 21 dias antes, a Be Fair havia conseguido ser tríplice coroada. Passei a vê-la como um exemplo e por isso não vejo a hora de encarar os machos, em pouco tempo.

Sendo que para competir no Clássico Delegações Turfísticas, no Rio de Janeiro, a diferença será de apenas 16 dias. Não achas muito arriscado?
Claro que sei das dificuldades, principalmente porquê nem conheço ainda a distância, diferente da Be Fair, que já havia atuado em 2.400 metros antes do Derby. Meu treinador Victor Barbosa e os responsáveis pelo Haras Springfield não querem arriscar. Eu me sinto muito bem e adoro correr. Por mim, viajaria sem problemas para a Gávea, mas sei que eles buscam o melhor para meu bem estar, por isso não serei anotada para a corrida.

Além de você, Giruá também tem mostrado valor na pista de areia paulista, na distância da milha. Pensas em enfrentar o cavalo?
O “tordilhão” é maravilhoso! É meses mais velho que eu, mas nos damos super-bem. Acho Giruá muito interessante, não só como corredor, mas como cavalo. Temos um respeito impressionante um pelo outro. Corre muito e já conversamos sobre atuarmos no mesmo páreo. Quem venceria eu não sei, mas com certeza o páreo seria inesquecível para nós e para quem assistisse. É provável que esse encontro ocorra, mas não em pista brasileira.

Como assim “não em pista brasileira”?
Muito simples. Nós, eqüinos, não somos jogadores de futebol, mas assim como eles, sonhamos em atuar no exterior, em especial nos Emirados Árabes. Pelo fato de apreciarmos (eu e o Giruá) principalmente a pista de areia, a possibilidade de conseguirmos viajar para Dubai é maior. Então acredito que no final deste ano, ou começo de 2009, se tudo seguir bem, posso seguir campanha no exterior, assim como o Giruá.

Além de você, mais alguém da equipe do Haras Springfield tem o mesmo desejo?
(Relinchos) Não quero entregar ninguém, mas bem que ouvi o treinador Victor Barbosa sussurar próximo ao meu boxe: “Você corre muito. Ainda me levará para a Argentina e Dubai.” Ou seja, se dependesse dele, com certeza eu atuaria em alguma prova clássica no Hipódromo de Palermo, na Argentina, para depois seguir para os Emirados Árabes, para tentar vaga em uma das provas da Dubai World Cup 2009. Sendo que primeiro vamos aumentar o percurso. Tentarei alcançar os 2.000 metros. (promete)

Está decidido que não participarás da festa máxima carioca. Mesmo assim, tem alguma torcida para o GP Brasil (G1-2400mG)?
Apesar de adorar ser conduzida pelo Vagner Leal, o mesmo já ganhou o GP Brasil de 2007 com L’Amico Steve, então, mesmo sem nem saber quem ele irá conduzir, não me sinto culpada em torcer por outro puro-sangue inglês. No caso, pelo Quick Road. Ele está se preparando no Centro de Treinamento de Porto Feliz, que nem é tão longe daqui de Campinas. Anda merecendo essa conquista, principalmente pelos prejuízos sofridos quando tentou o bi no GP São Paulo. Com Jorge Ricardo sobre o dorso, será difícil alcança-lo na Gávea. E para aumentar ainda mais a torcida, Quick Road, assim como eu, também nasceu no Haras Santa Maria de Araras. Nós dois temos sangue Ghadeer pela linha baixa. Ele como avô materno, eu como bisavô. Enfim, é para o alazão do Stud JCM que vai minha torcida para o Brasil 2008.

Finalizou a égua de 4 anos, que espero poder vê-la correr mais uma vez em pista brasileira.

TRÊS MIL ACESSOS

Essa semana, o CERCA MÓVEL imitou o jóquei Carlos Lavor. O bridão carioca, que em novembro próximo chegará aos 40 anos, obteve no último domingo a vitória de número 3.000 (três mil) com a égua Quel’Amour, de criação e propriedade do Haras Santa Maria de Araras (que essa semana, também ‘roubou’ a cena nesse espaço).

