quinta-feira, 29 de maio de 2008

Jeune-Turc quer correr o Brasil 2008

Olá leitores, perdoem pela não atualização do CERCA MÓVEL na semana anterior, mas por motivos pessoais, não tive como faze-lo. Porém, estamos de volta, na 30ª coluna, firmes, fortes, sem patrocínio e ultrapassando os dois mil acessos. Obrigada a todos!

Como prêmio, fui até o Centro de Treinamento Vale do Itajara para conversar pessoalmente com Jeune-Turc. O recente campeão do Grande Prêmio São Paulo 2008 (G1-2400mG) me recebeu em sua cocheira e trocou algumas palavras sobre a conquista tão importante da campanha.

“Que bom te receber por aqui minha amiga. Nem conversamos muito em São Paulo, tamanha a correria. Eu também só cheguei na véspera da prova e fui embora no dia seguinte, bem cedo”, foi falando Jeune-Turc ao me ver.

O potro do Stud Ced, que está prestes a mudar dos 3 para os 4 anos de idade (ao virar o ano-hípico), também reclamou da não atualização do BLOG na última semana, mas entendeu minhas desculpas.

Como ele começou falando das dificuldades e da correria que foi sua chegada em Cidade Jardim, vitória no GP São Paulo e retorno ao Rio de Janeiro na semana máxima paulista, quis que o mesmo relatasse como fez para superar todas elas.

“Estou acostumado com o método de trabalho do treinador Venâncio Nahid. Já havia viajado para São Paulo duas vezes em 2007. Em ambas ocasiões, também cheguei no dia anterior da prova e acabei obtendo a 4ª posição”, relembra dos GP’s Presidente José de Souza Queiroz (G2-1400mG), em abril, e do Derby Paulista (G1-2400mG), em novembro.

Bem, como nas experiências anteriores ele não havia vencido, questionei se o mesmo não ficou surpreso por mais uma vez usar o mesmo método.

“De forma alguma. Eu até prefiro. Adoro a minha cocheira, o meu box. Então, concordo em viajar, atuar e logo voltar para casa. Por isso que não tem para quê mudar o método. Além de quê, sempre ganho umas folgas após uma viagem longa”, entregou Jeune-Turc, e lógico que quis saber que tipo de ‘folga’ é essa.

Sorrindo, ele explicou. “Vou dar o exemplo mais próximo, que foi da minha vitória no GP São Paulo, ok? Quando voltei para a minha cocheira na segunda-feira, dia posterior à importante conquista, não precisei trabalhar. Só fiquei no bem bom, comendo do bom e do melhor e recebendo muitos afagos. Aliás, até a La Vendetta (vencedora do GP Osaf) passou a vir me visitar, mas isso não vem ao caso (suspira). Bem, só voltei para a raia na sexta-feira, mesmo assim para trotar um pouco.”

Pedi para o filho de Know Heights e Creature Du Ciel (Machiavellian), criado pelo Haras Fronteira, contasse sobre a sua corrida no GP São Paulo.

“Foi uma corrida onde tudo deu certo. Larguei bem com o TJ no meu dorso e quando vi Paul Garden, Fort Wilderness e Uno Campione se ‘estapeando’ pela ponta, fui mantido entre as 7ª e 8ª posições. Por lá fiquei, só observando o train de Uno Campione e Paul Garden, ambos querendo disparar e esquecendo que o páreo era em 2.400 metros. Na reta oposta, senti a presença de Quick Road próximo a mim, também no meio do lote.

Na última curva, ainda era o 7º, mas quando entramos na reta final, Dear-Est abriu e deixou uma passagem maravilhosa para mim. O TJ só precisou me ajustar e o resto fiz sozinho, pois passados 200 metros, eu já dominava a situação sem dificuldade e, sem ver ninguém na minha frente, tratei de correr muito para cruzar o disco em primeiro.”

Perguntei se ele sentiu a aproximação de Biólogo e de Naperon, respectivamente 3º e 2º lugares na prova. “Te confesso que senti a presença de Biólogo, que vinha mais aberto, pelo meu lado direito, mas me assustei com o Naperon, que chegou voando pelo meu lado esquerdo, coladinho à cerca interna. Ele, eu realmente não tinha visto. Mas acredito que o TJ estava atento, pois comemorou sem se preocupar, ou seja, não tinha mais terreno para o Naperon tentar mais alguma coisa.”

