sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Hora de voltar ao batente

O bom filho à casa torna! Esse ditado pode ser aplicado perfeitamente ao cavalo Estrela do Oriente, que há dois meses está de volta ao Brasil, após morar quase 10 meses na França. O defensor do Stud Estrela Energia topou conversar com o CERCA MÓVEL para comentar sobre sua experiência no exterior e os planos no seu país de origem.

“Estou extremamente feliz em voltar ao Brasil. Não nego que estava meio preguiçoso para trabalhar, mas o clima mais quente aqui do Rio de Janeiro me deixou mais animado. Certo que fico na serra fluminense, que é mais fria que a capital, mas com certeza, qualquer lugar no Rio é mais quente que na Europa”, dá aula de temperatura Estrela do Oriente.

Para quem não lembra do entrevistado da semana, Estrela do Oriente foi o primeiro filho do garanhão Redattore a estrear em pista brasileira. Isso em janeiro de 2008, no Hipódromo da Gávea, e obteve a 2ª posição. Depois, o primeiro produto da égua Academia Real (Banker’s Gold), criado pelo Haras São José da Serra, tratou de fazer uma excelente campanha no Rio de Janeiro.

Correu um páreo de turma e venceu, tendo seu nome anotado no Clássico José Calmon (L.-1300mG) e confirmando ao obter outra vitória. Perdeu uma prova de Grupo 3, mas nas duas corridas seguintes, provou ter nascido para o ofício das carreiras, pois garantiu dois êxitos consecutivos, em provas de Grupo 2 e em Grupo 1, quando se despediu da raia carioca e seguiu para a Europa. Quis que ele me falasse um pouco da sua vida em 2008.

“Tive um excelente início de campanha. Em 2008, eu ainda era potro. Tinha apenas 2 anos, mas muita disposição na hora de correr. Quando viajei para a Europa em julho, acabara de completar 3 anos de idade. Ainda era potro, eu sei, mas o ritmo de trabalho me incomodava e, o pior, o local onde treinava não era igual ao Centro de Treinamento do Estrela Energia aqui no Brasil.

Sabia que estava no velho mundo, mas o meu conforto de primeiro mundo estava mesmo no Rio de Janeiro. Então isso começou a incomodar”, assume.

Busquei saber o motivo dele não ter, ao menos, estreado na França.

“De boa, eu meio que não me acostumei mesmo com o clima europeu. Tudo era muito frio, sabe. Não tava gostando nem um pouco. Tinha muita saudade da piscina com hidromassagem do CT Estrela Energia. Também comecei com alguns vícios que atrapalharam”, conta.

Lógico que solicitei a Estrela do Oriente que nos confidenciasse os tais vícios.

“A princípio não queria tocar nesse assunto, mas por outro lado é importante contar tudo, para justamente ajudar aos cavalos mais novos a não cometerem os mesmos erros que eu. Cheguei na França me sentindo o ‘cavalo’. Querendo ou não, tinha 3 anos de idade e 4 vitórias, 2 colocações em 6 saídas, ou seja, nunca havia saido do marcador.

Então conheci uma turma de cavalos franceses que aparentava ser bem legal. Eles tinham vinhos maravilhosos na cocheira. Vinho francês de excelente qualidade. Passei a degustar com eles, pois no começo servia para diminuir o frio. Sendo que no dia seguinte me dava uma preguiça daquelas de trabalhar.

Acabei ficando preguiçoso, não conseguia trabalhar direito e sempre buscava vinho à noite. Estava quase um cavalo alcoolico. Engordei muito, só queria vida boa, nada de trabalho. Mas se tivesse alguma festinha de cocheira, eu era o primeiro a chegar. Então acabei pegando um resfriado forte e senti minha imunidade começou a ficar baixa.

Foi quando meus proprietários decidiram que era hora de eu ser curado. Esta minha volta para o Brasil é na verdade uma nova chance à minha campanha e pretendo fazer tudo diferente”, alerta o cavalo, que agora tem 4 anos.

Quis saber da viagem de volta ao Brasil.

“Foi tranquila. Estava muito ansioso em chegar logo. Vim no mesmo vôo com os dois garanhões que atuarão no Paraná. Eles me perguntaram se eu não queria ir com eles e virar logo um reprodutor, só viver de ‘namoro’ com as éguas. Mas eu respondi que minha vontade maior era me recuperar e voltar logo às vitórias”, falou animado.

Há cerca de dois meses no Rio de Janeiro, pedi para Estrela do Oriente contar o que sentiu ao voltar para casa.

“Uma felicidade enorme. Revigora estar de volta à casa onde tivemos sempre boas lembranças e cuidados. Fiquei feliz em saber que Givanildo Duarte, que já conhecia como 2º gerente, seria o meu treinador. Ele é um cara legal, paciente e que ama muito o que faz. Sinceridade, às vezes sinto que ele entende o que falo, assim como você!

Sendo que não posso ser hipócrita em não afirmar que o que eu mais gostei de rever foi a piscina com hidromassagem. Como eu gosto daquilo”, suspira.

Sobre o futuro, Estrela do Oriente sabe bem o que quer.

“Estou galopando firme e voltando ao meu melhor peso. Quero retornar à raia em excelente forma, pois irei encarar de primeira o GP João José e José Carlos de Figueiredo (G3), dia 5 de setembro, no Hipódromo da Gávea. Portanto, não posso fazer feio na minha reestreia. Sendo que tenho de afirmar outra coisa, eu pretendo voltar ao exterior, mas para correr.

Andei conversando com outros cavalos do Estrela Energia, que souberam mostrar meu valor. Ou seja, ainda sou novo e tenho muito o que mostrar. Quero voltar à França e vencer as provas importantes, me dedicar ao trabalho lá, tanto (ou mais) do que me dedico aqui no Brasil. Esse será, daqui para a frente, o meu objetivo”, encerra o cavalo.

Com a vontade que anda galopando, não duvido de Estrela Oriente retornar à pista, mesmo sendo em Grupo 3, e figurar como favorito absoluto. É esperar para ver no dia 5 de setembro.


La Vendetta se defende


Com a suspeita de voltar a estar medicada e perder sua conquista no GP Roberto e Nelson Grimaldi Seabra - Taça Osaf (G1-2000mG), a égua La Vendetta, que foi uma das personagens da edição anterior do CERCA MÓVEL, aproveita para fazer sua defesa.


"Se eu estava dopada de alguma coisa, só poderia ser de amor", declarou.


Vamos aguardar o fim das provas e contraprovas para descobrir onde mora a verdade.

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