Assim como Lavor, o CERCA MÓVEL também alcançou a marca dos três mil acessos, que é de grande valor para nós, pois a coluna só é atualizada uma vez por semana e comprova que tem leitores fiéis.

Obrigada a todos os turfistas internautas que buscam nesse espaço entender melhor os cavalos de corrida.

Foto: Paulo Bezerra Jr. (Pica-Pau)

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Os cariocas do Regina mostram valor na Gávea

Olá leitores! Estive no Hipódromo da Gávea no último domingo e acompanhei de perto as exibições perfeitas dos corredores do Haras Regina. Afinal de contas, foram três apresentações e o mesmo número de vitórias, ou seja, 100% de aproveitamento de uma coudelaria que mantém defensores nos dois principais centros turfísticos do país: Rio de Janeiro e São Paulo.

Mas, voltemos ao domingo. Ainda estacionava o carro no prado carioca, quando observei Olympic Movie, já sendo contida pelo jóquei Carlos Lavor, após o disco. Ao me dirigir para a Tribuna Social, a filha de Know Heights e Heroic Movie (Clackson), criada pelo Haras Fronteira, voltava da raia para a repesagem do jóquei.

“Você perdeu. Acabei de vencer meu primeiro páreo”, dizia para mim, ainda em êxtase, a potranca de 3 anos. Apenas depois da foto da vitória que ficou mais à vontade.

“Nem vi quantos corpos foram, mas foi muito fácil a corrida. Espero que os outros companheiros do Regina cumpram o que combinamos”, entregava Olympic Movie, o que me deixou de orelha em pé para os 8º e 9º páreos da programação carioca. A potranca venceu o 3º páreo da programação carioca, após deixar a segunda colocada 3 corpos atrás.

Após Requebra, no 4º páreo, e Colorado Sam, no 6º, confirmarem o favoritismo nas preparatórias do quilômetro e da milha internacional, respectivamente, passei a ficar mais apreensiva, pois aproximava-se o desenrolar da 8º carreira.

Logo após Hipobelo garantir o êxito na 7ª prova, vidrei meus olhos em Olympic Blue entrando na raia. O potro do Regina me observou de rabo de olho e fez um cânter perfeito. Em carreira, acabou confirmando o que eu desconfiava: ganhou sem grande esforço, após percorrer a distância da milha, sob o comando de Lavor.

Voltando ao padoque, me confidenciou.

“Eu não tinha como perder. Hoje o dia é do Haras Regina. Aguarda aí que na próxima carreira tem mais”, avisou o filho de Nedawi e Temptations (Roi Normand), criado pela Fazenda Mondesir.

O penúltimo páreo da programação carioca era um Handicap nos 2.400 metros, pista de grama, ou seja, a maioria dos participantes estava anotado para àquela prova visando o último preparo para a Taça Cidade Maravilhosa (L.-2400mG), carreira que ocorrerá logo após a realização do GP Brasil (G1), no próximo dia 3 de agosto.

Peguei o programa e fui atrás do nome do proprietário. Assim que encontrei o Haras Regina, acompanhei a linha e vi lá: Olympic Lover. O 4 anos vinha de formar a dupla para Park Ave, que preferiu encarar a preparatória para a prova máxima carioca, na semana anterior, e decepcionado.

Sobre o dorso do filho de Nugget Point e Garden Lover (Tumble Lark), criado pelo Kigrandi, estava Walber Alencar. Tentei saber alguma coisa antes do mesmo entrar na raia, mas Olympic Lover não quis saber de conversa. Apenas balbuciou que após o páreo nós conversaríamos.

Os leitores devem imaginar o que aconteceu? Sim, mesmo em páreo mais disputado, mais uma vez um cavalo do Regina cruzou o disco na frente dos rivais, cumprindo 100% de aproveitamento para a coudelaria naquela reunião.

Após as fotos da vitória, retornando ao padoque, antes de se prepararem para entrarem no caminhão e voltarem para o Centro de Treinamento Verde e Preto, fui conversar com os três corredores, pois queria saber o segredo do sucesso.

