quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Middle Fast e as meninas super poderosas da Gávea

     Pessoal, como vai vocês? Olha que a semana passou voando como borboletas, mas na verdade foi uma 'Borboletinha' que junto com mais algumas mulheres deram show no Hipódromo da Gávea e por isso eu tive de conversar com MIDDLE FAST na coluna de hoje.

     A égua de Francisco de Paula Elias Filho venceu o Grande Prêmio Costa Ferraz (Grupo 3), realizado no último domingo, nos 1.000 metros da pista de grama do Jockey Club Brasileiro e nos confidenciou tudo o que viveu.

    O papo rolou em sua cocheira, na Vila Lagoa da Gávea, onde Middle Fast me recebeu com muito carinho.

CERCA MÓVEL: Olá Middle Fast, quero começar parabenizando pela grande vitória em Grupo 3, a sua primeira graduada?
MIDDLE FAST: Obrigada Karol, seja bem vinda. Moro aqui na Gávea com louvor, tenho o privilégio de ter como vizinho a Lagoa Rodrigo de Freitas e ainda poder observar o Cristo todos os dias. Então, posso dizer que moro no paraíso dentro do Rio de Janeiro.
Momento da vitória

CM: Ok, concordo, mas aqui é bem quente no verão?
MF: É sim, mas o agito da cidade grande mesclado com a calmaria das vilas da Gávea é um ingrediente que apenas quem vive aqui tem o privilégio de sentir.

CM: Vamos falar da sua vitória de domingo?
MF: Permita que eu faça uma correção: a nossa vitória de domingo. Sim, porque domingo foi um dia do sexo feminino e ainda bem que caiu ainda em Outubro, mês que todas as mulheres precisam se preservar contra o perigoso câncer de mama. A vitória obtida foi graças ao trabalho de três mulheres em especial: veterinária Nicole Duarte, treinadora Cristina Resende e aprendiz de joqueta Victoria Mota. Sou apenas a quarta ponta desta estrela vitoriosa.

CM: E quem seria a quinta ponta desta estrela?
MF: Todas as fêmeas, éguas e potrancas do eu lado equino, e todas as mulheres, sejam alunas, joquetas, aprendizes, treinadoras, veterinárias, agentes de montaria, cavalariças, jornalistas, fotógrafas, enfim, todas que encontraram seu espaço neste mundo machista do turfe. Aos poucos os homens e os cavalos vão observando que temos direito ao nosso espaço e abrilhantamos ainda mais o espetáculo das corridas. Juntos fazemos mais.
Muita alegria no retorno

CM: Nossa, seu discurso é quase político?
MF: Talvez seja por estarmos às vésperas das eleições e também porque estou empolgada por tudo que aconteceu domingo.

CM: Chegou onde eu queria, vamos falar de domingo. Como você acordou? Foi para a disputa? Conte tudo para os nossos leitores, pode ser?
MF: Claro! Acordei bem cedo, como sempre faço. Caprichei no café e ainda tive direito a umas cenouras especiais. Dra Nicole passou pelo meu box e mediu minha temperatura, depois a Cristina Resende me observou e deixou eu caminhar com meu cavalariço. Logo após uma relaxada após o almoço, fui me encaminhando para o padoque, para meu grande momento. Encontrei a Victoria Mota um páreo antes, pois ela fez questão de ir me fazer um carinho. Na hora do páreo, ela subiu no meu dorso e me confidenciou: 'Hoje será nosso dia!".

CM: Sério, ela te disse isso?
MF: Sim, mas mesmo depois disso, ainda se mostrou um pouco nervosa no meu dorso. Fizemos o cânter, te vi fazendo foto. E nos encaminhamos para o partidor. Percebia que ela ainda não estava relaxada, então precisei provocá-la.

CM: Como você provocou a Borboletinha?
MF: Simples, sai do partidor fazendo muita força, como se quisesse ir logo para a dianteira. Victoria sabe que gosto de correr acomodada, então ela foi forçada a me conter e a se preocupar apenas com nossa corrida e esquecer das adversárias.

CM: Funcionou bem, pois vocês entraram a reta final na última posição?

Retorno da vitória
MF: Exato e eu estava bem poupada pela linha 2, foi quando Victoria viu que tinha muita égua na nossa frente e decidiu me levar para a linha 8 ou 9. Por este caminho, sem ninguém para cruzar nossa frente, ficou fácil me deixar correr livre.

CM: E como você correu heim. Uma atropelada fabulosa por sinal. Passou uma a uma das adversárias, parecia que tinha largado dali.
MF: Foi isso mesmo que senti, que havia largado dali. Só queria saber de correr. A Vic é leve e sabe me tocar de maneira correta. Não se mexe tanto no meu dorso, então não desequilibra meus impulsos. Formamos uma boa dupla, sem sombra de duvida.

CM: Vocês venceram bonito páreo e fizeram história uma na vida da outra, pois tanto a Victoria Mota quanto você estreavam em prova graduada e conseguiram vencer. Isso mexeu contigo?
MF: E teria como não mexer? Foi fantástico. Já sabia que a Victoria me tinha muito carinho, mas que o preferido dela era o Afetuoso, por sinal, um dos cavalos mais lindos da Gávea, mas acredito que depois dessa nossa conquistas juntas, passei a também ser inesquecível para a história dela.

CM: Afetuoso heim, quer dizer que você tem certo interesse no cavalo?
MF: Eu? Bem, não sei, sei lá. Eu acho ele bonito. Moramos e trabalhamos no Hipódromo da Gávea, mas nem nos falamos muito. Sou tímida sabe. E acho que ele também. Há Karol, não me faça essas perguntas difíceis (falou muito envergonhada).

CM: Desculpa Middle Fast, não sabia que você ficaria tão enrubescida?
MF: Eu sou tímida, eu disse. Mas tudo bem.

CM: Qual será seu próximo passo?
Nicole, Cristina, Victoria e Juliana, meninas super poderosas
MF: Isso não depende apenas de mim, mas da minha equipe. Acredito que este mês eu descanse, enquanto minha treinadora e o proprietário buscam um novo desafio para mim. Estarei pronta para o que eles decidirem.

CM: Agradeço pelo bate papo e peço desculpas por ter sido tão enxerida no aspecto pessoal?
MF: Tudo bem Karol, não precisa se desculpar, mas espero que o Afetuoso não leia esta reportagem. Ficarei com vergonha quando encontrá-lo na raia para trabalhar pela manhã. Obrigada pelo espaço e pelo carinho. Quero encerrar agradecendo e mandando beijos para Cristina Resende, Victoria Mota e Nicole Duarte, vocês são as minhas meninas super poderosas!

Dessa forma encerramos o bate papo com a filha de Crimson Tide e Pour Rafaela (Vettori), criada na Coudelaria Jéssica, irmã inteira da também campeã graduada High Jinks.

Texto e fotos: Karol Loureiro

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