Bem, pelo que Jeune-Turc tinha acabado de confessar, tratei de saber se estaria disposto a um reencontro com Naperon, que é seu irmão paterno.

“Não gosto de desmerecer os rivais, principalmente um meio irmão. Confessei que não vi a aproximação dele, mas se tivesse visto, com certeza ainda tinha reservas para não deixa-lo me passar em hipótese alguma.”

Sobre os planos futuros, Jeune-Turc confessa que seu maior desejo é ganhar o GP Brasil (G1-2400mG), em agosto próximo, no Hipódromo da Gávea.

“Sei que meu destino será as pistas americanas. Como não fiquei em São Paulo após a corrida, é bem provável que meus responsáveis permitam que eu corra mais um pouco por aqui, caso contrário, teria pego o mesmo avião do meu amigo Fluke e seguido para a América do Norte. Sou muito nacionalista, gosto do meu país e das corridas daqui. Espero continuar no Vale do Itajara até a realização do GP Brasil ao menos. Nessa semana, inclusive, voltei a galopar na distância, mas sem muito esforço, só para manter o ritmo.”

Quis saber se ele tinha visto o ocorrido entre Quick Road e Fort Wilderness durante a reta final do GP São Paulo, no que me respondeu.

“Impossível eu ver. Estava entre as linhas 5 e 6, liderando a prova, o desentendimento dos dois ocorreu na cerca interna. Assisti o vídeo e vi que ambos perderam a cabeça. Quick Road quis passar num espaço que não existia, Fort Wilderness não permitiu e empinou, quase derrubando o seu jóquei, enfim, ainda bem que eu não estava próximo, mas são coisas que podem acontecer num páreo cheio de cavalos.”

Como a diferença do 15º colocado (Dear-Est) para Jeune-Turc foi de apenas seis corpos, questionei se no Brasil a corrida não será mais dura.

“Tanto o GP São Paulo, quanto o GP Brasil são provas que qualquer cavalo de corrida nascido no país pretende ganhar. O equilíbrio é a marca registrada. Se em Cidade Jardim já foi emocionante, na Gávea deverá ser muito mais. Por isso que quero participar e repetir a dose, se der”, encerrou o castanho, deixando claro que quer continuar no país até a prova máxima carioca.

Os turfistas agradecem!

CRISTIANA STARINA

Na próxima semana, pretendo conversar com a égua Cristiana Starina, afinal de contas, em menos de cinco dias, ganhou dois páreos na raia de areia carioca. Merece ser mencionada no CERCA MÓVEL.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

O que faz o clima para a grande festa paulista

Olá leitores e visitantes do CERCA MOVEL! Vocês sabiam que a proximidade da semana internacional paulista não mexe apenas com os nervos dos profissionais, proprietários, criadores e turfistas? Os cavalos também ficam eufóricos, tanto os competidores das provas clássicas, quanto os que sonham um dia poder fazer parte da festa.

É até fácil compreende-los, afinal de contas, nós humanos já entramos no clima do GP São Paulo uma ou duas semanas antes da festa. Com o Puro-Sangue Inglês não é diferente e por isso irei relatar o que aconteceu no 6º páreo da programação da última segunda-feira, no Hipódromo da Gávea.

Dos oito competidores anotados para a prova comum em 1.400 metros, na raia de areia, dois ficaram de fora. Com apenas seis no campo, acreditava-se em uma carreira tranqüila, mas no caminho para o alinhamento, logo após o cânter, já deu para sentir o clima entre eles.

"Puxa, preciso vencer o páreo para sair em alguma coluna do site Raia Leve ou da Revista Turf Brasil, afinal de contas, os mesmos serão muito acessados durante toda esta semana, devido às festividades no Jockey Club de São Paulo. Quero ter o meu minuto de fama", comentou Nero com o companheiro de cocheira Maharishi, que concordou com o colega. "No que depender de mim, vamos fazer a dobradinha para o treinador A. Castillo e sairemos bonitos na foto da vitória."