Olympic Lover, conforme havia me prometido, foi o primeiro a falar.

“Agora sim. Já que cumpri o meu propósito, posso conversar com você. Não existe segredo, apenas união e convicção. O treinador Roberto Solanés tem nos tratado com muito carinho. Carlos Lavor e Walber Alencar também são jóqueis precisos, que não querem nos surrar e sim nos conduzir. Sendo assim, fica fácil vencer”, resumiu.

Olympic Blue também fez questão de tecer comentário: “Sabíamos que o nosso proprietário, Sergio Coutinho Nogueira, estaria na Gávea para nos observar. Ele veio de Campinas, em São Paulo, e ainda trouxe o filho Cadu. Não podíamos decepciona-lo. Afinal de contas, temos tudo do bom e do melhor graças ao investimento dele. O mínimo que podemos fazer é mostrar que ele estava certo quando nos escolheu nos leilões.”

“E observe que cada um de nós viemos de centros criatórios diferentes. Ou seja, nosso proprietário tinha diversas opções, mas preferiu a nós. Então esse presente ele merecia. Pretendo continuar vencendo, principalmente quando o mesmo estiver por perto”, garantiu a potranca Olympic Movie.

Mais uma vez, Olympic Lover pediu a palavra e acrescentou.

“Também corremos ainda mais como forma de homenagear Olympic Gatsby. Nosso colega de trabalho, que estava anotado para correr no 7º páreo de hoje (domingo) e não pode sequer viajar, pois machucou, sem gravidade, a mão no CT. Ele quem sugeriu, no início da semana, que fizessêmos uma corrida espetacular, para fechar a tarde com, pelo menos, 70% de aproveitamento. Então, como sei que ele ler o CERCA MÓVEL, saiba que também foi para você esses 100% que conseguimos.”

Encerrada a conversa, os corredores voltaram para casa, enquanto eu saia do prado carioca ainda mais impressionada com os cavalos de corrida, pois os mesmos também têm o dom de unir-se por uma causa própria. E ainda provaram que a união faz a força, no caso deles, as vitórias.

Parabéns a toda equipe do Regina, em especial, aos excepcionais corredores!

SEMANA INTERNACIONAL SE APROXIMA

Na próxima semana, não tenho como fugir de conversar com os corredores da semana internacional carioca. Pode ser tanto os que deverão atuar no GP Brasil (G1-2400mG) e que disputarão um prêmio de R$ 250 mil (mais Added), quanto nas outras provas da programação.

Desde já, solicito aos leitores que enviem sugestões pelo e-mail cercamovel@gmail.com de quem eu devo entrevistar para a próxima coluna.

Quem sabe, não antecipamos o vencedor...

Fico no aguardo!

Fotos: Gerson Martins / Montagem: Karol Loureiro

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Temporada carioca inicia com tempero gaúcho

Dia 1º de julho iniciou a temporada 2008/2009 do nosso turfe brasileiro, e as corridas começaram no Rio Grande do Sul, no Hipódromo do Cristal, no último dia 3. No sábado passado, os Hipódromos da Gávea e de Cidade Jardim deram a largada para mais um ano hípico. Atendendo ao pedido de um grande amigo gaúcho, que sentiu saudades de cavalos de páreos de turma na coluna e não só dos clássicos, e pegando carona com a abertura do programa carioca, não tenho como negar que essa temporada tem tudo para levantar a moral dos gaúchos.

Que me perdoem Time For Fun e o recordista Quick Road, ambos vencedores das preparatórias carioca e paulista, respectivamente, para o próximo Grande Prêmio Brasil (G1-2400mG), dia 3 de agosto no Rio de Janeiro, mas o entrevistado da primeira coluna da temporada 2008/2009 do CERCA MÓVEL é um tordilho chamado Orelhão.

