quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Campeão do Derby Paulista afina a gaita pensando na Argentina

Olá leitores, aqui estamos nós mais uma vez. Vale destacar que o atraso da coluna foi de propósito, pois queria voltar ao aeroporto do Galeão, aguardar o embarque para Porto Alegre para cobrir mais um Bento Gonçalves (G1-2400mA) e colocar no ar mais um CERCA MÓVEL fresquinho para vocês.

Foi neste local que no ano anterior a primeira coluna entrou no ar. Ou seja, lá se vão 12 meses e 55 estórias neste espaço cibernético-democrático em que os cavalos falam e eu os traduzo para todos vocês se entenderem.

Bem, ando viajando mais que o presidente do nosso país, sendo que com uma diferença: eu trabalho mesmo! Na semana anterior, estive em São Paulo para assistir o festival do Derby Paulista (G1-2400mG).

Antes de entrar na raia, senti Negro da Gaita muito afoito. Não o conhecia ainda, só havia visto algumas de suas corridas, mas ele foi super-simpático quando passou por mim, desejando-me boa sorte no trabalho. Agradeci e acendi meu radar de que alguma coisa estava por vir, tamanha a confiança que o potro da Coudelaria Jéssica passava.

Não nego aos leitores que a minha atenção principal estava em Flymetothemoon e Rutini, pois acreditava que daquele embate poderia sair o vencedor. Mas percebi os dois mais calmos em São Paulo. Acho que o clima paulista amenou os ânimos dos dois pensionistas de Venâncio Nahid.

Mas voltemos ao Derby...

Todos alinhados e de repente Urubu Malandro faz jus ao nome. Derruba Bruno Reis e passa por baixo do partidor, atrasando a largada. Quando ele foi pego pelo punga, em frente ao disco, olhou para mim e disse.

“Pronto, consegui o que queria. Cruzei o disco em primeiro”, e voltou ao partidor às gargalhadas. É um brincalhão o competidor do Stud Estrela Energia.

Enquanto Urubu Malandro fazia seu show pessoal, todos os outros 17 competidores continuavam dentro do partidor. Alguns começaram a se irritar, como Flymetothemoon. “Essa joça abre ou não hoje?”, bradava o potro.

Bem, depois de Urubu Malandro entrar novamente no box, ai sim foi permitida a largada.

Ângulo Certo aproveitou bem a baliza um e saiu na frente, mas correndo e gritando feito um doido vinha Quick Wind. “Pode parar, eu quem faço o train”, e assumia a liderança da prova.

Um empurra-empurra rolou durante a primeira curva, onde eu só escutava, ‘cuidado com meu pé’; ‘sai pra lá’; ‘pára de jogar areia na minha cara’.

Quick Wind sofreu com a perseguição de Nuestro Hermano, que de irmão não tinha nada. “Cuidado heim, tô pertinho de você”, ameaçava o pensionista de João Macedo. Flymetothemoon corria em 9º e foi então que observei na frente dele os potros Hot Six (6º) e Negro da Gaita (7º) calados, só correndo e ouvindo os outros competidores ofegantes.

Leitores, ao entrar na reta final, juro que não acreditei no que eu ouvi. Negro da Gaita começou a assobiar. Sim, assobiar como se tivesse uma gaita na boca. E foi nesse mesmo momento que Marcelo Cardoso, que estava sobre o dorso do cavalo, levou para linha 4 e iniciou a atropelada.

Juntos chegaram a abrir cerca de quatro corpos sobre os outros competidores. Foi quando Negro da Gaita parou de assobiar e nos 200 metros finais Hot Six começou a correr como se tivesse largado dali. Deu trabalho, mas Negro da Gaita conseguiu manter cabeça de vantagem sobre o rival.

Quem também avançou com grande ação, bem pertinho da cerca interna, foi Flymetothemoon, que ficou na 3ª posição. Mirassol e Nuestro Hermano completaram o partidor.

Quando voltou ao padoque, chamei Negro da Gaita para uma entrevista e o mesmo atendeu a minha solicitação, mas provocando de certo modo.

“Até que enfim vou virar notícia no CERCA MÓVEL. Tava mais do que na hora! (provocou) Brincadeiras à parte, obrigado pela atenção”, falou.

Quis saber dele qual o segredo do assobio e ele me respondeu aos relinchos.

“Muito simples, meu nome não é Negro da Gaita à toa. Toco gaita sim e assobio como poucos. Sendo que ao assobiar, além de aumentar a minha performance, também descobri que hipnotizo meus adversários. Ao entrar na reta final, apenas assobiei e comecei a voar na raia paulista, enquanto os outros começaram a diminuir o ritmo.

Quando cheguei nos 200 metros finais, parei de assobiar, pois estava com a vitória assegurada. Não me importei nem um pouco com o ataque de Hot Six, pois ainda tinha fôlego para assobiar novamente”
, explicou o filho de Know Heights e Graciosa Bailarina (First American), criado pelo Stud Mega.

O castanho não nega que seus planos é mesmo atuar no GP Carlos Pellegrini (G1-2400mG), no próximo mês, no Hipódromo de San Isidro, na Argentina.

“Estou até ensaiando algum tango para assobiar durante o páreo. Quero ver o que eles vão fazer quando eu começar a tocar ‘por una cabeza’. Nos vemos por lá, ok?”, me convidou o vencedor do Derby Paulista, sem antes deixar um recado especial.

“Quero dedicar essa vitória ao meu pai Know Heights, que morreu há duas semanas. Convivi pouco tempo com ele, mas sempre nos falamos pelo telefone. Continuo invicto na pista de Cidade Jardim, onde corri duas vezes, mas sem dúvidas meu pai merece esta vitória e, quem sabe, a do Pellegrini também. Vou caprichar papai!”, encerrou com lágrima nos olhos o potro.

BENTO GONÇALVES

Bem leitores, eu vou embarcar para Porto Alegre, onde devo reencontrar meu amigo Starman, que, não posso esconder de vocês, está todo bobo porquê será conduzido mais uma vez por Jorge Ricardo. Mas isso, eu conto na próxima semana.

Fui!

2 comentários:

Marco Aurélio Ribeiro disse...

Pois é Karol,

Foi muito bom na noite de ontem. Uma receita pra curar a ressaca. Tome muito chimarrão, bem quente. Se não curar, pelo menos esquenta...Bom trabalho e bom retorno.

Fui

Unknown disse...

AHAUHAUAHUAHAUAHUAHAUAHUAHUAHAUAHUAHUAHAUAHUAHAUHAUAHUAHAUAHUAHUAAHUAHUAHAUAHUHAU!!!!
Parabéns Karol, adorei teu blog! Agora eu sei que não sou só eu que ouço eles falarem... ansiosa pra ler a entrevista do Starman...
Beijo!