Mal acabou de falar, Netzer encostou nos defensores do Stud By Winner’s para provocar. Deixem de ser bobos, vocês nem vão aparecer na foto, pois irei vencer esta carreira facilmente. Até os apostadores sabem disso e me escolheram como favorito."

Being Love Fitz escutava a discussão de longe e tentou amenizar a situação da pior forma possível. "Pessoal, vamos ter calma. Ainda nem alinhamos e vocês já estão discutindo quem vai ganhar. Fiquem sabendo que também estou em grande forma e pretendo dar trabalho a qualquer um de vocês, afinal de contas, sou o único aqui que tenho mais preparo, pois moro na serra fluminense, diferente de todos vocês."

Sendo que Being Love Fitz não devia ter falado dessa forma, pois Saint Hill e Zendanz, que até então não estavam querendo se meter na conversa, acabaram comprando a briga.
"Você está querendo dizer que por ter uma cocheira no alto da serra é melhor que nós, que moramos na Gávea. Pois saiba que iremos correr na raia de areia, a mesma raia que galopamos diariamente, diferente de você. Ou seja, conhecemos muito mais esse terreno que qualquer ‘cavalinho’ que viva na serra", disse Saint Hill, sendo apoiado por Zendanz.

Pois bem leitores, como vocês podem ver, a confusão estava armada e assim, com os nervos nas alturas, os seis cavalos alinharam para a prova.

Dada a largada, o ligeiro Zendanz forçou e foi logo para a ponta, abrindo boa vantagem. "Olha ai seus bobos. É bom vocês aumentarem o ritmo, pois do jeito que estou, só voltarei a vê-los após cruzar o disco."

Nero, que iniciou toda a discussão, tratou de tentar seguir o ponteiro. "Pára com isso Zendanz, esse páreo é meu. Deixa eu viver meu minuto de fama", falava enquanto Saint Hill e Being Love Fitz brigavam em seguida. "Que foi ‘cavalinho da serra’, não agüenta um duelo cara a cara", grunhia Saint Hill para o pensionista de R. Solanes.

Maharishi, que havia dito que ajudaria Nero na luta pela vitória, era penúltimo, na frente apenas do favorito Netzer. "Desculpa Nero, larguei mal, mas vou fazer esse metido aqui comer poeira", gritava para o colega de cocheira, que nem imaginava ainda o trabalho que teria nos metros seguintes.

Durante a curva, Zendanz continuava firme na ponta, enquanto Nero sofria ataque duplo de Saint Hill e Being Love Fitz. "Vocês podem até conhecer o traçado dessa raia, mas quem tem mais categoria sou eu", atreveu-se a falar Being Love Fitz.

A frase entrou como um torpedo nos ouvidos de Nero e Saint Hill, que trataram de forçar o passo, fazendo com que Being Love Fitz também aumentasse o ritmo para manter-se junto aos dois. Emparelhados, os três entraram na reta final e acabaram alcançando e ultrapassando Zendanz.

A briga do trio continuou durante toda a reta, cada um colocando a cabeça na frente a cada troca de galão.

Para engrossar ainda mais o difícil combate, o favorito Netzer entrou na reta final ainda na última posição, mas quando viu que Maharishi buscava a cerca interna, tratou de iniciar uma bela atropelada pelo meio de raia. Nos 100 metros finais, já emparelhava com o trio de ponteiros.


"Pensaram que eu estava fora da disputa? Falei que o páreo era meu", avisou Netzer.
Nesse momento, faltavam menos de 50 metros para o disco de chegada e os quatro competidores não se entregavam nem desistiam da vitória.

"Eu quem vou sair na foto", gritava Nero; "Sou melhor que vocês", provocava Being Love Fitz; "Não vou permitir que você ganhe", respondia Saint Hill; "Esqueçam, eu vou ganhar", também bradava Netzer.

A disputa era tão acirrada que o próprio multifuncional (locutor-jornalista-editor-compositor-flamenguista) Marco Aurélio Ribeiro, que narrava o páreo, não soube identificar quem seria o vencedor e entregou a Deus (e ao fotochart) o resultado final.