Não sei se o titular do Haras Ponta Porã também tem o dom de ouvir os cavalos como eu, mas acertaram em cheio ao escolher o nome do filho de Punk e Lucky Mel (Combé), que defende as cores do Sr. Raul Corrêa. O cavalo adora contar e, principalmente, ouvir boas histórias.

“Comecei a campanha no Hipódromo do Cristal e aprendi a gostar do jeito gaúcho de ser. Final do dia, tomar um chimarrão, comendo uma boa carne e contando muitos casos é a melhor coisa do mundo. Eu ficava na cocheira de ‘orelha’ em pé, só ouvindo e relinchando das conversas. Era cada coisa que saía das rodas de turfistas”, começou a falar Orelhão ao me receber na cocheira, no Hipódromo da Gávea.

Pedi para o mesmo falar da sua transferência do Rio Grande do Sul para o Rio de Janeiro.

“Vivi tempos inesquecíveis no Hipódromo do Cristal. Atuei sete vezes e consegui quatro vitórias, todas elas na raia de grama. Ainda cheguei a formar a dupla no GP Governadora Yeda Crusius (1609mA), um handicap que contou com a participação de sete competidores, no final do mês de março. Foi graças àquela exibição que vim seguir campanha no Hipódromo da Gávea.”

Sobre o clima, Orelhão não fez muitas críticas. “No começo, achei bem quente. A conversa de Rio 40º é a mais pura verdade (relinchou). Mas agora que chegou o inverno, me sinto bem mais a vontade.”

Na temporada anterior, o cavalo correu três vezes, todas na grama, e obteve duas colocações, conduzido pelos jóqueis R. Rosário (em maio e em junho) e E. Costa (no começo de junho).

“Os dois garotos fizeram um bom trabalho, mas a corrida não saiu como gostaríamos, por isso não posso culpá-los. Sendo que no último sábado, tudo foi diferente. Quem no Rio Grande do Sul não conhece o Carlos Alex Vigil? O cara foi líder da estatística do Cristal durante nove anos. Era o nosso ‘Ricardinho’. Quando ele soube que iria estrear na Gávea me conduzindo, fez questão de vir me ver na cocheira. Entendi quando o mesmo olhou com carinho para mim. Senti que ele necessitava começar vencendo na Gávea, não podia decepcionar o gaúcho”, falou o 5 anos.

Quis saber tudo o que ocorreu durante a corrida do último sábado, nos 1.300 metros da pista de areia carioca, no 1º páreo da temporada 2008/2009 do Jockey Club Brasileiro.

“Mesmo sem ter nenhuma conquista na raia de areia, seja aqui, seja no Sul, naquela tarde eu me sentia de bem com a vida. Durante o cânter, os turfistas perceberam o quanto eu estava tranqüilo e me elegeram favorito do páreo. O Vigil estava um pouco ansioso, mas quando nos encaminhamos para o partidor, mostrei para o mesmo ficar tranqüilo, que não iria decepcioná-lo. Acho que ele entendeu, pois dada a largada, logo fomos para a ponta. Sentia a presença de dois competidores próximos: De Maroñas e Mestre Ouro (que também vinha do Rio Grande do Sul).

Quando entramos na reta final, o gaúcho diminuiu o ritmo, mas tratou de me ajudar. ‘Cuidado tchê, De Maroñas tá avançando por dentro. Aumenta o ritmo guri’, ele me sugeriu e obedeci na mesma hora, mantendo a diferença, conseguindo cruzar o disco na frente, com C. A. Vigil sobre o dorso bastante satisfeito, e deixando De Maroñas 2 corpos atrás. Meu amigo gaúcho chegou em 5º, mas fiz questão de agradecê-lo pela ajuda após a corrida, quando fiquei sabendo que ele é treinado por outro gaúcho querido: Darci Minetto. ‘Bah! Pára com isso, se fosse o contrário tenho certeza que você faria o mesmo guri’, me respondeu Mestre Ouro. E foi assim que consegui somar minha primeira vitória na Gávea, junto com o Vigil e na raia de areia”, conclui o tordilho, de bem com a vida.

