quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Hotaru acha seu espaço em dia de potros e potrancas

     No último sábado, no Jockey Club de São Paulo, foram realizadas cinco provas do calendário clássico local, entre elas os tradicionais GP's Diana (G1-2000mG), para potrancas), e Derby Paulista (G1-2400mG), para potros, que foram vencidos respectivamente por Sea Dream e Galope Americano.
   
     Apesar do grande desempenho dos dois vencedores de 3 anos, quem brilhou intensamente quase que no apagar das luzes de Cidade Jardim foi o cavalo HOTARU, o escolhido para ser o nosso entrevistado da semana.

Na primeira volta, Hotaru corria na frente de apenas dois rivais
CERCA MÓVEL: Parabéns pela vitória no GP Ministro da Agricultura (G2-2400mG), sua segunda vitória graduada das quatro da campanha. Acreditava que venceria o desafio?
HOTARU: Puxa, nem estou acreditando que eu serei o entrevistado de uma semana tão importante, com vencedores de Grupo 1 como Galope Americano e Sea Dream. É uma honra poder falar para os turfistas que acompanha o blog Cerca Móvel. Respondendo a sua pergunta, tinha total confiança que venceria o desafio, pois logo após trabalhar a distância nos matinais do Tarumã, senti-me mais confortável. Então vencer a corrida era sim algo esperado por mim.


CM: Sendo que era a primeira vez que você competia nos 2.400 metros, ainda mais na grama. Como poderia ter tanta certeza?
H: Nem era questão de certeza. Eu tinha obtido duas boas vitórias na milha de grama paulista: uma no final de junho e outra em meados de julho. Então tanto eu, quanto meus responsáveis, sabiam que a grama não era problema para mim. Na sequência encarei os 2.000 metros da raia de areia do GP Paraná (G3) e obtive a 5ª posição. Não desmerecendo o campeão No Ar, mas se o percurso fosse um pouco maior, o trabalho dele seria mais complicado.

CM: Então você considera-se um fundista especialista em 2.400 metros?
Disputa acirrada na reta final
H: Especialista ainda não, mas sou filho de Public Speaker e Emissora Regional, logo meu avô materno é o grande Trempolino, que foi e transmite para seus netos muita estamina. Então as provas de fundo não poderiam ser problema pela minha filiação. Lógico que o tempo é quem comprovará isso, mas posso te garantir, competir em 2.400 metros me deixa muito mais a vontade.

CM: Obrigada por registrar a sua filiação e aproveito para destacar que você foi criado no Haras Palmerini, mas vamos falar sobre seus proprietários, o Stud A.M.L.? Com esta farda você vem conquistando importantes desafios?
H: Realmente a farda do Stud A.M.L. caiu como uma luva em mim. Basta lembrar que fui para a cocheira deles quase que virando 4 anos e das minhas quatro vitórias, três foram para eles. Os proprietários Artagão e Tiago Mattos Leão (pai e filho) são apaixonados por cavalos e nos respeitam muito, por isso na raia procuramos dar o nosso máximo.

CM: E como é seu relacionamento com Delmar Lima Albres, seu treinador?
H: Quem conhece o Delmar sabe que ele vive e respira turfe, por isso trata todos seus cavalos como filhos. Ele é atento com cada detalhe, não só dos treinos, mas das nossas campanhas, das nossas viagens. O trabalho dele é tão meticuloso que no mesmo sábado que nós vencemos, minutos antes ele também ganhou o Derby Paulista com Galope Americano. Ou seja, é um treinador que merece todas as conquistas que está obtendo.
Hotaru deixa Energia Imagine para trás nos 2.400 metros paulista

CM: Você também mostrou-se bem adaptado com o jóquei André Luis Silva?
H: É outro apaixonado pela sua profissão. Então facilita a nossa vida. Era a terceira vez que ele me conduzia e nossa segunda vitória, ambas graduadas (Grupo 3 e Grupo 2). Ele sabe que gosto de correr no pelotão da frente, mas consegue me acalmar o suficiente para não acabar com minhas reservas. No momento certo ele sabe me colocar em carreira e fico a vontade para mostrar o que sei fazer: correr!

Delmar e André comemoram ao voltar com Hotaru
CM: Das suas quatro vitórias, apenas uma foi no Tarumã, as demais foram todas em São Paulo. Qual o segredo da raia paranaense que faz com que os cavalos treinados lá cheguem em Cidade Jardim e vençam?
H: Acredito que além da raia ser muito boa, o clima é fundamental. Nós vivemos em uma temperatura bem amena e por ventar muito em Curitiba, dificilmente tem moscas nos estressando. Tiro por mim mesmo, que basta eu chegar em São Paulo e pegar um dia um pouco mais quente que as moscas já aparecem para estressar, porém como estou de passagem, logo esqueço pois sei que voltarei para casa. Na minha opinião, o clima, a raia e a distância das moscas são os meus ingredientes fundamentais.

CM: Agora que você já provou que encara bem os 2.400 metros, já pensa no seu próximo desafio?
H: No que depender de mim eu quero competir na Argentina, no GP Carlos Pellegrini (G1-2400mG). Não sei se meus responsáveis ainda conseguem alguma vaga para mim num palet de avião, mas estava muito disposto a ir para Buenos Aires e ensinar aos cavalos argentinos como se corre de verdade na milha e meia.

Hotaru quer mostrar sua qualidade na Argentina
CM: Obrigada pelo bate papo e estou torcendo para que viaje e represente bem o Brasil no país vizinho.
H: Obrigado Karol pela oportunidade e quero aproveitar para deixar um recado: tanto você quanto os demais turfistas podem ter certeza que se eu alinhar no dia 16 de dezembro na Argentina, será para trazer a taça para o Brasil. Podem me cobrar depois!

   Encerrou o bate papo o cavalo Hotaru, disposto a competir a qualquer preço na prova mais cobiçada do turfe sulamericano.

Texto e fotos: Karol Loureiro


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