quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Páreo para golfinhos

‘Quanta água!’, “Que absurdo!”, “Você viu alguma coisa?”. Era dessa forma que os cavalos falavam após sair da raia de Cidade Jardim, no último sábado, quando da realização do GP Linneo de Paula Machado (G3-2000mG). Quem acompanhou as corridas, se assustou com o temporal que castigou São Paulo. Deixo para os competidores que correram o referido páreo se pronunciarem.

“Estava anotado com intenção de vencer. Sendo que não conseguia enxergar nada. Nuestro Hermano também estava na prova para me ajudar a obter uma vaga no Latinoamericano, visto que o nosso companheiro Top Hat já tem a sua assegurada. Mas todo o nosso trabalho e tudo o que treinamos foram, literalmente, por água abaixo”, reclamava Quick Road, defensor do Stud JCM e favorito do páreo.

Biólogo e Nítido, parelha do Stud Raça, contaram com a confiança de boa parte dos apostadores, sendo que pouco fizeram durante o alagado percurso.

“Estava muito bem. Era a primeira vez que Acedenir Gulart me conduziria num páreo clássico. Eu e Nítido confiávamos em garantir uma das vagas do Latinoamericano 2009 para o Raça. Impensável a atitude do starter, que permitiu a largada debaixo de toda aquela chuva”, analisou Biólogo, que em 2008 ocupou o 2º lugar no mesmo Grupo 3 e dessa vez chegou em 7º, quase 30 corpos atrás do vencedor.

Naperon deixou a voz da experiência falar mais alto, pois o cavalo do Pontadascanas Agro Pecuária Ltda. era o mais velho do campo e conseguiu ocupar a 5ª posição.

“Em meus 6 anos de vida, quase 7, atuei em 23 corridas antes da de hoje (sábado). Sendo que eu nunca vivi uma situação dessas. Era melhor correrem de barco, jet ski, ou qualquer outro veículo marítimo, desde que no mesmo fossem aplicadas luzes sobressalientes, mas não em cavalos de corrida. Por sorte, Ivaldo Santana foi coerente e só permitiu que eu realmente corresse nos metros finais, por isso ainda obtive o 5º lugar. Se tivesse corrido antes, seria um tiro no escuro, e coloca escuro molhado nisso”, bronqueou o filho de Know Heights e Acts of Prayers (Risen Star), criado pelo Haras Ponta Porã. Ele foi o único, entre os cinco colocados que formaram o placar, a pagar pule abaixo de R$ 10,20.

O vencedor do páreo, que pagou a estratosférica pule de R$ 17,90 pelo sistema JCSP de apostas (no sistema JCB a pule foi de R$ 17,10), comemorou a primeira conquista graduada da campanha.

“Entendo o porquê dos outros reclamarem. Realmente a corrida foi realizada em situações adversas. Mas tem de ser macho para encarar essas coisas. Tenho de parabenizar o jóquei Bruno Reis, que teve coragem e confiou no meu instinto para que levássemos a prova. Como larguei pela baliza 2, acredito que sai na frente, pois não tinha como ver os meus adversários. Lembro bem do final da grande curva, quando eu estava correndo junto à cerca interna e o jóquei me fez fazer uma diagonal na entrada da reta final. Era muita água na minha cara, então só fiz correr o máximo que eu pude, no terreno mais firme, junto à cerca externa. Ganhei por 16 ¾ corpos, porque o Bruno continuou exigindo firme do meu potencial na reta de chegada. Só fiquei chateado por não terem marcado o tempo da minha vitória, enfim consegui me tornar o primeiro filho clássico da égua Cryptocrystalline”, encerrou o defensor da Coudelaria F.B.L., criado pelo Haras Ponta Porã.

Para encerrar a nossa entrevista, quem pediu para ser ouvido foi o potro Inverno, do Stud Ceprano. “Parece brincadeira, mas em plena tarde de verão, o dia chega ao fim como se fosse inverno. Nem eu, que tenho o nome perfeito para isso, consegui fazer alguma coisa, pois fechei a raia. Vamos parar de brincar com os cavalos de corrida. Merecemos respeito e melhores condições de trabalho. Se os responsáveis pela Defesa dos Animais pudessem me escutar, denunciaria o Jockey Club de São Paulo por ter permitido essa corrida”, saiu brabo o potro de 3 anos.

Enfim leitores, a única coisa que tenho a declarar sobre o episódio é que a chuva que tomei ao menos não se transformou em gripe e que também consegui limpar meu material fotográfico a tempo de não estraga-lo, caso contrário o prejuízo seria alto.

Obrigada a todos pelos 7 mil acessos obtidos, espero poder compensa-los melhores estórias e temas futuramente, pois só desejo que o turfe brasileiro melhore.

Na próxima semana estarei tirando 10 dias de merecido descanso, portanto não devo atualizar o CERCA MÓVEL. A não ser que eu encontre algum cavalo pulando nos trios elétricos baianos, ai não terá jeito. Grande abraço e até a próxima!

2 comentários:

Unknown disse...

Karol,
Parabéns pelo blog e pelos 7000 acessos.
Sobre a coragem do joquei Bruno Reis no Grande Prémio chuvoso no sabado aqui em SP eu concordo com você, mas também temos que pensar a coragem dos outros joqueis que disputaram o paréo.
Beijos Marilia

Marco Aurélio Ribeiro disse...

Pois é Karol,

Pés-de-pato de plantão para as próximas reuniões em Sampa. Cuidado e não vá forte no acarajé e no dendê, pois senão brincarás não no trio elétrico, mas no banheiro elétrico (hehehe).

Bom carnaval!

Fui