quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Quando a idade não é problema

    Na programação do último sábado, dia 12, no Hipódromo da Gávea, muita gente ficou impressionada com o desempenho do cavalo NIKOLIC, vencedor do 5º páreo, e o motivo era simples: o filho de Know Heights e Jolie Rafaela (Trempolino) já ter 10 anos de idade.

     Apesar de ter sido realizado no final de semana quatro provas de Listed Race, eu fui atrás de entrevistar o 'velhinho' para saber o segredo de sua longevidade nas pistas brasileiras. Fui recebida por ele em sua cocheira, na Vila Hípica, nº 21, para a entrevista que segue abaixo.

CERCA MOVEL: Como vai Nikolic, parabéns pela vitória. Queria saber qual o segredo para se manter em forma?
NIKOLIC: Obrigado pelos parabéns e o segredo é simples: gostar do que faz e respeitar a sua própria idade, no meu caso, como nasci em 2007, tenho 10 anos.

CM: O que você faz para respeitar sua idade?
Por dentro, NIKOLIC vence mais uma aos 10 anos
N: Treino de forma correta. Não saio me desgastando à toa. O meu treinador José Antonio Lopes entendeu que não posso trabalhar igual os cavalos mais jovens. Então aprendi a me poupar e só utilizar minha força locomotora no momento certo.

CM: Você não chegou a competir com 2 anos, iniciando campanha já aos 3. Isso fez diferença?
N: Acredito que sim, pois pude desenvolver melhor minha musculatura antes de entrar nas competições com tudo.

CM: Sua história é longa no turfe, iniciando em 2010. São sete anos no batente e 45 páreos corridos, o que já poderia render-lhe uma justa aposentadoria. Topa fazer um pequeno resumo dessa sua vida como atleta?
N: Comecei a competir com 3 anos na Gávea, mas depois de quatro corridas sem cruzar na frente, fui para Cidade Jardim com 4 anos e ganhei três corridas a fio nas duas raias. Comecei minha experiência no cenário clássico, sem sucesso. Até voltei à Gávea com 5 anos, no festival do Grande Prêmio Brasil 2012, para correr a Taça Cidade Maravilhosa (L.), mas cheguei fora do placar. Então voltei para São Paulo, fiz mais duas corridas em Prova Especial, conseguindo colocações, e parei mais um tempo. Faltando 14 dias para completar 6 anos, retornei numa prova de turma na milha de grama, com cerca móvel, e venci minha quarta corrida por 2 1/2 corpos na marca de 1'35"464 . A vitória animou meu time e em agosto, lá estava eu de novo na Gávea alinhado no GP Presidente da República (G1-1600mG), mas nada fiz. No final do mesmo mês, em São Paulo, venci a minha quinta corrida. O ano de 2014 foi praticamente todo na esfera clássica, cheguei a ocupar o 3º lugar na milha internacional paulista, o meu melhor desempenho em Grupo 1. Encerrei minha campanha em São Paulo aos 7 anos, com um êxito em claiming. Em 2015, fui para o Hipódromo do Cristal, no Rio Grande do Sul, conseguindo uma vitória aos 8 anos, depois algumas colocações clássicas e aos 9 anos voltei para Gávea, agora para a cocheira de J. A. Lopes.

CM: Nossa, realmente é uma longa carreira. Você sofre por não ter obtido ponto clássico na campanha?
N: Sem dúvida é algo que eu precisava ter conquistado. Acho que faltou um psicólogo para tentar diminuir a minha ansiedade. Por ser o primeiro filho de uma égua vencedora de Grupo 3 (Jolie Rafaela), muito era esperado na minha campanha, e acredito que eu me cobrei demais, por isso os resultados no mundo clássico não vieram.

CM: Você pode não ter ponto clássico, mas seguir competindo e vencendo aos 10 anos é uma grande vitória não acha?
N: Pela forma que você colocou, analisando com calma, só posso concordar que seja uma grande vitória.

CM: Como está sendo a vida na Vila Hípica 21?
N: Maravilhosa! Pertinho da Lagoa e do Jardim Botânico. Muito carinho por parte do treinador J. A. Lopes e de seu filho e segundo gerente Rodrigo Serafim Lopes. Como comentei antes, estão respeitando a minha idade e por isso os resultados estão aparecendo. Em nove corridas este ano, foram quatro colocações e duas vitórias.

CM: Já pensa em aposentadoria?
N: De forma alguma. Os meus dois últimos êxitos já foram com meus 10 anos. Sinto-me como um potro e nem penso em aposentadoria. Acredito que poderei ultrapassar a barreira das 10 vitórias sem problema algum.

CM: Para encerrar, fique a vontade para deixar o seu recado.
N: Quero mesmo é agradecer a confiança do meu proprietário Ricardo Correa e de toda a equipe de José Antonio Lopes, por seguirem confiando em meu potencial. Também quero estender meus agradecimentos ao aprendiz B. Sousa pela última conquista. Nasci para correr e talvez o fato de eu ter demorado a estrear é justamente para eu demorar a parar. Então turfistas de todo o Brasil, aguardem que prometo seguir competindo de igual para igual com cavalos de qualquer idade.

Texto: Karol Loureiro / Foto: Gerson Martins

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