Aos 5 anos, Orelhão espera ainda mais para essa nova temporada. “Torço para que o treinador Jesus Batista Nogueira continue o bom trabalho. Tenho de aproveitar enquanto está frio para obter mais as conquistas e deixar a minha marca também no Rio de Janeiro, de preferência com o C. A. Vigil sobre o meu dorso. Meu proprietário Raul Corrêa tem me tratado com muito carinho e só posso retribuir obtendo outras vitórias”, finalizou o cavalo, que mesmo tendo nascido no Mato Grosso do Sul, tem a alma gaúcha, ou seja, amigo dos amigos sempre.

Foto: Gerson Martins

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Festival ABCPCC é sucesso em São Paulo

No último sábado, foi realizado no Hipódromo de Cidade Jardim o Festival ABCPCC, que é composto por três provas de Grupo 1 (duas Taças de Prata e o Matias Machline) e uma de Grupo 3 (destinada aos velocistas).

Estive em São Paulo para acompanhar o desenrolar das carreiras e conversar com os respectivos vencedores e, por sorte, peguei um clima bastante agradável, pois o Sol tratou de brilhar durante toda a tarde, permitindo apenas uma brisa fresca de inverno na capital paulista.

No 3º páreo do programa, Taludo tratou de confirmar as esperanças dos turfistas que o elegeram favorito no GP ABCPCC Velocidade (G1-1000mG).

“Estou me sentindo em grande forma atlética. Larguei pela baliza do meio, mas o Ivaldo Santana, que já me conhece, apesar de não conversar comigo, sabe que prefiro à cerca externa. Então, foi logo me levando para o lado de raia onde rendo o máximo. Permiti a aproximação de Super Duda (pela cerca interna) nos metros decisivos para dar mais emoção à carreira, afinal de contas, minha conquista de hoje (sábado) foi para presentear a minha proprietária Patrícia, que amanhã (domingo), faz aniversário. Ou seja, viajará para o Rio de Janeiro com mais uma taça do Taludo”, falou o filho de Music Prospector e Assinatura (Efesivo), criado pelo Haras Pirassununga e defensor do Stud Patylippe.

Quando estava me afastando do mesmo, Taludo aproveitou para deixar um recado. “Não vejo a hora de voltar a atuar no Hipódromo da Gávea. Em agosto, voltamos a nos encontrar, pois pretendo encarar e vencer o GP Major Suckow (G1-1000mG)”. Está dado o aviso do castanho, que agora tem 4 anos.

O GP Margarida Polak Lara (G1-1600mG), a Taça de Prata para as potrancas de 2 anos, iniciou a seqüência de Grupo 1 na 4ª carreira e a ganhadora, de forma categórica, foi Cores do Brasil, que até aquele momento, ainda não tinha nenhuma conquista na campanha, em quatro saídas.

“Nas duas semanas que antecederam à carreira, contei com a presença do Marcos e Ricardo Simon (pai e filho titulares do Stud Farda Vencedora) na cocheira, sempre me dando carinho e demonstrando confiança no meu potencial. O treinador Nilson Lima também me deixou trabalhar à vontade. Não tinha como decepciona-los e a corrida foi mais fácil do que pensei. Marcelo Cardoso foi convidado para me guiar e mostramos sintonia juntos. Observei quando Dileta Amiga e Shining Queen duelaram pela ponta nos metros iniciais, mas eu estava em grande forma física e nem me preocupei com elas. Mantive a linha 3 durante a maior parte da curva até entrar na reta final, justamente para não correr o risco de ser fechada. Iniciei minha atropelada nos 400 metros finais e passei voando pelas rivais.

Só fui ver a diferença após cruzar o disco, pois olhei para trás e vi Bubbly Jane (que também mostrou grande aceleração final) formar a dupla três corpos depois. Não é para qualquer um sair de perdedor para vencer Grupo 1. Minha mãe, Cores do Céu (Choctaw Ridge) deve estar muito feliz, pois sou a primeira filha que ela produziu”, revelou Cores do Brasil, que tem a mesma linha materna de Eletro Nuclear.