Voltando da raia, após o páreo, enquanto não saía o resultado no painel da Gávea, pensei que os quatro cavalos fossem chegar às vias de fato. Mas uma coisa interessante aconteceu. Quando eles se encararam, trataram de sorrir uns para os outros emocionados.

"Abraçados" voltando para a repesagem, Saint Hill, Netzer, Being Love Fitz e Nero causaram espanto para Maharishi e Zendanz, que chegaram nas duas últimas posições, distantes vários corpos dos ponteiros.

"Que houve Nero? Vocês estavam se matando há poucos segundos e agora estão nessa alegria toda. Não entendo?", indagou Maharishi, no que foi respondido por Nero. "Você não entendeu? É simples, ganhamos todos nós, pois proporcionamos um espetáculo à parte para todos os turfistas que acompanharam a carreira", e saiu da raia emocionado.

É leitores, como vocês podem ver, eles têm uma sensibilidade tão ou mais apurada que a nossa. A propósito, a ordem de chegada, se é que tem alguma importância, foi Nero (nº 2), Being Love Fitz (nº 1), Netzer (nº 7) e Saint Hill (nº 4). A diferença do primeiro (Nero) para o 4º (Saint Hill) colocado foi de apenas pescoço de vantagem, como vocês podem observar na foto de Gerson Martins que ilustra esse blog.

Se num páreo de turma, na Gávea, em plena noturna de segunda-feira houve toda essa emoção, imaginem o que veremos nesse final de semana, no Hipódromo de Cidade Jardim, na grande festa do GP São Paulo?

Espero vocês por lá no final de semana e aqui na próxima quinta-feira!

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Ajudando o velho Lobo na corrida pelas 3 mil conquistas



Fala amigo leitor, mais uma vez atrasei a atualização do CERCA MÓVEL, mas é fácil explicar o motivo. Precisei conversar com cinco corredores que atuam em Cidade Jardim e recebem os cuidados de Selmar Lobo.

Apesar de todos viverem na mesma cocheira, é difícil encontrar um espaço propício para conversar com cinco cavalos ao mesmo tempo, principalmente quando quatro deles são fêmeas (que falam muito mais, sempre!). Mais o importante é que consegui.

O treinador Selmar Lobo precisava de três conquistas para alcançar as 3 mil vitórias e inscreveu cinco competidores na semana anterior, mas apenas dois vingaram. A conversa, que quase virou um grande debate, eu transcrevo para os leitores fiéis.

A potranca Noite Mágica estava eufórica e se sentindo superior, afinal de contas, largou e acabou no primeiro páreo de sábado, em Cidade Jardim. A filha de Our Emblem e Devillishness Flag (Devil’s Bag), de criação e propriedade do Haras Old Friends Ltda., falou sobre sua atuação.

"Havíamos combinado de presentear o treinador obtendo as vitórias que faltavam. Eu cumpri o meu papel e estou muito satisfeita, pois o Lobo merece. Isso sem falar que foi uma vitória com autoridade, afinal de contas, ganhei por 16 ¼ corpos de vantagem. Agora, tirando o cavalo Libriano, fiquei chateada com minhas colegas de cocheira, que deixaram a desejar", disparou a castanha de 2 anos.

Mary Rê, que era a segunda inscrição de Selmar Lobo na mesma tarde de sábado, em São Paulo, foi logo se defendendo.

"Calminha ai Noite Mágica. Você correu páreo de turma e já conhecia a raia de areia. A maior prova que sua tarefa era fácil, foi que fechastes a pedra de apostas como favorita. Ou seja, era mais do que sua obrigação vencer o páreo e marcar o ponto para o Lobo. Eu também adoro o treinador e provei isso ao correr muito no Clássico Presidente Luiz Nazareno T. de Assumpção (L.-1600mA). Estava abandonada nas apostas e mesmo assim obtive o segundo lugar para a franca favorita Rising Fever. Ou seja, corri tudo o que podia e mais um pouco para alegrar meu mestre, que cuida de mim com o maior carinho", respondeu com muita moral a 3 anos Mary Rê, que é filha de Ghadeer e Itaquerê Mint (Clackson), também de criação e propriedade do Haras Old Friends.

