sexta-feira, 22 de maio de 2009

Flymetothemoon, da queda à glória

Olha o CERCA MÓVEL ai gente! Como vocês já devem saber, a semana foi repleta de trabalho. Leilões, corridas, revista, fotos (muitas por sinal) e até um novo jornal pintando no mundo do turfe fizeram com quê esta jornalista ficasse muito cansada e não conseguisse atualizar este blog na quinta-feira. Porém, não poderia deixar os fieis leitores na mão e, em especial, o potro Flymetothemoon, entrevistado e grande heroi da semana, sem seu merecido espaço.

É sim leitores, assim que o Grande Prêmio São Paulo 2009 (G1-2400mG), realizado no último domingo, dia 17 de maio, chegou ao fim, mais uma surpreendente história do mundo equino acabara de se escrever e se equiparar com o mundo dos humanos. A história da superação.

Quem não lembra da atleta brasileira Maurren Higa Maggi, afastada por doping das competições durante 5 anos, indo ao fundo do poço e retornando nas Olímpiadas de Pequim em 2008 para ganhar o ouro inédito no individual feminino de atletismo? Naquele momento, Maurren mostrou que a superação é fruto de um trabalho dedicado e de muita confiança. No último domingo, participando do GP do Rio de Janeiro, no Engenhão, a atleta voltou a ganhar outro ouro, representando a pátria com grande perfeição.

Bem, quis relembrar a história da Maurren porquê enquanto ela recebia a medalha de ouro no Rio de Janeiro, em São Paulo, mas precisamente no Hipódromo de Cidade Jardim, o potro Flymetothemoon também dava um grande exemplo de superação e se tornava o heroi da festa máxima paulista.

O pensionista de Venancio Nahid, três meses antes, havia rodado feio na mesma raia de São Paulo, e domingo foi à glória. Por isso, o grande personagem da semana não poderia deixar de conversar com nós do CERCA MÓVEL.

“É um prazer imenso poder participar desse blog, já conhecido de todos os equinos. Sem dúvida, domingo (17) foi um dia especial para a minha vida de corredor. A rodada em março, quando derrubei e acabei afastando Jorge Ricardo das pistas por 3 meses, me deixou bastante magoado. Nem tinha esperança em voltar a correr quando sai da raia.

Mas a dedicação do veterinário Flavio Carneiro e a paciência do treinador Venâncio Nahid depois do ocorrido, foram fundamentais para a minha superação. Eles acreditavam em mim e no meu potencial. Bastava apenas eu voltar a ter coragem de competir”
, relembra Flymetothemoon.

Depois do acidente no GP Latinoamericano 2009, o filho de Roi Normand e Onefortheroad (Ghadeer), de criação e propriedade do Haras Doce Vale, apareceu direto no Grande Prêmio São Paulo (G1-2400mG). Quis saber o que ele sentiu.

“Apreensão! Muita apreensão mesmo. Quando fiz o cânter e vi aquele mundo de gente, não nego que tremi nas bases. Mas menos pressionado. Sim, porque em março, no Latino, eu estava sendo pilotado por Jorge Ricardo, assumi o posto de favorito, fui muito perseguido nos metros iniciais do percurso e o final daquela história, você sabe bem como foi.

Mas no último domingo foi diferente. Apesar de estar apreensivo por causa da queda que havia sofrido e de ter um número maior de pessoas no Hipódromo de Cidade Jardim, percebi que as atenções não estavam voltadas para mim e sim para Hot Six. Também Waldomiro Blandi me passou confiança, eu sabia que estava bem preparado, enfim, foi um somatório de sentimentos que acabou resultando em confiança”
, resumiu.

Sobre o decorrer do páreo, o potro fez questão de desmentir os boatos de que era cerqueiro.

“Ri muito quando soube que os chamados comentaristas paulistas me chamaram de cerqueiro. Até na revista distribuida gratuitamente no dia do GP São Paulo me acusava de ser ‘extremamente cerqueiro’. Se realmente eu fosse o que eles disseram, jamais ganharia a prova, pois tinham 18 competidores anotados e larguei o mais longe possível da cerca interna. No decorrer do páreo, consegui atuar entre as linhas 4 e 7. Foi por esse mesmo caminho que na reta final, uma brecha fundamental se abriu e tratei de desenhar a minha vitória, a mais importante da minha campanha até agora”, admite.

Outro fato que não poderia ficar de fora era saber o que Flymetothemoon achava de Hot Six, que venceu o Latinoamericano em março e no último domingo o secundou, com apenas ¾ corpos de diferença.

“Hot Six é um potro de extrema qualidade. Não quero desmerecer os outros competidores, mas nos últimos 150 metros, só nós dois corríamos a prova. Por não ter sido vigiado dessa vez, tive um percurso mais limpo, enquanto ele precisou se esforçar mais, correndo sempre aberto para fugir de percalços.

Nossos encontros têm sido emocionantes. Ele é um ‘cara’ legal, bom de papo, mas um rival por quem tenho muita admiração e respeito. Nos encontramos em quatro ocasiões, três Grupo 1 e uma seletiva. Eu venci dois Grupo 1, ele as outras duas. Ou seja, estamos empatados. Quem sabe, no Grande Prêmio Brasil não ocorra o desempate!”
, sugere.

Para encerrar nossa entrevista, pedi para Flymetothemoon contar o que passou por sua cabeça no momento que cruzou o disco de chegada na frente, no Grande Prêmio São Paulo, no que fui prontamente atendida.

“Passou tanta coisa ao mesmo tempo que até fiquei meio tonto. Os gritos do público, a alegria por estar vivo e não ter se quebrado após o acidente de março, a lembrança do meu primeiro Grupo 1 na Gávea. Enfim, só me toquei que havia vencido outro Grupo 1 quando fui recebido por Venâncio Nahid (treinador) e Carlinhos (sub-gerente) na raia. Ali, vi que eu tinha superado todos os meus medos e apagado de vez a queda no Latino. Fui à glória!”, termina com os olhos marejados.

Pessoal, ele não quis falar, mas eu posso porque estava lá. Ele voltou da raia com os olhos também marejados, pois sabia o quão importante havia sido àquela conquista. Mas, sem dúvida que um reencontro entre ele e Hot Six será imperdível. Eu, ao menos, não pretendo perder.

Para a próxima semana, irei tentar falar com Glória de Campeão, que também foi um heroi no domingo ao vencer prova de Grupo 1 em Cingapura. Conto com vocês por aqui. Até a próxima!

2 comentários:

Marco Aurélio Ribeiro disse...

Pois é Karol,

O Glória de Campeão está há tanto tempo na França e correndo pelo mundo, que deve ter esquecido a língua portuguesa. Trata-se de caprinchar no francês...

Roubar minhas invenções já é rotina sua...Rodrigolândia foi apenas mais uma.

Bjs

Faby Mattos disse...

Karol!
Muito emocionante a entrevista do Flyme... fiquei feliz quando vi que ele ganhou...
Tomara que essa história de superação se estenda aos nossos hipodromos, pra que o turfe respire aliviado!
Beeeijo!