Se mesmo sabendo da grande forma que ostentava, Cores do Brasil preferiu correr na 3ª posição boa parte do percurso, com Sorrentino foi totalmente diferente. O defensor de José Cid Campelo Filho e Carlos R. Fernandes, decidiu o GP J. Adhemar de Almeida Prado (G1-1600mG), a Taça de Prata para os potros de 2 anos, logo no início do 5º páreo da programação festiva.

“Assisti a corrida de Cores do Brasil, mas não sou de esconder potencial. Larguei com José Aparecido no dorso e fiquei na cola de Boker Tov, que aproveitava o fato de ter sido sorteado para a baliza 1 e ponteava a pronva. Sendo que no final da curva, eu já emparelhei com ele, que me ameaçou. ‘Está fazendo o quê por aqui? Você nem pense em me ultrapassar!’ Fiquei chateado e preferi responder em carreira. Liguei minhas turbinas e dei adeus para ele nos 300 finais, para cruzar o disco com folgados 3 ¾ corpos de vantagem, marcando 1’32”780 (o recorde da distância é 1’32”262 e dura desde 2005).

Quando estávamos saindo da raia, Boker Tov, que manteve a dupla, veio me pedir desculpas. ‘Foi mal Sorrentino. Não sabia que você corria tão bem’. Bem, ele não sabia porquê não tinha visto minhas outras corridas, afinal de contas, só perdi, em toda a minha campanha, duas vezes para Embalo, considerado o melhor na raia de areia. Na grama, estou invicto e os rivais que se cuidem na Tríplice Coroa”, encerrou o filho de Wild Event e Bukebele (Punk), criado pelo Haras Santa Maria de Araras e que conta com o preparo de Luis Roberto Feltran.

O SHOW DE TOP HAT

Após as exibições de Taludo (ainda com 3 anos) e dos 2 anos Cores do Brasil e Sorrentino, quem encerrou o Festival ABCPCC foi o cavalo mais experiente do campo. Ainda com 5 anos, Top Hat não quis saber de brincadeira no GP ABCPCC Matias Machline (G1-2000mG). Largou e acabou com a prova, sob o controle de Altair Domingos, fazendo a festa para o Stud JCM.

Sem falar comigo depois da decepcionante atuação na milha, em março, o filho de Royal Academy e Tavira (Effervescing), criado pelo Haras São José da Serra, topo conversar sobre o páreo.

“Entrei em acordo com o treinador João Macedo e só pretendo correr nos dois quilômetros. Sou especialista e recordista nessa distância, então não tem para quê inventar. É bem capaz de futuramente criarem uma prova parecida com essa, nos 2.000 metros, pista de grama, e colocarem o meu nome, pois nas três vezes que atuei no Matias Machline, figurei entre os melhores. Ganhei em 2006, aqui na raia paulista, e cravei o recorde que dura até hoje (1’56”294). Para muitos, considerado o recorde mundial da distância. No ano passado, viajei para o Rio de Janeiro e perdi a carreira para Quatro Mares. Esse ano, com esse campo vazio, eu admitia outro resultado que não fosse mais uma vitória. Por isso, saio como bicampeão.

Ganhar de mim, nos dois quilômetros, numa raia macia ou leve, é tarefa ingrata para qualquer adversário e falo isso com a maior certeza do mundo. Minha próxima exibição eu não sei. Tem o GP Brasil (G1-2400mG), mas não é a distância que eu gosto, portanto prefiro ser guardado para correr o Clássico Cândido Egydio de Souza Aranha (L.-2000mG), aqui em Cidade Jardim, no mês de agosto”, avisou o alazão.

Este final de semana, duas preparatórias para o GP Brasil (G1-2400mG) no eixo Rio/São Paulo e muitos cavalos estão reaparecendo, como Ivoire e Quatro Mares. Estarei pela Gávea no domingo, mas observarei com cautela o desenrolar do páreo no sábado paulista. Afinal de contas, o provável vencedor da prova máxima carioca estará em ação em uma das duas carreiras.