A potranca Noite Mágica se desculpou com a colega de coudelaria, mas continuou atacando.


"Tudo bem Mary Rê, não queria falar de você. Imagino as dificuldades em páreo de Listed Race, mas em breve também devo participar de provas clássicas e pretendo ganhar mais uma para o Lobo. O que mais me chateou foi a representação na tarde de domingo das nossas colegas de cocheira e coudelaria."

Nota Dez, também de criação e propriedade do Haras Old Friends, tirou o dela da reta com categoria. "Vamos pegar leve Noite Mágica? Logo que estreei, ganhei na raia de grama, portanto já marquei meu ponto para o treinador. No 6º páreo do útimo domingo, como teria de atuar na raia de areia, o próprio Selmar Lobo me retirou da carreira, portanto não tive culpa, mas logo pretendo ganhar outras provas não só para o treinador, como para minha campanha", disse a potranca de 2 anos.

Outra potranca de criação e propriedade do Haras Old Friends se envolveu na discussão. My Number atuou no domingo paulista, no 8º páreo, e chegou na 6ª posição, na frente de apenas uma competidora, mesmo assim não teve papas na língua quando falou.

"Sei muito bem que Noite Mágica estava se referindo à minha corrida. Primeiro é bom deixar claro que atuei novamente na areia e fui conduzida pelo aprendiz F. Davidson. Na verdade, era o M. Quintana quem estaria sobre o meu dorso, mas o mesmo não pôde. Não tive um percurso muito bom e a turma era mais dura para mim. Portanto, em turma mais amena, pretendo dar o troco. O treinador Selmar Lobo sabe que tentei, mas chega uma hora que é melhor não forçar muito e se guardar para o próximo compromisso", ponderou em dizer a filha de Nedawi e Anna Song (Seattle Song).

Dos cinco inscritos, quatro foram fêmeas e defensoras do Haras Old Friends. O único macho do quinteto era Libriano, que defende as cores do Stud Dona Monica. Anotado para o 9º páreo da programação de domingo, no Hipódromo de Cidade Jardim, Libriano venceu páreo incrível.

"O Selmar Lobo acertou em cheio ao convidar a joqueta Aderlândia Alves para me conduzir. A ‘Adê’ soube me deixar correr a vontade e surpreendi os turfistas pagando ótima pule (R$ 5,00), após cruzar o disco em primeiro. Fiquei muito feliz, pois foi minha primeira vitória na raia de areia e, com isso, ficou faltando apenas um êxito para o velho Lobo alcançar a ótima marca de 3 mil conquistas como treinador", filosofou o filho de Nedawi e Veuve Fatale (Baronius), criado nos campos do Haras Old Friends.

Depois de toda a conversa e discussão, os cinco corredores, em especial a potranca Noite Mágica e o cavalo tordilho Libriano, trataram de mandar um recado para Mané Gol, Feliz Idéia, Fly Gatica, Nova Máquina, Menininha, Never Say Noway, Translucida e Ursada, todos inscritos por Selmar Lobo para as corridas desta semana, no Hipódromo de Cidade Jardim.

"Bem, independente de qualquer coisa, fomos cinco inscritos na última semana, mas apenas quatro correram e dois venceram, ou seja, conseguimos 50% de aproveitamento para o Selmar Lobo. Vocês estão em número de oito e é preciso que apenas um cruze o disco em primeiro para fazer história no currículo do nosso treinador. Portanto, não nos decepcionem, ok?", deixou avisado o cavalo Libriano, enquanto Noite Mágica olhava para cima e suspirava. "Bem que poderia ter sido eu a vencedora do páreo 3 mil do velho Lobo. Sem dúvidas, minha alfafa viria ainda melhor!"

É leitores, agora é torcer para que os pensionistas de Selmar Lobo acertem o passo nessa semana. Boa sorte a todos, pois o velho Lobo merece!

quinta-feira, 1 de maio de 2008

A hora e a vez das mulheres

Olá leitores, desculpem a demora na atualização da CERCA MÓVEL desta semana, mas entendam que hoje é feriado do trabalhador e ontem tive de comemorar bastante a grande conquista do meu Flamengo na Libertadores, afinal de contas, meter quatro gols na casa do adversário não é para qualquer um. Mas vamos ao que interessa, que é saber o que anda pensando os cavalos de corrida.

Esta semana, bati um papo dos mais agradáveis com a potranca Estrela Boa, que venceu os machos no GP Nestor Jost (G3-1500mG), na tarde do último domingo, no Hipódromo da Gávea.

Bem a vontade na cocheira que ocupa no belíssimo e completo Centro de Treinamento do Estrela Energia, a filha de Our Emblem e Notizia (Pallazzi), criada pelo Haras Fronteira, me recebeu para esta entrevista exclusiva ao CERCA MÓVEL.

“Como é bom ter você por aqui. É muito importante para mim ser lembrada por este BLOG, que já se tornou leitura obrigatória para todo Puro-Sangue Inglês”, elogiou.

Após minha gratidão pelas palavras gentis de Estrela Boa, pedi para que a mesma contasse como foi a corrida.

“Não poderia ter sido melhor. Larguei pela baliza 7 e deixei os ‘apressadinhos’ irem para a frente, sem nenhum receio. Vi quando Signal Up dominou as ações e era perseguido por Goleiro Frangueiro, Samurai Dodge e Susumo. Eu corria em penúltimo, só à frente de Uiking. Marcelo Almeida me manteve sempre junto aos paus e ao entrar na reta final, como um grande número de competidores ficaram próximos à cerca interna, buscamos o lado de fora, para fugir do ‘engarrafamento’. Enquanto Signal Up só pensava em livrar boa diferença para os cinco potros que tentaram tomar a sua vitória, esqueceu da minha presença. Cheguei a vê-lo pronto para comemorar, quando olhou para o seu lado direito e me viu chegar ao espelho de chegada primeiro. Nunca vi um potro chorar tanto após uma corrida, mas paciência, acharam que eu não tinha condições e sofreram um baque”, conta.

Procurei saber se ela havia escutado alguma provocação na raia, e logo Estrela Boa confirmou.

“O universo do turfe, infelizmente, ainda tem uma predominância machista, mas nós, do sexo feminino, temos de acabar com isso. Teve potros que me respeitaram e trataram de igual para igual, sendo que sempre tem um ou outro engraçadinho que solta piada, dizendo que não tinha para quê eu estar anotada naquele páreo, enfim, essas coisas chatas. Mas o importante é fazer o que fiz: dar a resposta na raia, vencendo!”

Senti que Estrela Boa se empolgou ao falar sobre o machismo do turfe e pedi para ela falar um pouco mais sobre o assunto.

“Nós, potrancas, éguas e mulheres do turfe, estamos vivendo um momento fantástico. Antes da minha corrida, na semana anterior, vi Indianette desbancar os machos no GP João Borges Filho (G2-2400mG) e pensei comigo. ‘Ela massacrou os machos e numa preparatória para o GP São Paulo (G1-2400mG). Eu também posso fazer isso!’. Também tenho visto o quanto a joqueta Josiane Gulart tem mostrado competência na arte de controlar um PSI, não é à toa que a mesma está entre os 10 melhores jóqueis da atual temporada no Hipódromo de Cidade Jardim e voltará a atuar em prova de Grupo 1 (inclusive, soube que a Furia Olímpica tem chance de presentear a joqueta com o êxito). Impossível não deixar de falar sobre a Jéssica Danemann (proprietária de Indianette) que vem mostrando que a mulher no turfe também pode falar e fazer política. Enfim, foi com todos esses exemplos que criei em mim uma empolgação capaz de realmente vencer os machos. Para mim e para todas as mulheres que citei, fora outras que também estão nos bastidores e que atuam de sua forma, chegou sim a nossa hora no turfe!”, encerrou a campeã, que em quatro apresentações, alcançou o primeiro êxito logo na estréia clássica. Estrela Boa ainda tem três colocações na campanha.

Depois dessa grande empolgação demonstrada pela Estrela Boa, acredito que os potros, cavalos e homens passarão a olhar com mais cautela a presença das fêmeas no nosso meio turfístico, pois chegou a nossa hora!